Me presentearam com este diário no meu último aniversário. Este ambiente de trabalho opressivo que vivemos aqui nestes porões de segurança máxima governamentais não permite muitas brincadeiras, mas esta eles deixaram passar. A política daqui é o máximo de seriedade possível, o tempo inteiro.
Para ser sincera, o clima reinante aqui é sempre de medo. Temos que fazernosso trabalho mas como se estivéssemos em um regime militar, com todos seus documentos censurados e a polítca de "não pergunte nada, apenas obedeça" é imperativa.
O colega que me deu este antiquado caderno, me conhece bem. Sabe que eu não aprecio ter de trabalhar aqui. E sabe que não posso agir de outra forma. Eu detesto todo este governo que nos obriga a fazer estas...coisas nestes laboratórios secretos aqui. Têm todo seu discurso que é para o bem da humanidade, pesquisas avançadas de psicologia e parapsicologia e tudo mais, mas todos nós sabemos que o que eles querem mesmo é exercer ainda mais sua dominação sobre seu povo.
É uma maneira estranha de começar um diário, mas creio que não posso muito detalhar minhas anotações, nem devo. Levei um bom tempo procurando um esconderijo ideal para este caderno antes mesmo de começar a escrever...a desabafar. Não posso deixar que nenhum dos guardas jamais me veja anotando estas coisas aqui.
E pensar que nós todos já fomos renomados cientistas, que poderíamos ser realmente denominados benfeitores da humanidade e tudo mais. O governo, depois que se tornou o que é, foi seletamente capturando os melhores cientistas e os obrigou a se recolherem nestes galpões, onde somos obrigados a fazer tudo que eles querem.
De uma forma ou de outra. Se não fizermos, eles nos injetam com aquela coisa horrenda que nos transforma em zumbis obedientes. Eles mesmo evitam ao máximo de usar o soro, uma vez que o rendimento da pessoa afetada por tal droga cai bastante, e mesmo dias depois que o efeito principal passa, os efeitos colaterais aparecem. Náuseas, tonteiras, queda de pressão.
Há rumores de que um cientista resistiu tanto ao soro que sofreu uma overdose, pois os gorilas da segurança foram administrando mais e mais doses no pobre coitado, enquanto ele resistia. Dizem que todos seus órgãos internos tiveram uma hemorragia maciça. Ele morreu em duas horas.
Dizem muita coisa, também. Já nem sabemos o que é verdade e o que são apenas histórias para nos aterrorizar. Mas nenhum de nós quer pagar para ver. Todos sabemos o que é sentir dor. E alguns de nós têm parentes sob "proteção " deste maldito governo. Bem sabemos que espécie de proteção é esta.
Eu, graças aos céus, não tenho ninguém para que eles ameaçem. Toda minha família está longe deste continente. Saíram daqui quando os rumores de revolução começaram a surgir. Eu, que sou uma estúpida, fiquei. Tinha de terminar de escrever minha tese, mais um artigo, outros tantos afazers científicos. Meu pai me avisou, meus irmãos suplicaram para que eu os acompanhasse.
Não o fiz, por pura vaidade...ou seja lá o que me subiu à cabeça. E, em questão de semanas após a posse do atual Ditador, começamos a sentir as mudanças. Os departamentos de pesquisa neurais, onde somente existiam pessoas trajando alvos jalecos e outras roupas do quotidiano laboratorial, começaram a se manchar de preto. Homens de terno com ferrados semblantes e nenhum maneirismo ameno nos encaravam, nos estudavam, dia após dia.
Em um mês, as fronteiras foram fechadas. Ninguém entrava ou saía, a não ser se devidamente autorizado pelas autoridades. Depois de uns seis meses, os homens do governo começaram a nos "recrutar" para estas pesquisas hediondas destes galpões.
E eu, vi toda minha teimosia, minha vaidade, gerarem os frutos da amrgura, do dissabor de ter de obedecer a estes protocolos odiosos. Toda esta pesquisa invasiva e agressiva. Não existe mais nenhuma ética. Cobaias? Seres humanos.
Passei semanas tendo vontade de simplesmente me matar, acabar com tudo. Não contribuir com esta monstrosidade que se desenrola diante de meus olhos. Mas sou muito...covarde. Não consigo ter coragem para simplesmente acabar com tudo. Não consigo.
Ouço o guarda fazendo a ronda do lado de fora de meu quarto...ou melhor dizendo, minha cela. Acho melhor parar por aqui hoje. Continuarei depois.
Para ser sincera, o clima reinante aqui é sempre de medo. Temos que fazernosso trabalho mas como se estivéssemos em um regime militar, com todos seus documentos censurados e a polítca de "não pergunte nada, apenas obedeça" é imperativa.
O colega que me deu este antiquado caderno, me conhece bem. Sabe que eu não aprecio ter de trabalhar aqui. E sabe que não posso agir de outra forma. Eu detesto todo este governo que nos obriga a fazer estas...coisas nestes laboratórios secretos aqui. Têm todo seu discurso que é para o bem da humanidade, pesquisas avançadas de psicologia e parapsicologia e tudo mais, mas todos nós sabemos que o que eles querem mesmo é exercer ainda mais sua dominação sobre seu povo.
É uma maneira estranha de começar um diário, mas creio que não posso muito detalhar minhas anotações, nem devo. Levei um bom tempo procurando um esconderijo ideal para este caderno antes mesmo de começar a escrever...a desabafar. Não posso deixar que nenhum dos guardas jamais me veja anotando estas coisas aqui.
E pensar que nós todos já fomos renomados cientistas, que poderíamos ser realmente denominados benfeitores da humanidade e tudo mais. O governo, depois que se tornou o que é, foi seletamente capturando os melhores cientistas e os obrigou a se recolherem nestes galpões, onde somos obrigados a fazer tudo que eles querem.
De uma forma ou de outra. Se não fizermos, eles nos injetam com aquela coisa horrenda que nos transforma em zumbis obedientes. Eles mesmo evitam ao máximo de usar o soro, uma vez que o rendimento da pessoa afetada por tal droga cai bastante, e mesmo dias depois que o efeito principal passa, os efeitos colaterais aparecem. Náuseas, tonteiras, queda de pressão.
Há rumores de que um cientista resistiu tanto ao soro que sofreu uma overdose, pois os gorilas da segurança foram administrando mais e mais doses no pobre coitado, enquanto ele resistia. Dizem que todos seus órgãos internos tiveram uma hemorragia maciça. Ele morreu em duas horas.
Dizem muita coisa, também. Já nem sabemos o que é verdade e o que são apenas histórias para nos aterrorizar. Mas nenhum de nós quer pagar para ver. Todos sabemos o que é sentir dor. E alguns de nós têm parentes sob "proteção " deste maldito governo. Bem sabemos que espécie de proteção é esta.
Eu, graças aos céus, não tenho ninguém para que eles ameaçem. Toda minha família está longe deste continente. Saíram daqui quando os rumores de revolução começaram a surgir. Eu, que sou uma estúpida, fiquei. Tinha de terminar de escrever minha tese, mais um artigo, outros tantos afazers científicos. Meu pai me avisou, meus irmãos suplicaram para que eu os acompanhasse.
Não o fiz, por pura vaidade...ou seja lá o que me subiu à cabeça. E, em questão de semanas após a posse do atual Ditador, começamos a sentir as mudanças. Os departamentos de pesquisa neurais, onde somente existiam pessoas trajando alvos jalecos e outras roupas do quotidiano laboratorial, começaram a se manchar de preto. Homens de terno com ferrados semblantes e nenhum maneirismo ameno nos encaravam, nos estudavam, dia após dia.
Em um mês, as fronteiras foram fechadas. Ninguém entrava ou saía, a não ser se devidamente autorizado pelas autoridades. Depois de uns seis meses, os homens do governo começaram a nos "recrutar" para estas pesquisas hediondas destes galpões.
E eu, vi toda minha teimosia, minha vaidade, gerarem os frutos da amrgura, do dissabor de ter de obedecer a estes protocolos odiosos. Toda esta pesquisa invasiva e agressiva. Não existe mais nenhuma ética. Cobaias? Seres humanos.
Passei semanas tendo vontade de simplesmente me matar, acabar com tudo. Não contribuir com esta monstrosidade que se desenrola diante de meus olhos. Mas sou muito...covarde. Não consigo ter coragem para simplesmente acabar com tudo. Não consigo.
Ouço o guarda fazendo a ronda do lado de fora de meu quarto...ou melhor dizendo, minha cela. Acho melhor parar por aqui hoje. Continuarei depois.