Chegar ao fim, sem passar pelos meios, não seria possível. E naquele dia, eu sabia que nada seria diferente do que já havia passado. Minto: algo de diferente aconteceria naquele dia, mesmo que o dia posterior pudesse ser a mesmíssima coisa do anterior, ainda que em anos diferentes, segundo a contagem dos dias, segundo a idéia de alguns homens já extintos, em alguma remota época, em outros reveillons. Enfim.
Juntar-me a amigos tombados no cumprimento do dever de sermos todos diferentes do resto do rebanho de dóceis frangos, sempre é legal, ainda mais conhecendo-se o local de encontro, em Santa Luzia, um tanto longe de nossa Belo Horizonte, mas não tão distante a ponto de termos de angariar fundos perante nossos empregos para chegarmos a tal local. E, surpresa, consegui uma carona menos incômoda para mim e minha irmã para chegarms a tal paragem. Valeu Max, pela ajuda. Encontremo-nos diante a uma padaria, aspiremos o pão aéreo que ali circunda, apesar do volume absurdo de chuvas que ainda tomba por sobre nós e vamos nessa.
Pegar a estrada assim, sempre põe-me a pensar em sair fora, abandonar tudo e pegar a estrada, mas bem sei que não sou nenhum beatnik, nenhum hippie, e bem sei que da civilização preciso, de minhas posses que me possuem também. Adiante, vamos ter com a lama das estradas de terra que circundam a chácara de Eduardo Bernardes, nosso sempre infalível anfitrião, com seu riso fácil e gestos absurdos. Bom sinal, ali iríamos ter todos nossos amigos de sempre, nossos companheiros que entra anno sai ano, estão sempre por ali, sempre sorrindo, sempre fazendo e falando merdas. Bons amigos, enfim.
Agreguemo-nos com as pessoas, cumprimentemos os demais a quem não temos ainda tanta intimidade, e sabore....er....saboreiemos? Ah, foda-se. Vamos comer e beber; existem muitos quitutes que a senhora de nosso anfitrião, a saber, Lola, fez para a ocasião: lombo com molhinhos cheios de sabor, e tantas outras coisas. E mesmo eu, que não costumo beber, tive que provar dos drinks preparados pela mesma, coisas que normalmente nunca bebo, eu bebi de montão. Nem tanto, nem tanto: felizmente, não passei mal, nem mesmo fiz nenhum vexame. Fiquei de boa sem ficar retardado. Rum, rum, rum e uma garrafa de rum. Faltou mais uma, na verdade. Enfim: ano que vem a gente leva duas.
Esperemos pois, a tal hora da virada, em um ambiente salutar e chuvoso, chuvoso. A previsão de tempo para tais dias seria de chuva a perder de vista, e eu já contava com isto, ignorando ao máximo a precipitação incessante. Lembrei-me de outro amigo ali ausente - mas que não se encaixaria no contexto por pertencer a outra tribo de amigos - quando um dos presentes trouxe à mesa um famigerado jogo de tabuleiro meio idiota, o qual recusei-me amigavelmente a participar. Esperemos. O quê, já são 11:55. Hu-há, aprontemos pois para a virada, para mais um dia, mais um ano, mais um momento.
"Seu grunge maldito", foi a primeira frase que escutei em 2010, vinda da parte de Max, e repliquei amigavemente xingando qualquer coisa de volta. Já é 2010! Também veio dele o primeiro abraço do ano, seguido dos demais. Massa demais galera, "vochêsh shão todosh meush amigosh, carash..."
Nesta hora, tive um certo lampejo, meio que besta, eis sua banalidade e obviedade: que coisa boa é não estar sozinho nestas horas. Que coisa boa é não estar sozinho nessa vida. E mesmo que ainda faltasse ali alguma coisa, como a presença de alguém em quem estive pensando durante meses no final de 2009, e mesmo a presença de outros companheiros que não foram, foi muito boa a virada. Fodam-se as chuvas, fodam-se as divergências: ainda que a virada não signifique mesmo alguma forma concreta de mudança, foi uma boa noite, um bom evento.
Acabei nem dormindo durante o réstimo de noite que ainda havia quando fomos aos nossos cantos de repouso, pois a anta aqui tava tão pilhado e tem o sono tão leve. Ter galos cantando e cachorros uivando ao redor não me ajudaram em nada. Dane-se também: eram apenas algumas horas.
E, surpresa das surpresas, a chuva incessante que tanto almadiçoei no final de 2009, foi-se embora a partir da virada. Como disse Max, "dá até aquela idéia que houve uma 'lavada' na virada, néam." Mesmo assim, ficamos ali boa parte da primeira sexta feira do ano, fazendo tudo que fizemos no dia anterior, no ano anterior. Merdas e risadas, muitas risadas. Bom, muito bom.
Que o ano seja assim: com muitas coisas boas acontecendo. Com pessoas legais ao nosso redor.
Que seja realmente o ano da colheita, conforme dito na ocasião. Colheita esta, de bons resultados e boas coisas. Que seja doido, enfim.
Para todos nós, não-frangos de minha vida. De nossas vidas.
Juntar-me a amigos tombados no cumprimento do dever de sermos todos diferentes do resto do rebanho de dóceis frangos, sempre é legal, ainda mais conhecendo-se o local de encontro, em Santa Luzia, um tanto longe de nossa Belo Horizonte, mas não tão distante a ponto de termos de angariar fundos perante nossos empregos para chegarmos a tal local. E, surpresa, consegui uma carona menos incômoda para mim e minha irmã para chegarms a tal paragem. Valeu Max, pela ajuda. Encontremo-nos diante a uma padaria, aspiremos o pão aéreo que ali circunda, apesar do volume absurdo de chuvas que ainda tomba por sobre nós e vamos nessa.
Pegar a estrada assim, sempre põe-me a pensar em sair fora, abandonar tudo e pegar a estrada, mas bem sei que não sou nenhum beatnik, nenhum hippie, e bem sei que da civilização preciso, de minhas posses que me possuem também. Adiante, vamos ter com a lama das estradas de terra que circundam a chácara de Eduardo Bernardes, nosso sempre infalível anfitrião, com seu riso fácil e gestos absurdos. Bom sinal, ali iríamos ter todos nossos amigos de sempre, nossos companheiros que entra anno sai ano, estão sempre por ali, sempre sorrindo, sempre fazendo e falando merdas. Bons amigos, enfim.
Agreguemo-nos com as pessoas, cumprimentemos os demais a quem não temos ainda tanta intimidade, e sabore....er....saboreiemos? Ah, foda-se. Vamos comer e beber; existem muitos quitutes que a senhora de nosso anfitrião, a saber, Lola, fez para a ocasião: lombo com molhinhos cheios de sabor, e tantas outras coisas. E mesmo eu, que não costumo beber, tive que provar dos drinks preparados pela mesma, coisas que normalmente nunca bebo, eu bebi de montão. Nem tanto, nem tanto: felizmente, não passei mal, nem mesmo fiz nenhum vexame. Fiquei de boa sem ficar retardado. Rum, rum, rum e uma garrafa de rum. Faltou mais uma, na verdade. Enfim: ano que vem a gente leva duas.
Esperemos pois, a tal hora da virada, em um ambiente salutar e chuvoso, chuvoso. A previsão de tempo para tais dias seria de chuva a perder de vista, e eu já contava com isto, ignorando ao máximo a precipitação incessante. Lembrei-me de outro amigo ali ausente - mas que não se encaixaria no contexto por pertencer a outra tribo de amigos - quando um dos presentes trouxe à mesa um famigerado jogo de tabuleiro meio idiota, o qual recusei-me amigavelmente a participar. Esperemos. O quê, já são 11:55. Hu-há, aprontemos pois para a virada, para mais um dia, mais um ano, mais um momento.
"Seu grunge maldito", foi a primeira frase que escutei em 2010, vinda da parte de Max, e repliquei amigavemente xingando qualquer coisa de volta. Já é 2010! Também veio dele o primeiro abraço do ano, seguido dos demais. Massa demais galera, "vochêsh shão todosh meush amigosh, carash..."
Nesta hora, tive um certo lampejo, meio que besta, eis sua banalidade e obviedade: que coisa boa é não estar sozinho nestas horas. Que coisa boa é não estar sozinho nessa vida. E mesmo que ainda faltasse ali alguma coisa, como a presença de alguém em quem estive pensando durante meses no final de 2009, e mesmo a presença de outros companheiros que não foram, foi muito boa a virada. Fodam-se as chuvas, fodam-se as divergências: ainda que a virada não signifique mesmo alguma forma concreta de mudança, foi uma boa noite, um bom evento.
Acabei nem dormindo durante o réstimo de noite que ainda havia quando fomos aos nossos cantos de repouso, pois a anta aqui tava tão pilhado e tem o sono tão leve. Ter galos cantando e cachorros uivando ao redor não me ajudaram em nada. Dane-se também: eram apenas algumas horas.
E, surpresa das surpresas, a chuva incessante que tanto almadiçoei no final de 2009, foi-se embora a partir da virada. Como disse Max, "dá até aquela idéia que houve uma 'lavada' na virada, néam." Mesmo assim, ficamos ali boa parte da primeira sexta feira do ano, fazendo tudo que fizemos no dia anterior, no ano anterior. Merdas e risadas, muitas risadas. Bom, muito bom.
Que o ano seja assim: com muitas coisas boas acontecendo. Com pessoas legais ao nosso redor.
Que seja realmente o ano da colheita, conforme dito na ocasião. Colheita esta, de bons resultados e boas coisas. Que seja doido, enfim.
Para todos nós, não-frangos de minha vida. De nossas vidas.