sexta-feira, 20 de março de 2009

Desconectado.

Céus. Vinha eu para cá, ouvindo minhas musiquinhas, pensando calmamente no assunto que trataria na coluna de hoje, tudo muito bom, tudo muito bem. Chegando aqui, dou de cara com o burburinho de milhões de vozes femininas ao mesmo tempo na área da cozinha deste lugar. É incrível como várias mulheres juntas falando são capazes de amplificar qualquer assunto. Estavam todas indignadíssimas falando de um assunto que, pelo que pude deduzir, foi televisionado recentemente - algo como uma autêntica atrocidade, uma mulher de sei lá onde que torturava o filho de outra, uma era prostituta, catava tal infante pelo pé e soltava ao chão, blah blah blah.

Atrocidade? Sim, deveras. Uma barbaridade.

Uma das indignadas do recinto falou, "não sei porque assisto isso, é um sensacionalismo, uma barbaridade televisionarem isso, etc." De fato. Bem sei que os meios que comunicação estão repletos destas atrocidades, e quanto mais avançamos no tempo, mais sangrentas as notícias se tornam, mais indecentes são as notícias exibidas, etc etc.

Não sei se estarei sendo cínico, indiferente, insensível, sei lá - se afirmar que tenho a solução prática para tal coisa: Não assistir. Já fazem anos que desisti de tentar ver jornais, assistir à televisão normal. No máximo, vejo um ou outro seriado ou algum filme. De preferência em algum canal que NÃO tenha propagandas, e que NÃO seja dublado.

Me fartei disto tudo. Já sou Noiado o suficiente para ficar me indignando com os atos idiotas e vis de outras pessoas. O cerumano(homenagem aos brilhantes estudantes que prestaram o ENEM) é imbecil por natureza, é ruim por natureza, comete os atos mais condenáveis de todos os seres vivos que existem neste glóbulo que flutua no espaço sideral. Não me excluo deste rol, basta ser humano para ser uma atrocidade caminhante. Mas sei que existem milhares, milhões, bilhões de seres mais condenáveis por aí. Se quiser ter exemplos claros disto, assista ao jornal. Veja o BBB. Compre um destes "folhetins de el pueblito" que estão à venda em todos os lugares agora, pela módica quantia de 0,50 R$.

Eu, pelo meu lado, resolvi me desconectar disso tudo. De nada me adiantará ficar indignado com estas notícias, com estas imbecilidades que por aí reinam absolutas. De nada adiantará para o mundo, para a zoociedade em que vivo, que eu me estresse com estas notícias. Chega. Sei que muitos dos falsos-moralistas por aí fora, se lessem isto aqui, me acusariam de ser um cínico, um insensível, etcoetera. Fodam-se. O que estão eles fazendo para mudar a situação em si?

Sim, pode soar bem descrente isto tudo, bem indiferente, bem cínico. Mas estou ultimamente cada vez mais farto de tentar agradar a todos(tarefa inexequível), e nunca me agradar. Como diria Fernando, o Pessoa, em sua encarnação de Álvaro de Campos:

"Queriam-me casado, fútil quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que haveremos de ir juntos?
"

Enfim, eu adoro quando meus autores preferidos falam por mim.

Eita, eis que soou super-tensa esta nota do dia. Alguns devem estar pensando que estou em um de meus piores dias. Na verdade, não. O plano do dia era escrever sobre solos de guitarra, para vocês terem idéia. Mas, ao chegar aqui e ouvir o bafafá sobre a indecência televisionada, me senti obrigado a escrever sobre isto, deixando o outro tema para outro dia.

Sim, escrevo tudo isto de improviso, assim que chego aqui, portanto às vezes passo da conta e escrevo demais. Fui informado que a maioria das pessoas têm preguiça de ler tudo isto. Talvez seja por isso que se mantêm tão indiferentes....ou não né, quem sabe.

Enfim, bão fim de semana a todos que tiveram a paciência nesta tarefa hercúlea que é ler esta encyclopaedia de loucuras...