Hoje, o dia começou cedo, lá pelas três da manhã, quando fui acordado por leves pingos de chuva em meu telhado. Aproveitando o despertador para ir visitar o banheiro, fui surpreendido pela intensidade que tal chuvinha tomou após uns dois minutos. Eu fiquei sinceramente apreensivo, pois morar em um sótão tem dessas coisas, ainda mais se não existe um forro propriamente dito, uma camada "protetora" entre o telhado e minha cabeça. Não existe isso ali, as telhas ficam todas expostas, e quando chove, o barulhão é impressionante.
Mais ainda com uma chuva destas: eu fiquei com medo que o vento arrancasse as telhas, fizesse um senhor estrago ali. Felizmente não aconteceu. A borrasca - creio que posso bem dizer que foi intensa o suficiente para levar tal alcunha - foi de curta duração. Mas parecia que o mundo iria acabar, e nestes dias que a mídia está fazendo a festa em cima do desastre ocorrido em Angra, a coisa ficou martelando na minha cabeça. Fiquei mesmo pensando no que aconteceria se a serra do Curral, que fica ali do lado de casa viesse abaixo devido à chuva.
Bem sei que isto não aconteceria facilmente, uma vez que aquilo é uma parede de pedra quase pura, mais minério de ferro que tudo, mas mesmo assim, este sensacionalismo da mídia tem este poder de vez em quando em nossas mentes. Na minha, ao menos. Respirei aliviado e voltei a dormir assim que a coisa se foi.
É uma coisa surpreendente, o poder devastador que a natureza tem perante nós, criaturas patéticas que somos enquanto espécie dominante deste glóbulo flutuante do vácuo eterno. Não somos nada diante de tais forças. E me surpreendo como às vezes nos comportamos com arrogância perante estas forças. Construímos casas onde não devemos, desafiamos as alturas com prédios de, sei lá, um quilômetro de altura, vivemos em regiões inóspitas, etc. É preciso mostrar a este planeta idiota quem manda, não é?
As construções de beiradas de morros que me refiro não são as das populações ribeirinhas que fazem suas favelas onde cai na telha. Bem sei que neste caso a necessidade fala mais alto que o ato de desafiar voluntariamente a sorte e a natureza. Falo de casas como a que estão construindo perto de onde moro. É uma verdadeira aberração, em minha opinião, tanto do ponto de vista estético(trata-se de um cogumelo de casa, só sendo melhor explicado quando se vê a parada) quanto do ponto de vista de risco. O lote que os caras estão construindo é no pé dum morro que não para de ruir na época de chuva, entra ano sai ano. Existe mesmo uma praça soterrada no local, devido a tal erosão. Não minto: quem quiser comprovar, entre na famosa Rua do Amendoim e siga uns duzentos metros. Veja a casa ao lado da Mesquita Islâmica de BH. Veja o lote ao lado e tente achar a praça. Está ali, debaixo de muita, mas muita terra.
E a casa está ali. Desafiando a sorte. O morro que fica atrás dela foi atapetado com grama, mas hoje mesmo já vi que a coisa não anda bem, pois as placas de grama não aderiram direito ao morro; desceram com força.
Cara, eu que não arriscaria morar ali. A pessoa que está construindo tal casa DEVE saber do histórico instável da região e lá está, teimando, desafiando a sorte e gastando horrores, pois tal casa, apesar de FEIA pra caralho, não deve estar custando barato.
E nessas horas, o que conta de verdade são as perdas materiais, mas sim o que a mídia tanto gosta de explorar. As pessoas que sobrevivem à tal teimosia, e choram diante das câmeras a perda de uma ou mais pessoas da família que ousaram desafiar a sorte de tal forma. Uma casa feia a menos, não é necessariamente uma perda. Se um cara teve ocacife monetário para fazer tal elefante branco, deve ser abastado monetariamente.
Mas ninguém substitui quem porventura tenha sido vítima de tal desafio, de tal teimosia.
Enfim, é o homem. Este ser que domina o planeta. Esta coisa estranha que a evolução produziu ao longo de milhões de anos.
Mais ainda com uma chuva destas: eu fiquei com medo que o vento arrancasse as telhas, fizesse um senhor estrago ali. Felizmente não aconteceu. A borrasca - creio que posso bem dizer que foi intensa o suficiente para levar tal alcunha - foi de curta duração. Mas parecia que o mundo iria acabar, e nestes dias que a mídia está fazendo a festa em cima do desastre ocorrido em Angra, a coisa ficou martelando na minha cabeça. Fiquei mesmo pensando no que aconteceria se a serra do Curral, que fica ali do lado de casa viesse abaixo devido à chuva.
Bem sei que isto não aconteceria facilmente, uma vez que aquilo é uma parede de pedra quase pura, mais minério de ferro que tudo, mas mesmo assim, este sensacionalismo da mídia tem este poder de vez em quando em nossas mentes. Na minha, ao menos. Respirei aliviado e voltei a dormir assim que a coisa se foi.
É uma coisa surpreendente, o poder devastador que a natureza tem perante nós, criaturas patéticas que somos enquanto espécie dominante deste glóbulo flutuante do vácuo eterno. Não somos nada diante de tais forças. E me surpreendo como às vezes nos comportamos com arrogância perante estas forças. Construímos casas onde não devemos, desafiamos as alturas com prédios de, sei lá, um quilômetro de altura, vivemos em regiões inóspitas, etc. É preciso mostrar a este planeta idiota quem manda, não é?
As construções de beiradas de morros que me refiro não são as das populações ribeirinhas que fazem suas favelas onde cai na telha. Bem sei que neste caso a necessidade fala mais alto que o ato de desafiar voluntariamente a sorte e a natureza. Falo de casas como a que estão construindo perto de onde moro. É uma verdadeira aberração, em minha opinião, tanto do ponto de vista estético(trata-se de um cogumelo de casa, só sendo melhor explicado quando se vê a parada) quanto do ponto de vista de risco. O lote que os caras estão construindo é no pé dum morro que não para de ruir na época de chuva, entra ano sai ano. Existe mesmo uma praça soterrada no local, devido a tal erosão. Não minto: quem quiser comprovar, entre na famosa Rua do Amendoim e siga uns duzentos metros. Veja a casa ao lado da Mesquita Islâmica de BH. Veja o lote ao lado e tente achar a praça. Está ali, debaixo de muita, mas muita terra.
E a casa está ali. Desafiando a sorte. O morro que fica atrás dela foi atapetado com grama, mas hoje mesmo já vi que a coisa não anda bem, pois as placas de grama não aderiram direito ao morro; desceram com força.
Cara, eu que não arriscaria morar ali. A pessoa que está construindo tal casa DEVE saber do histórico instável da região e lá está, teimando, desafiando a sorte e gastando horrores, pois tal casa, apesar de FEIA pra caralho, não deve estar custando barato.
E nessas horas, o que conta de verdade são as perdas materiais, mas sim o que a mídia tanto gosta de explorar. As pessoas que sobrevivem à tal teimosia, e choram diante das câmeras a perda de uma ou mais pessoas da família que ousaram desafiar a sorte de tal forma. Uma casa feia a menos, não é necessariamente uma perda. Se um cara teve ocacife monetário para fazer tal elefante branco, deve ser abastado monetariamente.
Mas ninguém substitui quem porventura tenha sido vítima de tal desafio, de tal teimosia.
Enfim, é o homem. Este ser que domina o planeta. Esta coisa estranha que a evolução produziu ao longo de milhões de anos.