terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Procura-se.

Procura-se.

O quê, dião os curiosos, o quê procuras?

Não sei. 

Pode chamar a isto de "sentido da vida" ou "sentido PARA a vida", algo assim. E o que dá sentido para a vida? Para MINHA vida, ao menos? As dos outros, bem sei, as coisas variam, de pessoa a pessoa, gentes e agentes, todos têm seu plano.

Provavelmente, a maioria tem o plano-padrão na cabeça. O que sempre nos ensinaram - seja bom, seja honesto, tenha uma carreira, tenha uma esposa, tenha filhos.

Minha irmã mais velha não tem esposo, mas tem uma filha. Seu objetivo na vida agora é esta criança. Assegurar o bem estar e a felicidade dela. E tem conseguido, a duras penas, sem marido, sem ninguém. De fato, nós os mais proximos a ela tentamos ajudá-la como podemos, mas quem carrega o fardo é ela. A maior parte do tempo sozinha. Mas é algo que sempre buscou na sua vida - uma filha, sempre quis ter filhos. Era objetivo de sua vida.

Pois encontrou. A duras provas, encontrou. Porque o pai de minha sobrinha não quer saber de relacionamento com minha irmã. Mas assumiu a filha. Paga uma porção de coisas , dá do bom e do melhor, e realmente ama a criança, dá pra ver quando ele está com ela.

Mas não se uniu a minha irmã.

E esta conversa de uni-vos e multiplicai-vos - ela mesma estava falando, "Não tem jeito, um casal novo com duas crianças fazendo birra num restaurante, não tem jeito mesmo de ser feliz assim, de realizar a plenitude do casamento. Tudo gira em torno dos filhos. Não dá tempo pra mais nada. A mulher vai ficando acabada e desgastada, o homem vai ficando desinteressado nela e interessado em outras...pois é assim que o casamento parece funcionar....não funcionando, não da forma como idealizam por aí.

Procura-se, sei que aí não está.

Em termos de carreira...cito novamente o caso de meu amigo Hugo, o Devogado da Funchal. Começou como um mero "puppet" nas mãos de alguns maiorais aqui, porém teve momento súbito de revelação e inspiração em sua vida -0 se é que pode-se chamar isto assim - descobriu que tinha câncer maligno na tireoide já não sabia há quantos anos. Deu sorte pois é dos cancros menos matastizantes que existe. Sei que depois que o removeu, ele parece ter encontrado o sentido em sua vida: foi de frente contra os ditos maiorais, mostrou-se muito mais competente que alguns deles - que perderam suas cabeças na empresa - e agora é parte do Grande Escalão, da Diretoria, assim seja.

Dinheiro? Sim, de montão. Aproximadamente 11 vezes o que eu ganho. E trabalho? E responsabilidade nas costas? E trabalho que tem que se dormir com ele na cabeça, ao ir pra casa, ainda tem filho hiperativo, mulher ciumenta e cachorro igualmente ciumento. Tempo livre? Apenas para uma partida de futebol às segundas, e algumas vezes nos finais de semana, uma ida ao parque que fica adjunto à minha casa e algumas partidas de basquete. 

Sempre com os problemas, inúmeros problemas de uma empresa com o porte financeiro como a Funchato tem a oferecer. E toda hora, de terno e gravata, reuniao pra cá, pra lá. 

Esta é sua vida, e se tornou seu objetivo. Continuar "crescendo" - comprar outro apartamento, alugar o atual, entrar em mais dívidas de 30 anos e quejandos, ter mais filhos, ter mais problemas, ter mais responsabilidades. 

Cresceu, de fato. E por mérito próprio. Sei, e assino em baixo - Hugo é um excelente profissional e pessoa digna de confiança. Mereceu tudo que buscou.

Procura-se. Sei que carreira, aqui dentro, não haverá de fato nenhuma. Minha psicologa insiste, feito o Ogro defenestrado, que eu olhe alguma coisa no SENAI. Senão vejamos. Para Belo Horizonte, os cursos oferecidos sao todos presenciais. coisa de 300-750 horas de curso. Isto para a Aprendizagem. 

Aulas à noite? Em sábados, domingos? Nunca mais. Depois daquele maldito cursinho pré-fraude chamado de "garande sonho" da maioria dos acefalos brasileiros, o tal concurso púbico...jurei não mais ter aulas à noite enquanto estivesse trabalhando. Não dá. Eu ficava acabado todos os dias. Além do que, para onde vai seu tempo livre? Pro espaço sideral.

Sim. Sei que tudo exige sacrifícios nessa vida de merda. Mas eu olho os cursos...e penso....fazer um curso desses, aos 38 anos....depois ainda ter que sair por aí à cata de um emprego?

"Pode melhorar", dirão os otimistas. Eu, como realista, sei que o copo está metade vazio, e o que tem lá dentro é mijo. Especializar-me para aprimorar na própria Fuchal? Ha, ha, ha. Não faço parte da "panela" dos que de fato crescem aqui. Nunca fiz, nunca farei. Fazer um curso À noite, para depois não ser reconhecido em nada, ou não ter valor algum, feito aquela merda de curso de Windows 7 que fiz em 2008. Não. Serviu. Pra. NADA. E não trouxe nenhum acrescimo nem salarial nem de expêriencia propriamente dita, pois o que foi contemplado no curso aplica-se a empresas com o perfil tecnológico bem diferente disso daqui.

Ah, e detalhe que estou vendo agora, a Aprendizagem - nivel I dos cursos do Senai, vai até os 24 anos de idade. Não aceitam velhos de 38. 

Procura-se, desesperadamente.

Fiquei o feriado inteiro pensando nisso. Tipo aquelas questões todas que eu respondi, a que eu realmente quero, é "Onde você se vê daqui a dez anos? - Morto. Por favor, me deixe estar morto."

Porque nada vai mudar. Nada mudou. Remédio por remédio, os meus problemas continuam os mesmos. E eu não mudei, em nada, ou quase nada, meu comportamento. Continuo dando as mesmas cabeçadas, os mesmos murros em pontas de faca. Acho que foi um dos fatores que causou o stress em emeu ex-amigo, o Ogro. Como eu disse à minha psicológa hoje, "Parece que você tá falando com uma parede né? Um objeto imóvel..."

Uma parede que procura mudanças. Nada mais incompatível. Há que se destruir a parede. E como? Como, se no final das contas, sempre acredito no pior? Como se pra mim tudo dá sempre errado? Como, à esta altura do campeonato, fazer este pau que nasceu torto se endireitar?

Não há por onde.

Minha atual e única alegria é ter a satisfação de receber alguma encomenda que rolou do "shopping spree 2014" que fiz semana passada e retrasada. Enquanto espero ansiosamente o meu cartão de crédito chegar, meu pagamento cair, na segunda que vem, para poder comprar mais algumas coisas. Comprar, comprar, comprar. "What are we? - We're consumers."

Consumidores. Minha única alegria são as coisas novas, que vou recebendo. Que representam, de certa forma, alguma melhoria em minha vida fudida, tipo os milhares pés de meia que comprei, as calças novas que estou usando(são esportivas mas finas demais para se bem poder usar num silviço qualquer feito o meu), os chinelos...as anilhas...as barras...

Aí eu olho também, e que adianta fazer exercício físico, fumando feito chaminé? Um compensa o outro? Não, as coisas não funcionam assim. E pra que ficar em forma? Aliás, pra QUEM? 

Procura-se.

Não acho.