Fechei os olhos, procurando desligar-me de tudo aquilo. A água quente escorrendo sobre mim foi como um bálsamo, um alívio quase imediato de tudo aquilo. Todo aquele absurdo.
Geralmente, quando acordava naquele estado, após ter exagerado na bebida no dia anterior, eu quase sempre trilhava o caminho da auto-comiseração. Algo que eu mesmo sabia que odiava, mas não sabia evitar.
O que estava eu fazendo ali? Ainda?
O encanamento da velha casa chiava e suspirava ao meu redor. Abri os olhos brevemente, e olhei em direção à porta do recinto. Será que aquela coisa, aquela alucinação, seja lá o que for ainda estava ali, por detrás da porta? Não sabia.
Para dizer a verdade, naquele momento, era o que menos me importava. Tudo que eu desejava é que aquele chuveiro continuasse a funcionar. Foda-se o resto.
Como sou um idiota, minha voz interna de meus pensamentos me disse. O que eu estava fazendo naquela casa bizarra, vivenciando todo tipo de evento estranho, com todos os sinais me indicando a saída pela direita, a necessidade fremente de sair dali? O que eu estava tentando provar?
Fechei forçosamente os olhos e pensei. Na verdade, eu não estava tentando provar nada. O que tinha me acontecido até o momento antes de conseguir este "emprego" de ser zelador desta merda mau-assombrada, tudo aquilo havia me...drenado de expectativas, havia ceifado-me as esperanças, havia me transformado nesta coisa derrotada. E eu estava cada vez mais aceitando tal renúncia, abraçando-a.
Tomava todas as decisões erradas de propósito. Enchia a cara para tentar silenciar meu pouco bom senso que ainda restava, surrado e maltrapilho em algum local de meu cérebro. Eu sabia que estava agindo feito um idiota, e não tentava me impedir, me conter.
O rumor dos canos ao meu redor parecia uma orquestra de violinos desafinados. Perfeita trilha sonora para este momento derrotista.
Mas...algo dentro de mim parecia me dizer que havia algo que tinha me empurrado para aquele local. Para aquela casa. Não necessariamente um...digamos, impulso "suicida" idiota feito encher a cara todos os dias. Parecia que...algo me queria ali.
Algo havia me feito apanhar o jornal naquele dia em particular, avistar aquele anúncio. Eu estava tão acabado na hora que nem pensei duas vezes, o máximo que queria, que ambicionava, era alguma fonte de renda e algum local onde pudesse ficar e me acabar. O emprego ali ofertado solucionaria as duas pêndencias. Caiu feito uma luva.
De repente, algo me fez interromper meu monólogo interno. O ruído dos canos havia cessado.
A água continuava a correr, no entanto. Abri os olhos e foquei-me nos registros à minha frente. De repente, a água se tornou fria como gelo, e subitamente senti dificuldade para respirar, decorrente de tal choque térmico. Dei um grito, e um passo para trás, distanciando-me do jato gelado emitido pelo chuveiro.
Foi então que senti. Alguém estava me olhando. Alguém...ou algo...estava atrás de mim.
Geralmente, quando acordava naquele estado, após ter exagerado na bebida no dia anterior, eu quase sempre trilhava o caminho da auto-comiseração. Algo que eu mesmo sabia que odiava, mas não sabia evitar.
O que estava eu fazendo ali? Ainda?
O encanamento da velha casa chiava e suspirava ao meu redor. Abri os olhos brevemente, e olhei em direção à porta do recinto. Será que aquela coisa, aquela alucinação, seja lá o que for ainda estava ali, por detrás da porta? Não sabia.
Para dizer a verdade, naquele momento, era o que menos me importava. Tudo que eu desejava é que aquele chuveiro continuasse a funcionar. Foda-se o resto.
Como sou um idiota, minha voz interna de meus pensamentos me disse. O que eu estava fazendo naquela casa bizarra, vivenciando todo tipo de evento estranho, com todos os sinais me indicando a saída pela direita, a necessidade fremente de sair dali? O que eu estava tentando provar?
Fechei forçosamente os olhos e pensei. Na verdade, eu não estava tentando provar nada. O que tinha me acontecido até o momento antes de conseguir este "emprego" de ser zelador desta merda mau-assombrada, tudo aquilo havia me...drenado de expectativas, havia ceifado-me as esperanças, havia me transformado nesta coisa derrotada. E eu estava cada vez mais aceitando tal renúncia, abraçando-a.
Tomava todas as decisões erradas de propósito. Enchia a cara para tentar silenciar meu pouco bom senso que ainda restava, surrado e maltrapilho em algum local de meu cérebro. Eu sabia que estava agindo feito um idiota, e não tentava me impedir, me conter.
O rumor dos canos ao meu redor parecia uma orquestra de violinos desafinados. Perfeita trilha sonora para este momento derrotista.
Mas...algo dentro de mim parecia me dizer que havia algo que tinha me empurrado para aquele local. Para aquela casa. Não necessariamente um...digamos, impulso "suicida" idiota feito encher a cara todos os dias. Parecia que...algo me queria ali.
Algo havia me feito apanhar o jornal naquele dia em particular, avistar aquele anúncio. Eu estava tão acabado na hora que nem pensei duas vezes, o máximo que queria, que ambicionava, era alguma fonte de renda e algum local onde pudesse ficar e me acabar. O emprego ali ofertado solucionaria as duas pêndencias. Caiu feito uma luva.
De repente, algo me fez interromper meu monólogo interno. O ruído dos canos havia cessado.
A água continuava a correr, no entanto. Abri os olhos e foquei-me nos registros à minha frente. De repente, a água se tornou fria como gelo, e subitamente senti dificuldade para respirar, decorrente de tal choque térmico. Dei um grito, e um passo para trás, distanciando-me do jato gelado emitido pelo chuveiro.
Foi então que senti. Alguém estava me olhando. Alguém...ou algo...estava atrás de mim.