Bzzzzzzz.
Enquanto sua cabeça ainda zumbia, o mundo se refez ao seu redor, ainda que de maneira muito desagradável, como iria constatar em breve. Sentiu dor, muita dor, ao tentar mexer sua cabeça. Sentiu em seguida um empurrão, seguido do ruído metálico.
Clic.
Abriu os olhos. Diante de seu nariz, apenas uma sombra circular. Após alguns momentos de profunda estupefação, sua vista focou direito o cano dotado de uma alça de mira à sua frente.
"Nem tente fazer alguma gracinha," uma voz disse. Sua visão estava um tanto embaralhada ainda, seus ouvidos ainda estavam inundados do insistente zumbido, seu estômago roncou. Que fome, pensou ele. Logo após esta sequência de pensamentos e constatações, sacudiu um pouco a cabeça, aumentando mais ainda a dor latejante em suas têmporas, em sua testa, em sua nuca.
Fixando as pupilas no cano à sua frente, tentou reorganizar seus pensamentos. Tentou se lembrar do que havia acontecido até então.
Um imenso ponto de interrogação dançou em sua mente. Nada a declarar. Não sei de nada. Não vi nada. Circulando.
Sentiu o metal frio encostando em seu nariz. Não gostou nada daquilo. "O que há? O gato pegou sua língua? Comece a falar!"
Saco. Com todo aquele torpor em sua cabeça, ainda tinha que lidar com um provável agressor, alguém que não tinha idéia de quem seria, mas que estava com a evidente vantagem de estar portando alguma arma de fogo, apontada para o meio de sua fuça. Qualquer coisa significaria, Bang. Adeus cabeça. Olhou para a cara de seu "dono", aquele que o tinha na coleira. Não gostou do que viu. Tinha cara de rato.
Sem ao menos saber como, um flash de luz cegou sua visão por alguns segundos - ou pelo menos assim o pareceu. Quando se deu por si novamente, estava de pé. Sua visão estava um tanto desfocada, o zumbido em sua cabeça parecia ter aumentado. Soltou uma das mãos de sua carga e com ela esfregou sua cabeça. Ai. O que havia acontecido?
O que tinha em suas mãos?
Abriu os olhos e olhou para o rifle calibre 12 que segurava com a mão direita. Enquanto tentava em vão elaborar alguma explicação em sua cabeça, notou que haviam respingos de sangue em suas mãos. Em seu peito. Algo molhado, espesso, escorria de sua testa. Passou a mão direita ali e viu a mancha vermelha em seus dedos.
No chão, um corpo. Alguém com cara de rato.
Ouviu passos, alguém dizendo, "Zalinski! O que aconteceu? Ouvi um tiro!"
Um tiro foi o que ele ouviu, de fato. A última coisa que ele ouviu. Acertou em cheio na cabeça do infeliz, que se transformou em uma explosão duma massa vermelha, sangue, miolos, ossos.
Que belo fim para alguém que não tinha nem idéia de quem fosse.
Não estava entendendo nada, mas pelo visto não estava seguro ali. Uma rápida checagem em sua mais recente vítima revelou que ele também tinha uma predileção por escopetas calibre doze, bem como o falecido Zalinski, que tinha cara de rato. Apanhou toda a munição extra do outro falecido e procurou por mais algo em seu corpo. Um molho de chaves. Poderia ser útil depois.
Agora, tinha que sair dali. Olhou ao redor, aquilo parecia uma fábrica qualquer. Havia um tonel gigante aberto perto dele; com algum esforço, jogou os dois infelizes ali, sem se preocupar com que diabos poderia estar sendo processado naquilo. Sentiu dores na perna. Havia um curativo improvisado numa delas, parecia que havia sofrido algum acidente recente.
Não se lembrava de nada. Mas sentia que não tinha tempo a perder com este tipo de pensamento. Não agora. Sentia perigo no ar.
Olhou mais uma vez ao seu redor, mas não viu ninguém. Mas, ao longe, ouviu vozes.
Esgueirando-se cuidadosamente, para não fazer barulho, atingiu o segundo andar daquela fábrica e procurou por algum esconderijo. Entando em um escritório destrancado, viu em um canto uma canaleta de ventilação. Achou que poderia ser um local ideal para uma tocaia, e procurou por algo ao seu redor que pudesse ajudá-lo a retirar a grade dali.
As vozes pareciam estar se aproximando. Ouviu um grito de espanto. Rápido, rápido.
Sem pensar muito, tentou arrancar a grade sem usar ferramenta alguma. Ela saiu fácil, como se fosse de manteiga. Contiunuava sem entender nada, mas procurou não pensar muito a respeito. Se esgueirou ali, encostando a grade de volta ao fazê-lo.
Se arrastou pelo estreito espaço, até ficar suficientemente escondido nas sombras dali. A perna latejava, sua cabeça também.
As vozes estavam se aproximando. Disso tinha certeza.
Lentamente, puxou o carregador da escopeta e esperou. "Onde estão eles? Zalinski! Neumann!"
Cada vez mais perto agora. Passos.
A porta do escritório se abriu. Segurando a respiração, apontou a arma para a entrada da canaleta.
Mas não pôde vencer o negrume que se apoderou de seus olhos. Sua mente desligou.
Enquanto sua cabeça ainda zumbia, o mundo se refez ao seu redor, ainda que de maneira muito desagradável, como iria constatar em breve. Sentiu dor, muita dor, ao tentar mexer sua cabeça. Sentiu em seguida um empurrão, seguido do ruído metálico.
Clic.
Abriu os olhos. Diante de seu nariz, apenas uma sombra circular. Após alguns momentos de profunda estupefação, sua vista focou direito o cano dotado de uma alça de mira à sua frente.
"Nem tente fazer alguma gracinha," uma voz disse. Sua visão estava um tanto embaralhada ainda, seus ouvidos ainda estavam inundados do insistente zumbido, seu estômago roncou. Que fome, pensou ele. Logo após esta sequência de pensamentos e constatações, sacudiu um pouco a cabeça, aumentando mais ainda a dor latejante em suas têmporas, em sua testa, em sua nuca.
Fixando as pupilas no cano à sua frente, tentou reorganizar seus pensamentos. Tentou se lembrar do que havia acontecido até então.
Um imenso ponto de interrogação dançou em sua mente. Nada a declarar. Não sei de nada. Não vi nada. Circulando.
Sentiu o metal frio encostando em seu nariz. Não gostou nada daquilo. "O que há? O gato pegou sua língua? Comece a falar!"
Saco. Com todo aquele torpor em sua cabeça, ainda tinha que lidar com um provável agressor, alguém que não tinha idéia de quem seria, mas que estava com a evidente vantagem de estar portando alguma arma de fogo, apontada para o meio de sua fuça. Qualquer coisa significaria, Bang. Adeus cabeça. Olhou para a cara de seu "dono", aquele que o tinha na coleira. Não gostou do que viu. Tinha cara de rato.
Sem ao menos saber como, um flash de luz cegou sua visão por alguns segundos - ou pelo menos assim o pareceu. Quando se deu por si novamente, estava de pé. Sua visão estava um tanto desfocada, o zumbido em sua cabeça parecia ter aumentado. Soltou uma das mãos de sua carga e com ela esfregou sua cabeça. Ai. O que havia acontecido?
O que tinha em suas mãos?
Abriu os olhos e olhou para o rifle calibre 12 que segurava com a mão direita. Enquanto tentava em vão elaborar alguma explicação em sua cabeça, notou que haviam respingos de sangue em suas mãos. Em seu peito. Algo molhado, espesso, escorria de sua testa. Passou a mão direita ali e viu a mancha vermelha em seus dedos.
No chão, um corpo. Alguém com cara de rato.
Ouviu passos, alguém dizendo, "Zalinski! O que aconteceu? Ouvi um tiro!"
Um tiro foi o que ele ouviu, de fato. A última coisa que ele ouviu. Acertou em cheio na cabeça do infeliz, que se transformou em uma explosão duma massa vermelha, sangue, miolos, ossos.
Que belo fim para alguém que não tinha nem idéia de quem fosse.
Não estava entendendo nada, mas pelo visto não estava seguro ali. Uma rápida checagem em sua mais recente vítima revelou que ele também tinha uma predileção por escopetas calibre doze, bem como o falecido Zalinski, que tinha cara de rato. Apanhou toda a munição extra do outro falecido e procurou por mais algo em seu corpo. Um molho de chaves. Poderia ser útil depois.
Agora, tinha que sair dali. Olhou ao redor, aquilo parecia uma fábrica qualquer. Havia um tonel gigante aberto perto dele; com algum esforço, jogou os dois infelizes ali, sem se preocupar com que diabos poderia estar sendo processado naquilo. Sentiu dores na perna. Havia um curativo improvisado numa delas, parecia que havia sofrido algum acidente recente.
Não se lembrava de nada. Mas sentia que não tinha tempo a perder com este tipo de pensamento. Não agora. Sentia perigo no ar.
Olhou mais uma vez ao seu redor, mas não viu ninguém. Mas, ao longe, ouviu vozes.
Esgueirando-se cuidadosamente, para não fazer barulho, atingiu o segundo andar daquela fábrica e procurou por algum esconderijo. Entando em um escritório destrancado, viu em um canto uma canaleta de ventilação. Achou que poderia ser um local ideal para uma tocaia, e procurou por algo ao seu redor que pudesse ajudá-lo a retirar a grade dali.
As vozes pareciam estar se aproximando. Ouviu um grito de espanto. Rápido, rápido.
Sem pensar muito, tentou arrancar a grade sem usar ferramenta alguma. Ela saiu fácil, como se fosse de manteiga. Contiunuava sem entender nada, mas procurou não pensar muito a respeito. Se esgueirou ali, encostando a grade de volta ao fazê-lo.
Se arrastou pelo estreito espaço, até ficar suficientemente escondido nas sombras dali. A perna latejava, sua cabeça também.
As vozes estavam se aproximando. Disso tinha certeza.
Lentamente, puxou o carregador da escopeta e esperou. "Onde estão eles? Zalinski! Neumann!"
Cada vez mais perto agora. Passos.
A porta do escritório se abriu. Segurando a respiração, apontou a arma para a entrada da canaleta.
Mas não pôde vencer o negrume que se apoderou de seus olhos. Sua mente desligou.