quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sexta coisa.

Encontrava-me na casa
Na casa havia algo
Algo havia ali
Que não me deixava em paz
que não me deixava dormir
que não me deixava esquecer
de nada lembro,
embora saiba
que algo
existe aqui.

A casa
fez-me escravo
de quem me tornei
de quem fugi
para estar ali.

Na casa há algo
que quer me fazer ver
que quer me fazer entender
o que houve ali.

Sei que há algo aqui
algo que não me deixa dormir,
que não me deixa esquecer
que existe algo aqui,
que não quer calar
que não quer morrer
que nunca quis morrer.

A casa trouxe-me aqui
para mostrar-me isto,
para provar-me
que agi errado.

Que estive errado.
Que estava errado.

A casa deseja fazer-me
sua própria criação
deseja punir-me
por minha ação
A casa não me deixará ir

não desta vez.

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...bela maneira de acordar. Coberto de vômito cheirando a cerveja, sentado em uma cadeira defronte à minha velha máquina de escrever, onde leio esta droga de poema.

O QUE QUER DE MIM, PORRA? Gritei a plenos pulmões.

Imediatamente me arrependi de ter feito isto. O eco de minha própria voz soou como um bilhão de sinos dentro de meu crânio. Ai. Levantei-me dolorosamente e me dirigi para o banheiro decrépito do quarto de empregados, arrastando meus pés pelo chão; meu corpo doía por completo e estava nojento em minha imundície. Isso mesmo imbecil, continue a beber, continue nesta porra de casa de doido.

Minha cabeça latejava só de me xingar mentalmente. Calei-me internamente e continuei a me aproximar do banheiro. Um banho vai me fazer sentir-me melhor.