sexta-feira, 29 de maio de 2009

Nove.

Não tinha coragem para virar o rosto.

Sentia aquele olhar em mim...frio e cheio de ódio ao que me parecia. E eu pelado, dentro do box do banheiro, com aquela água gelada a respingar no meu corpo. Situação bem agrádavel. Meu sarcasmo interno nunca falhou.

Sabia que se virasse a cara iria ver algo que não desejava ver. Um rumor estranho começou a soar, vindo da mesma direção do suposto olhar. A luz do banheiro piscou, piscou e apagou. Agora sim estava fudido, pensei comigo mesmo.

Mas a escuridão não durou muito. Um brilho avermelhado , pulsante, brilhou no lavátorio.

Vinha da mesma fonte do olhar e do som, presumi eu.

Não conseguia pensar em nada. Tudo que já vivenciara naquela casa eu havia encarado como uma piada de mau gosto, coisas dignas de escárnio. Mas...eu sentia um arrepio...na alma. Aquela coisa atrás de mim, que quer que fosse, estava me analisando friamente...ou pelo menos assim me pareceu. Todos pêlos de meu corpo estavam arrepiados, não só pelo frio da água que continuava a correr, mas pela sensação terrível de estar sendo analisado por aquela...coisa.

De repente, meu lado idiota falou mais alto dentro de mim. Vire-se. O que tem a perder? Não há para onde correr. O que mais lhe resta fazer?

Fechei os olhos e tomei fôlego. Lentamente, virei meu corpo inteiro na direção da fonte de toda aquela aflição que me assolava.

Fiquei ali voltado para a coisa, mas não abri os olhos por uns instantes. Por mais que exista sempre um lado destemido...nenhum mecanismo dentro de mim conseguia anular o medo que eu sentia. Não me importava com o frio da água, com a vergonha de estar nu diante de...seja lá o que fosse aquilo que em minha frente estava.

Mas novamente, suspirei. O que mais me restava fazer? Nascer de novo? Sumir?

Abri os olhos.

...

Não acreditei no que via diante de mim.

Por detrás do vidro respingado do box, pude ver que o banheiro havia se transformado. Aquele maldito corredor forrado de vermelho e repleto de portas se estendia até perder de vista, a partir de onde deveria estar a porta do banheiro em si.

Mas o que realmente me prendeu a atenção foi...a figura que estava postada diante de mim, a apenas alguns parcos metros de distância. De repente, eu soube o que era aquele par de olhos vermelhos que me espreitaram todas as vezes que me vi imerso no maldito corredor de mil portas.

Lembrei-me instantaneamente do dia em que subitamente acordei com outra cara, com outro corpo em minha breve estada no quarto principal da casa.

Diante de mim....com os olhos vermelhos, e um olhar cheio de...ódio...estava aquela bela mulher que tanto me chamou para voltar para a cama naquele malfadado dia.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Trivial dia, fora do padrão, contudo, entretanto, pórem.

Sim. Atrasado estou, bem o sei. Sou um homem de costumes, e se tais rituais são interrompidos, isto aflige-me deveras. No entanto, a vida raramente é planejável, e mesmo que isso me deixe contrariado, como se diz, não vale a pena dar murro em ponta de faca.

Enfim, tardo mas não falho, aqui está o relato devido.

O motivo de meu atraso em esta obrigação - a única obrigação que considero mandatória em meu dia a dia neste local vil e capitalista - é que, conforme planejado e mencionado anteriormente, tive de comparecer à um hospital para que me submeter a um exame de ressônancia magnética em meu ombro que a idade resolveu estragar. Nada de muito incomum, nem particularmente extraordinário nisto, de fato. E a única consequência concreta foi que atrasei-me aqui.

Entretanto, achei curioso como que, por vezes, coisas simples, coisas banais, que sempre ali estiveram, nos levam a ver as coisas de uma maneira diferente. Explico melhor: como o dito exame ocorreu nas vicinidades desta senzala moderna, porém um pouco além de até onde costumo andar para aqui chegar, tomei uma direção completamente diferente da que faço todos os dias; cheguei na Pça. da Assembléia, mais ou menos as 7:30 da manhã, e surpreendi-me ao verificar o quão aprazível é aquela praça naquele horário; embora seja a sede de um recinto onde a roubalheira corre solta, a localização física em si de tal praça me fez saborear a manhã de uma forma completamente diferente da experimentada por mim todas as manhãs. Nada de coisas cretinas feito florzinhas, criaturas ululantes e quejandos; concentrei-me mais na visão do playground até o momento vazio devido ao horário, visão que me fez retornar brevemente a meu passado, esse longínquo desconhecido por todos, a não ser eu mesmo. Boas lembranças de passadas épocas, onde os sonhos e esperanças abundavam, as responsabilidades quase não existiam e a vida era farta e boa.

A praça em si, que fiz questão de contornar devido ao fato de estar um bocado antecipado para o compromisso em si, fez-me bem. O ar da manhã não era opressivo, a maioria dos gnus engravatados que por ali circulam nas horas mais quentes do dia; prosseguindo, diriji-me para a Avenida Barbacena, repleta de magníficos exemplares destas belas árvores que são os pau-ferros; poucas avenidas desta cidade são tão belamente arborizadas como esta. Surpreendi-me também com a visão de dois prédios que meus olhos "viram" pela primeira vez, uma vez que nunca havia de fato parado para prestar atenção naquelas construções, apesar de por ali já ter estado anteriormente. Um deles era um imponente edifício residencial, que sinceramente me deixou impressionado. Acho que é um dos maiores desta Capital da Roça; fiqui imaginando como deve ser caro morar ali, a julgar pelo tamanho do bicho, pela portaria repleta de aparatos de segurança e pela imensa área de recreação que o circundava.

Entretanto, pensei eu, não trocaria um apartamento daqueles por meu "decrépito" sótão em minha casa, nunca. Nunca.

Mais adiante, o imponente prédio da Cemig me chamou a atenção também, por ser um solitário espigão construído de forma que considero um tanto audaz para um prédio daquele tamanho: o fato da base ser menor que o topo, como se fosse um imenso cogumelo de concreto e vidro. Imaginativos e audazes são os arquitetos de tais obras, e infelizes são os mestres de obras que devem conduzir os práticos porém não muito brilhantes peões para que a coisa pule para fora do papel para o mundo concreto.

Mais adiante, descobri que tal exame seria realizado muito além da distância por mim cogitada mentalmente; mas o ar da manhã ainda não estava viciosamente poluído devido ao horário, e a manhã de maio era bastante agradável, nem muito quente, nem muito fria, como costuma ser de fato nesta época do ano, em que o verão está praticamente morto mas o inverno não mostrou toda sua força. Caminhemos, então.

O exame foi feito em um hospital, locais estes que costumo ter calafrios ao ser obrigado a adentrar. Eis que considero tais instalações carregadas pelo prelúdio da morte que nos espreita em todos os lados, claro; mas tal sensação é aparentemente mais forte nestes locais. Senti-me aflito principalmente após ser informado que talvez o procedimento fosse gerar "calor" por cima da área tatuada de meu braço, ou seja, ele quase todo. Me deram uma campainha para soar caso a coisa ficasse preta.

Além disso, o exame em si seria realizado em uma máquina que não inspirou nenhuma confiança: um gigantesco tubo onde meu corpo inteiro seria introduzido, para ser bombardeado por ondas mágnéticas poderosas. Sempre associei tal equipamento a exames que descobrem coisas que ninguém gosta de descobrir, fatalidades decorrentes do desgaste realizado pelo fato aberrante de sermos seres que vivem muito mais do que viveríamos caso não conseguíssemos dobrar a seleção natural, que rege a natureza toda com exceção de nossa espécie e das espécies por nós protegidas, seres igualmente abjetos, feito os poodles, chihuauas e afins...

Enfim, após passar quase 30 minutos dentro do desconfortável aparato, fui liberado, sem ter que repetir o exame, pois consegui levar a cabo a dura tarefa de permanecer absolutamente parado durante todo o procedimento; caso tivesse me movido, teria que repetir tudo novamente em outra ocasião. E permanecer parado dentro daquele lugar foi-me díficil: tinha ganas de sair correndo dali, daquela "caverna" digna de um filme de ficção científica, rodeado de barulhos estranhos que lembravam ora metralhadoras ora canhões de laser a la Star Wars.

Saí dali aliviado e agora somente resta-me esperar pelo resultado, que sairá na segunda feira próxima. Até la, nada mais posso fazer além de torcer para que realmente não seja necessário que privem-me da integridade de minha obra de arte favorita, residente em meu ombro afetado por sejá lá o que for - após ter sobrevivido sem esquentar durante todo o processo da ressônancia em si, seria péssimo ter que me resignar com o fato que bisturis iriam fazer o pior estrago possível naquela região.

Esperemos que não.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Insônia causa insanidade.

-Bom dia, estou precisando de uma informação...
-Sinto muito senhor, aqui só servimos peixe grelhado.
-Assim ou assado, não me importo. Quero uma informação!
-Ainda assim, senhor, não há como.
-Sim, como. Estou a comer besouros a milanesa em meu lar e gostaria de saber se...
-Já disse, só trabalhamos com grelhados, não assados, não cozidos. Peixes.
-Sou de câncer.
-Sinto muito senhor, mas a seção de quimioterapia encontra-se lacrada no momento.
-Não é nada disso!
-Então por que perguntou?
-Não sei. Não sei de nada. Por isso almejo saber!
-Se o senhor não sabe, muito menos eu. Deseja que fritas acompanhem?
-Na realidade, sou alérgico a fritas.
-Lamento muito. Mesmo assim, nada posso fazer.
-Sim, pode. Me dê a informação!
-Está em falta, senhor. Desejaria um bocado de dúvida no lugar?
-Tenho minhas dúvidas. Entretanto, também tenho muitas dívidas.
-Todos nós, senhor. Alguma coisa mais?
-Menos, menos. Talvez um pouco de peixe irá me fazer bem.
-Sim, sim. Lamento senhor, mas não temos peixe.
-Como assim? Você me disse que só servia peixe!
-Sim, mas não disse se tal serviço estava ou não disponível. Aqui está a conta, senhor.
-Dois mais dois igual a cinco. Esta conta está incorreta!
-O senhor tem como provar isso?
-Pois claro. Observe.
(mastiga a conta e engole)
-Muito admirável tal façanha, mas não o isenta do débito.
-Claro que me isenta. Possuo o DARF aqui para provar!
-Documento de Arrecadação para Roubalheiras Federais. Creio que ainda assim isto de nada irá lhe valer, senhor.
-Como não!
-Como sim, assim.
-Exijo uma retratação.
-Pois não.
(Flash.)
-O que significa isto?
-Aqui está seu retratão, senhor.
(estende uma foto 300x400)
-Admirável, mas não fico bem de perfil.
-Seu perfil é de um criminoso hediondo em potencial, senhor.
-Bem o sei. Estou pensando em levar a cabo tal projeto.
-Ah sim! Desejo que minha casa tenha dois quartos, uma suíte e uma casa de máquinas.
-Só projetarei seu corpo para fora da janela, seu biltre.
-Se assim o fizer, senhor, lamentarei muito; entretanto, continuará desinformado.
-E que me adiantou ficar aqui escutando toda esta abobrinha?
-Também está em falta senhor. O ministério de Zurique restringiu o acesso a Zuquinis.
-Meu legume favorito! Isto é troçar do almoço de um pobre cidadão.
-Isto não é um legume, mas uma fruta, senhor.
-Vá pro caralho!
-Isto é inexequível, visto que o caralho em mim já se encontra.
-Que frase mais infeliz.
-Sim, sou um infeliz! Não tenho onde usar tal aparato!
-Ah, tofie-lho no rabo, ou onde bem o desejar!
-Não costumo fazer sexo no primeiro encontro, senhor, mas no seu caso, abrirei uma exceção.
-Afaste-se de mim!

(saem correndo. Entra o Papa Urbano X, que olha para a câmera e afirma veementemente:)

-Esta semana, comi muito iogurte.

(Um tonel de mercúrio tomba por sobre a imponente figura. Entram as carpideiras)

-Lamentamos que tenha que acabar assim!

(A terra explode numa explosão de galáxias. E o fim se aproxima.)

terça-feira, 26 de maio de 2009

Oito.

Fechei os olhos, procurando desligar-me de tudo aquilo. A água quente escorrendo sobre mim foi como um bálsamo, um alívio quase imediato de tudo aquilo. Todo aquele absurdo.

Geralmente, quando acordava naquele estado, após ter exagerado na bebida no dia anterior, eu quase sempre trilhava o caminho da auto-comiseração. Algo que eu mesmo sabia que odiava, mas não sabia evitar.

O que estava eu fazendo ali? Ainda?

O encanamento da velha casa chiava e suspirava ao meu redor. Abri os olhos brevemente, e olhei em direção à porta do recinto. Será que aquela coisa, aquela alucinação, seja lá o que for ainda estava ali, por detrás da porta? Não sabia.

Para dizer a verdade, naquele momento, era o que menos me importava. Tudo que eu desejava é que aquele chuveiro continuasse a funcionar. Foda-se o resto.

Como sou um idiota, minha voz interna de meus pensamentos me disse. O que eu estava fazendo naquela casa bizarra, vivenciando todo tipo de evento estranho, com todos os sinais me indicando a saída pela direita, a necessidade fremente de sair dali? O que eu estava tentando provar?

Fechei forçosamente os olhos e pensei. Na verdade, eu não estava tentando provar nada. O que tinha me acontecido até o momento antes de conseguir este "emprego" de ser zelador desta merda mau-assombrada, tudo aquilo havia me...drenado de expectativas, havia ceifado-me as esperanças, havia me transformado nesta coisa derrotada. E eu estava cada vez mais aceitando tal renúncia, abraçando-a.

Tomava todas as decisões erradas de propósito. Enchia a cara para tentar silenciar meu pouco bom senso que ainda restava, surrado e maltrapilho em algum local de meu cérebro. Eu sabia que estava agindo feito um idiota, e não tentava me impedir, me conter.

O rumor dos canos ao meu redor parecia uma orquestra de violinos desafinados. Perfeita trilha sonora para este momento derrotista.

Mas...algo dentro de mim parecia me dizer que havia algo que tinha me empurrado para aquele local. Para aquela casa. Não necessariamente um...digamos, impulso "suicida" idiota feito encher a cara todos os dias. Parecia que...algo me queria ali.

Algo havia me feito apanhar o jornal naquele dia em particular, avistar aquele anúncio. Eu estava tão acabado na hora que nem pensei duas vezes, o máximo que queria, que ambicionava, era alguma fonte de renda e algum local onde pudesse ficar e me acabar. O emprego ali ofertado solucionaria as duas pêndencias. Caiu feito uma luva.

De repente, algo me fez interromper meu monólogo interno. O ruído dos canos havia cessado.

A água continuava a correr, no entanto. Abri os olhos e foquei-me nos registros à minha frente. De repente, a água se tornou fria como gelo, e subitamente senti dificuldade para respirar, decorrente de tal choque térmico. Dei um grito, e um passo para trás, distanciando-me do jato gelado emitido pelo chuveiro.

Foi então que senti. Alguém estava me olhando. Alguém...ou algo...estava atrás de mim.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Fui enganado! Agora é tarde?

Ah, zigunda feira novamente. Mas tá valendo, apesar de ser de fato um dia nada amistoso aos nossos olhos, corpos, ou seja lá o que for, especialmente nestes dias que o frio está começando a dar as caras, quando levantar da cama torna-seuma tarefa difícil...O fim de semana, no entanto, foi bastante aprazível, e tirando um acontecimento que aconteceu no encerramento do mesmo, estou de boa, bastante falante e escrevinhador destas coisas aqui. Enfim.

Bem, estive a discutir certas coisas no fim de semana, coisas a que estamos sujeitos, consumidores que somos. Um amigo meu, recentemente resolveu aproveitar a dita promoção da provedora de internet e outras cositas más que é a GVT, e deu um senhor upgrade em sua conexão para com este mundo virtual a que estamos todos conectados. A promoção é realmente chamativa: passar de uma conexão de 1 mega para 10 megas é algo que eu mesmo cheguei a pensar seriamente, vendo os valores do serviço em si.

Mas, otimista nato que sou, na hora pensei: qual é a pegadinha?

Elas sempre existem neste tipo de oferta, repare. Se você reparar, existem as famosas letras miúdas no final de cada contrato fechado com este povo. No caso, acho que a pegadinha é mais discreta; o contrato mínimo é de 2 anos, sendo que no primeiro ano a conexão é de fato de 10 mega, e depois deste periodo, muda completamente para, se não me engano, 1 mega durante a semana e 3 mega no finds. Até aí não considero tanta enganação assim, pois deixam bem claro isso. O que acontece é que por esta promoção ser tão inacreditável assim, muitas pessoas migraram pra tal serviço, e a coisa desandou bastante.

O que se pensa quando assinamos uma conexão com tal velocidade? A primeira coisa que me vem à cabeça é downloads rapidíssimos. Filmes, músicas, jogos, iates, mulheres, mansões e...er, não, falando sério. Eu penso em termos de adquirir muitas coisas piratamente falando(sejamos francos, somos todos piratas, corsários, filibusteiros e afins - eu sou pelo menos e fodas. Este tema será retomado outra ocasião). Nunca assinaria tal coisa para ficar vendo orkut, assistindo videozinhos quadrados no YouFucker ou coisas assim.

Acontece que, devido ao imenso número de pessoas que migraram para tal serviço, creio que eles ficaram sobrecarregados e estão bloqueando o funcionamento de todos os programas de download ponto a ponto. Legal isso, não? Um monte de pessoas podem falar que isso é medida para limitar pirataria, blah blah blah. Não me interessa discussões sobre pirataria aqui, não neste texto ao menos; o que quero enfatizar aqui é esta merda de sermos sujeitos a este tipo de enganação, pagar gato por lebre por assim dizer. Acontece mais do que imaginamos. E este não é o únic tipo de absurdo. Eu estava ponderando outro dia sobre outro absurdo que existe em se tratando de serviços de telefonia móvel. Possuo um aparelho que funciona com créditos.

Alguém pode me dizer que porra é essa de validade de créditos??? Como assim? Você já viu algum cartão telefônico, destes de orelhão, com validade nos créditos? Por que então, existir tal absurdo em créditos de celular. Eu possuo um aparelho que funciona no sistema de créditos justamente por que não quero pagar uma conta por mês, eis que o utilizo com frequência ínfima. Não creio que preciso pagar uma conta, onde existem tantas outras letras miúdas forçando-me a pagar isto e aquilo por mês. Mas como os provedores de tais serviços sempre têm de sair lucrando em cima dos consumidores, poem esta validade rídicula sobre os créditos. Minha última recarga foi de 20 reais, sendo que quando fui privado dos serviços por que a dita validade caducou, eu tinha gastado aproximadamente 5 reais. Agora tenho que pagar mais 20 ou 15, que seja, para poder usar a joça novamente, sendo que tenho plena certeza que usarei 5 reais disso ate que tal prazo expire novamente. Muito bunito.

Pois sim, bando de safados. Enfiem a validade em seu cus.

Bem, retomarei mais sobre esta discussão em outra ocasião, bem como o assunto sobre pitrataria também. O tempo ruge e há serviço a ser feito. Hu-há.

Enfim, vou nessa, até amanhã....

sexta-feira, 22 de maio de 2009

The pleasure & the pain.

"(...)It's not that I want to get married. I admire guys who can commit to a tattoo."

--Chuck Palahniuk, Survivor.

Sim, promessa é dívida, então aqui estou eu nesta manhã de sexta feira, e embora não seja uma manhã muito inspiradora, ou melhor dizendo, uma manhã em que estou meio desanimado, irei ainda assim escrever sobre o que me propus ontem.

Pois bem. Uma de minhas grandes aflições relacionadas ao meu problema no ombro esquerdo é que coincidentemente também este é meu braço mais...decorado de todos. Sim, um dos motivos que mais me aflige quando se fala de ter que fazer alguma intervenção cirúrgica que seja naquele local é exatamente este. Qualquer corte ali estragaria muito a Fênix que ali habita.

Não sei bem a que altura de minha vida comecei a ficar enamorado com este tipo bastante peculiar de arte, mas me lembro bem do dia em que me dirigi a um estúdio de tatuagem pela primeira vez, em setembro de 1998. Um de meus amigos mais chegados me ofertou dar de presente naquele ano uma sessão com um dos melhores profissionais do ramo naquele ano. Fiquei uma tarde examinando desenhos nos álbums ali presentes, e de repente avistei o que mais me agradou - evidentemente, um dragão, que ainda habita soberano meu braço direito.

Lembro-me que este amigo em questão achou que fosse um desenho ridículo, e ainda me aterrorizou dizendo para me preparar, pois iria ser algo bastante dolorido. Não obstante toda esta encheção de saco, estava determinado a fazer aquilo, e se perguntassem, não saberia bem dizer por que. Então, naquela tarde, cheguei ali, tirei a camisa e esperei, rangendo os dentes de ansiedade.

Eu estava prestes a me marcar permanentemente, algo de fato indelével seria gravado em minha pele. E se ficasse ruim? Confiava na palavra de Antônio, que dizia que aquele cara era o melhor desta cidade. Marcão, o tatuador em questão, fez o molde do desenho em uma folha de papel de seda e imprimiu a coisa em meu braço. Depois, preparou as máquinas, as agulhas e as tintas.

Eu não tinha a menor idéia de como era o processo, mas estava achando tudo fascinante. E quando ele aproximou a máquina devidamente preparada de minha pele, lembro-me que fechei os olhos e esperei por uma dor absurda. Mas...não era bem assim. Não digo que não senti nenhuma dor, mas nem de longe era tão terrível como tinha esperado que fosse. Fiquei acompanhando todo o processo de perto - evidentemente - e achando tudo ótimo. A sensação evidentemente não é agradável, não me tomem por um masoquista. Eu diria que é uma combinação de dor e calor...algo como se estivesse sendo riscado com uma faca quente. Ehehehe, parece ser terrível, mas eu achei extremamente tolerável.

Duas horas depois, estava pronto. Eu não podia estar mais satisfeito. Havia ficado lindo, muito melhor do que esperava. Fui para casa com o braço embalado em filme de PVC sanguinolento, lavei a coisa em água quente e olhei no espelho. De fato. Havia ficado muito foda aquele bicho em meu braço. Naquele momento eu soube. Nasceram ali duas paixões que reinam em mim até hoje. A paixão por tatuagens em si...e pelo bicho que ali foi representado. (Este tema será recorrido em outro dia, no entanto.)

Eu realmente me submeti ao processo várias vezes desde então - algumas tatuagens maiores exigem várias sessões para ficarem prontas; e não me arrependi de ter feito nenhuma delas. Não cobri minha pele inteira com estes desenhos, mas creio que se tivesse tempo e dinheiro, eu no mínimo teria mais coisas impressas em mim. Todos os tatuadores adoram minha branquelagem; é uma das poucas vezes que ser bicho de goiaba foi-me útil para alguma coisa. Engulam isto, bullies de merda do colégio dão silvério.

E como afirmei no princípio desta crônica, elas são o meu xodó, umas das poucas coisas em mim que eu realmente gosto de fato, que eu amo de fato. Como meu braço esquerdo é dito "fechado", isto é, praticamente todo recoberto por uma única tatuagem, bem no melhor estilo yakuza que Marcão soube emular, quando imagino que teria de cortar ali....aquilo me cortava a alma. Ainda não sei ao certo o que terá que ser feito a respeito do problema, pois ainda não fiz os exames necessários para a completa avaliação do problema, mas desejo do fundo de minha alma, que não seja necessária uma intervenção invasiva ali.

É engraçado, que quando li o livro citado no início deste texto, quando vi esta frase citada, eu parei para pensar nesta analogia proposta por Palahniuk. De fato, presumo eu que possamos fazer tal análise, se levarmos em conta que é uma união permanente entre seu corpo e um desenho; mas não é absolutamente certa, pois não é preciso ser muito inteligente para saber que tirando a dor do processo em si, uma tatuagem não te exige mais nada. Quer dizer, eu mesmo tomei conta delas enquanto cicatrizavam igual se estivesse cuidando de filhos - ou o mais próximo disto que já senti. Mas este sou eu, o detalhista. Nem de longe comparo isto com um relacionamento com pessoas.

Em outra ocasião me disseram que me admiravam por ter tido esta...coragem. Ao que repliquei, coragem? Que coragem, como assim? Não entendi direito, mas acho que tem a ver como fato de ser algo permanente, como disse anteriormente. Presumo que tenha algo a ver com o preconceito das pessoas, estas idiotas. Sim, isto de fato existe ainda, apesar de que melhorou bem desde a época que fui marcado em 1998 para cá. Nunca me importei com isto, para dizer a verdade; se alguém me julga por algo como uma tatuagem, sei que estarei tratando com um ser humano desprezível. E que não merece minha atenção.

Eu admiro muito as tatuagens de outrem também, se são de bom gosto e bem feitas(em especial nas moças; acho extremamente atraente...mas não entenda por isto que gosto de coisas como aquela Penélope da MTV, aquilo é o que eu considero um exemplo típico de exagero e de mau gosto em se tratando de tatuagens), mas ainda - pois de fato, por ser algo permanente, eu sempre recomendo a todos que me perguntam se vale a pena fazer, que pensem bem a respeito antes de fazer. Me lembro que quando senti plela primeira vez a vontade de fazer uma, tinha algo como 15 anos, com aquela cabeça típica de aborrescente. NÃO recomendo que ninguém o faça sem ter uma cabeça mais feita, que realmente saiba que desenho deseja, e que sempre NÃO poupe gastos ao fazê-lo; escolha um profissional que realmente seja bom de serviço. Pesquise trabalhos do cara, veja se as tatuagens se mantêm "firmes e fortes" ao longo dos anos. Eu gastei uma boa grana nas minhas, mas a mais velha já fez mais de 10 anos e está bonita até hoje. Foi uma grana bem gasta.

Um de meus amigos, que tem quase a minha idade física, sendo dois anos mais novo que eu, mas que é dotado de uma idade mental de algo em torno de 300 a 1500 anos, não concorda comigo, pois diz ele que a "cabeça muda muito, você faz algo hoje que acha massa e daqui a uns anos irá se arrepender, blah blah blah". Não concordo com ele, mas sei que ele não está inteiramente errado, pois é muito fácil realmente ser volúvel hoje em dia. Eu adoro meus dragões e minha fênix até hoje, e creio que sempre irei gostar. Mas sei que pessoas hoje em dia consideram tudo muito descartável, assim é o mundo moderno. Portanto, algo permanente como uma tatuagem de fato pode vir a ser um problema para tais pessoas. E como disse, não podemos nos esquivar da cabeça pequena dos preconceituosos, que existiram, existem, e existirão, sempre, sempre. Eu recomendo que ao menos as tatuagens possam ser escondidas se voce tiver que lidar com este tipo de gente. As minhas são facilmente ocultáveis; várias vezes já surpreendi pessoas com elas, ainda mais na época que ainda usava óculos. Com aquela cara de nerd bem-comportado, muitas pessoas se espantavam que eu fosse "bordado".

E eu acho isto engraçado até hoje; gosto de fazer estas pessoas se espantarem. É muito fácil julgar o que está na "superfície". Mas as pessoas têm seu lado oculto, por assim dizer. E me divirto muito com as que se espantam que eu possa ser um cara que me sujeitou a tanta "dor" para conseguir tais ornamentos corporais. É massa ver o julgamento preconceituoso das pessoas ir por água abaixo. Como diria o falecido Marcão, sou o tal "nerd do mal". Ehehehe, muito mal mesmo, ô. Ahahahahah. Mal PRA CARAIO!

Enfim, não creio eu que uma tatuagem é algo como um casamento, mas de fato pode-se dizer que sou mais propenso a assumir...sei lá, um compromisso como este. O fato de ser eternamente marcado, a tinta e agulhas. Para sempre.

E que elas permaneçam íntegras, é o que peço. Sei que irei morrer se tiver que estragar meu braço esquerdo...ainda mais agora que meu tatuador "favorito" não está mais vivo. Quem iria poder consertar algum eventual estrago?

Enfim, este foi um de meus maiores textos até então. Espero que não tenham fritado a paciência de vocês...

E eis que o semana-fim se aproxima, e eu tenho que trabalhar. Até mais...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Alívio. Doce alívio.

A semana aproxima-se de seu fim, e mais uma vez cá estou eu a escrever, pelas manhãs, assim que aqui chego. Sendo minha primeira e de fato única obrigação, por assim dizer, que realmente me importa no meu dia a dia, não é de se espantar que ataques como o da terça feira desta semana aconteçam. Nãom, hoje não me encontro sedento do sangue alhei, mas desejo escrever sobre a aflição que me atormentou por dois meses, e mesmo ainda não estando sanada, caminha para isto.

Trata-se do fato que há aproximadamente dois meses atrás comecei a sentir uma sensação desconfortável no ombro esquerdo. Como praticante amador de exercícios caseiros por minha própria conta, quando senti a coisas pela primeira vez, presumi que tal coisa era decorrente da prática incorreta ou sobrecarregada de alguma modalidade de meu programa de exercitamento caseiro. Sim, de fato foi o caso, conforme verifiquei um mês depois de primeiro ter sentido o desconforto. Após ter passado por um médico que não me inspirou muita confiança e de ter feito quinze sessões de fisioterapia, a coisa não melhorava, de forma alguma. Au contraire, na verdade sentia que estava só piorando.

Como estamos todos sujeitos a termos com profissionais da saúde que não necessariamente acertam o diagnóstico, e por de fato não ter sentido muita confiança no ortopedista que me atendeu - ele me esticou o braço pra cá e pra lá, torceu e destorceu, mas não senti nada particularmente dolorido - resolvi procurar outro médico, outra opinião sobre o caso. Pois, apesar de que atualmente sempre que temos com médicos geralmente sigifica um breve exame local e a recomendação de um zilhão de outros exames, que nos toma tempo e dinheiro e ânimo, tal ortopedista não pediu nenhum exame mais detalhado da região afligida, e apenas recomendou a fisioterapia. Não sou médico, apenas entendo um pouco da fisiologia humana por ter feito um curso relacionado a uma área biólogica; além disso, como já disse várias vezes, sou o derrotista número um, que sempre acredita que a merda é maior do que aparenta ser. Junte-se a isto o fato que seus AMIGOS, muy amigos, te olham jocosamente afirmando, "É a idade, o senhor provavelmente terá que entrar na faca!" (O tema acerca da necessidade das pessoas em encher o saco, mesmo de seus amigos, será retomado em outra data).

Eu realmente fiquei achando que o pior aconteceria, que eu estaria com um problema mais sério na articulação, na cartilagem interna pelo que pude constatar em minhas leituras nesta moderna enciclópedia que é "as internétis", e já estava preparando-me para o pior. Marquei a consulta com o outro médico, e ontem na parte da tarde ali estava eu, preparando-me para o baque. Claro, eu sempre soube que não podemos levar TÃO a sério o que lemos na rede mundial, nem que o fato de não ser médico me prevenia de realizar um diagnóstico correto da situação em si, mas o espírito de Murphy, que a tudo comanda, me inspirava o terror de ter que apenas confirmar o pior em meu caso. Logo, láááááááá no fundo havia a esperança, esta sobrevivente de duras penas em minha pessoa.

Quando entrei na sala, o médico me inspirou mais confiança que o anterior. Um bom sinal, creio eu, mas raramente devemos levar a cabo tais impressões; não obstante isto, ele me perguntou se o outro médico nem ao menos havia requisitado outro exame, um raio X, qualquer outra coisa. Neguei, e ele prosseguiu em realizar o exame físico. Na primeira tentativa, ele segurou meu ombro apoiando seus dedos num ponto da articulação e me pediu para tentar levantar o mesmo. Imediatamente, senti o que ele estava esperando - dor. Ele fez outros exames e me disse que estava com tendinite na inseçaõ do bíceps ao ombro, mas mesmo assim requisitou uma ressonância magnética no local para ter certeza de que realmente era só isso.

Disse-me que o tratamento para tal coisa é apenas fisioterapia, e me passou ainda um anti-inflamatório, que comecei a tomar ontem e que fez com que a sensação bizarra se esvanecesse. Afirmo que após sair dali, sentia-me tremendamente aliviado. Sei que é cedo para cantar vitória - afinal, não fiz a ressonância ainda, mas sinto que estou no caminho certo. Se for de fato apenas isso, não terei que fazer operação nenhuma, o que me agrada deveras.

Somos todos seres incorretos, sujeitos a errar, mas é relamente complicado quando ficamos nesta corda bamba que é depender do diagnóstico de profissionais de saúde. Hoje mesmo ouvi relatos de casos semelhantes aqui no serviço, dúvidas eternas sobre o que fazer, se estamos sendo de fato corretamente diagnosticados e quejandos. Com esta correria que é a vida moderna, sei que é ruim ter de ficar caçando mais que um médico, que faz-nos repetir o calvário de tantos exames e tantas aporrinhações, mas às vezes é bom confiar no instinto. Eu tinha quase plena certeza que o diagnóstico do primeiro ortopedista estava errado, e agora parece-me que estou no caminho certo. Pelo menos assim espero.

Eita. Como é estranho escrever de supetão como eu faço; o tema inicial do problema ortopédico deveria ter-se ligado a outro fator que estava me deixando um tanto intranquilo, mas que depois de escrever tantas e tantas linhas, terei que deixar para amanhã para retomá-lo. Ficará aqui o famoso "cliffhanger" para amanhã então.

O importante é que não terei que esfrangalhar nenhuma obra de arte que sou mero suporte. Adianto apenas isso. Alguns já devem saber do que estou a falar, que tornarei a falar depois...

E agora, para algo completamente diferente, TRABALHO. Hu-há. Hasta mañana(blah).

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Física Quântica.

Em o caminho, havia uma pedra, e em cimada pedra havia uma garrafa de cianureto. Erguendo-a, saudei aos corpos de todas as mulheres que passvam, mas que ali não haviam, e tomei tudo de uma tragada só. Evidentemente, morri, mas a morte não se apressou muito em cruzar meu caminho, fui ter com ela meses adiante, em outras paragens, anos depois que a independência do Sri Lanka foi declarada em uníssono em uma conferência das nações nada unidas, em Honolulu.

Claro, como estava no Havaí, era-me extremamente necessário pegar uma onda, nem que fosse uma marola. Catei minha prancha e dirigi-me ao mar, não sem antes ter passado em um bar, que também era um lar de uma família de chineses que imigraram da Coréia para aquelas paragens mais amenas. Chegando à arrebentação, arrebentei a tiros todos os demais surfishtash cariocash que ali se encontravam, e peguei minha onda, batizando-a de Criméia e levando-a para passear no zoológico central. Mas, ali chegando verifiquei para meu horror que ornitorrincos ali não haviam; informaram-me que seria necessário rumar à Oceania para que udesse avistá-los com meus próprios olhos.

"E se," perguntei eu ao sub-gerente vesgo do hotel de animais, "eu quiser ver tais animais com os olhos de outrem?" O gerente, ou sub-gerente, ou vice-presidente, que apresentava-se impecavelmente asseado, cofiou sua barba, mediu-me dos pés à cabeça e me informou que seria necessário então obter os olhos de outrem para a execução de tal tarefa. Ao que eu tirei de meu bolso meu kit cirúrgico e meu clorofórmio, e avancei em direção à triste figura.

Após desembarcar no aeroporto Internacional de Sydney, ouvi que um certo Magal estava entoando cânticos de louvor à baranguice humana adiante. Correndo como louco, saí daquele nefasto local, onde tantas e tantas domésticas se acotovelavam enquanto gritavam o nome de tal bardo. Provavelmente, sonhavam com Roberto, o Carlos enquanto seus ouvidos eram preenchidos pelas narrativas de amor hediondo entoadas ali. Apanhei um táxi, informando ao motorista que era-me vital que avistasse um exemplar daquela quimera, orgulho nacional daquela nação. Ele piscou para mim conspirativamente, e rumou em direção ao depósito de lixo nuclear de Canberra. "Ali garanto que o senhor irá avistar vários exemplares de tal animal, ou ao menos eres deformados semelhantes." Espantei-me com seu português impecável; mas ao verificar posteriormente que tal indivíduo era filho de holandeses, a lógica não me permitiu concluir outra coisa: o presidente dos Emirados Árabes não seria americano, pois não.

Saí do táxi e dirigi-me a pé para a cratera radioativa que se encontrava metros adiante. Mas para meu despontamento geral, ali nada havia além duma placa que anunciava o loteamento do local para deficientes físicos diversos. Rumei em rumo ao rumo de Darwin então, onde esperava encontrar-me com o ancião teorizador da teoria mais aceita no mundo inteligente acerca da evolução das espécies, na esperança de discutir com ele porque diabos a evolução havia produzido desastres naturais ou não, como o ornitorrinco em si, cães da raça poodle, Fernando Collor de Mello e o ser humano em si, este sim a verdadeira hecatombe jamais dantes produzida por eventos aleátorios de milhares e milhares de anos.

Ali chegando, fui informado que tal senhor havia falecido em 1882, e que estaria ligeiramente indisposto, não podendo me atender no momento. Frustrado, procurei então rumar para o interior do continente que me encontrava, mas ali só encontrei um deserto e um cara correndo, acompanhado de um estranho artefacto que emitia um som bizarro e que acampanhava o maratonista feito um fiel cão sabujo. Rumei para a Nova Zelândia, onde encontrei um senhor obeso e com espessas barbas, que comandava uma multidão de cinegrafistas. Fui informado que tais senhores eunucos pretendiam filmar uma película denominada A Bobbit. Senti uma aflição icomensurável em meus genitais, e saí dali correndo, com medo que alguma frustrada dona de casa cortasse meu pinto e atirasse tal coisa de um carro em movimento. Triste é a história de Lorena, mas mais surpreendente é a reimplantação de uma carreira pornográfica do mutilado em questão.

Quando cheguei em casa naquela noite, estava tão cansado de minhas aventuras por sobre aquele meu glóbulo natal que atirei-me na cama, e para minha surpresa, acordei minutos mais tarde no dia de hoje, revigorado e triunfante, e dali parti em busca de novas emoções. Sentindo que estava a parafrasear Carlos, o Roberto, suicidei-me com um par de tiros desferidos às têmporas, e vendo que após a morte de mim mesmo ainda reinava em mim a vida, saí arrastando minhas pernas em busca de massas encefálicas em outras paragens que não ali.

terça-feira, 19 de maio de 2009

O poço e o pêndulo.

O título das linhas d'hoje é em homenagem a um autor por mim muito apreciado - Edgar Allan Poe - e que resume bem o tema que pretendo discorrer nesta manhã. Não tem nada a ver com a história(genial, diga-se de passagem) de Poe em si, mas sobre estas mudanças súbitas de humor que nos levam subitamente a um poço de lamúrias. Tudo bem, esqueçam a colocação de "nos levam" e ponham em seu lugar "me leva". Pois parece-me que sou um ser único em se tratando de ficar anti-social e reclamão, se é que tal adjetivo de fato existe no cunho vernáculo desta nação. Enfim.

Mas sinceramente me espanto com o tanto que meu humor é - por falta de uma denominação mais adequada e ainda aproveitando para me auto-depreciar um cadinho mais - volúvel. E isto não me deixa nada satisfeito. Uma das ditas "nóias" mais constantes neste noiado é exatamente esta. Presumo que fatores como a noite mal dormida de ontem seja um dos prováveis fatores que resultaram na mudança de meu humor. Pois ontem, apesar de ser segunda e "etissétra", estava de bom humor, como pôde ser constatado na crônica diária semanal do mês que escrevi.

Ontem à noite, entretanto, fui tentar dormir lá pelas onze da noite. Digo tentar pelo simples motivo que faz um tempinho já que ando dormindo muito mal, tendo recorrido mais de uma vez à auxílios químicos - não ilegais e não dependentes de receitas médicas para serem adquiridos, em qualquer farmácia por aí - para levar a cabo tal tarefa. Mas qualquer pessoa com um pouco de bom senso sabe que isto é um procedimento nada saudável. Então, ontem não recorri a tais fármacos anti-heméticos(vivam os hífens, reformadores ortográficos de merda), e, quando tudo parecia que ia dar certo, quando estava prestes a cair nos braços de Orfeu, o som da voz de alguém cantando alhures me pareceu o som de pernilongos(pelo menos assim me pareceu na hora), e acordei.

Naquela hora, eu soube que não iria conseguir mais dormir, pois senti que estava em estado de alerta, tentando verificar se o som que me despertara era de fato proveniente daqueles ínfimos insetos que tanto odeio. As horas escorreram lentamente, e creio eu que alternei momentos de semi-sono e sono, tendo me levantado em um momento com o intento de ceder à farmacologia para me auxiliar na hercúlea tarefa de dormir, mas como verifiquei que eram 3 da matina, soube que não me adiantaria fazer tal coisa. Voltei para a cama e fiquei lá rolando até que o despertador inutilmente soou, pois que já estava com os olhos esbugalhados, dotados daquela hiperemia tão bunita. Hu-há.

Desde então, todos meus pensamentos foram típicos de meu estado ativado - ranzinza - que mais habita minha personalidade. Sei que é extremamente chato lidar com uma pessoa neste estado, ainda mais logo pela manhã, mas...estou cada vez mais convencido que sempre serei desta maneira chata, mesmo que me digam que...só sou assim porque assim o desejo. Não recomendo dizer esta coisa para este que vos escreve; já tive ganas de matar cruelmente todos que já me disseram tal coisa. Pois eis que afirmo veementemente - NÃO, eu NÃO desejo ser assim, eu NÃO gosto de ser assim, eu NÃO desejo ser sempre assim. Apesar de ter passado 32 anos incompletos aporrinhando meus amigos com estes meus "mood swings". E sei que é um saco; sou dotado de ferrenha autocrítica, como vivo dizendo. E é verdade. Sou capaz de me ver do lado de fora, por assim dizer, de me contemplar na maioria de meus momentos em que sou atacado por estes meus surtos de TPM(as leitoras femininas, se é que existem, que me desculpem, não consigo pensar em outro adjetivo para estes eventos) e de me reeprender seriamente. Sério, eu mesmo fico com vontade de me cobrir de porrada nestas horas.

E por mais que me digam que eu deveria estar grato pois tenho isto e aquilo, pois sou isto e aquilo, pois tenho saúde e quejandos, blah blah blah, isto não me vale muito nestas horas. Ao contrário; faz-me sentir mais sórdido e execrável ainda, pois eu realmente deveria ser menos "whiny bitch" a respeito destes "problemas", que de fato são desprezíveis em comparação a problemas de verdade como os que tantas pessoas vivenciam em seu dia-a-dia. Eu sei disso. E como disse, que consolo tenho em sabê-lo? Nenhum. Faz-me sentir ainda mais idiota saber disto. E mais incapacitado ainda, pois como resolver então este drameco de Marcos, o Buriol?

Só matando mesmo. Ou fazendo-o sentir na pele o que significa sentir dor, ter algo concreto para reclamar de fato.

Argh. Eis que escrevi inhas e linhas de reclamações idiotas. Me desculpem, hei de parar por aqui, à espera de que o Sarcástico Supremo se encarregue de me enviar a punição por ser tão reclamão. Ha ha ha. No dia em que não puder mais me zoar, me ridicularizar perante meus próprios olhos, estarei de fato morto, e terei deixado de encher o saco daqueles que me aturam até hoje. Ou então, se eles tiverem um mínimo de bom senso irão me encerrar em algum sanatório em terra estrangeira, pois ali poderei xingar e reclamar à vontade, sem que ninguém me entenda.

Hey, ho, let's go. É hora de parar com isto e tornar ao trabalho.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Hollytrash!

Comecemos mais uma semana, comecemos com o frio, comecemos com a revisão do fim de semana, que foi um dos mais divertidos dos últimos meses deste ânus domini de 2009. Desde meados de...er, 2001, 2002 creio eu, costumo realizar encontros com alguns amigos meus, igualmente biólogos, para a degustação de inúmeras porcarias de excelente paladar, mas de duvidoso teor salutar, onde ficamos horas e horas conversando sobre os mais diversos assuntos. Bons tempos. Diversão garantida, sempre que tais eventos acontecem, sinto-me revigorado.

De tempos para cá, não sei bem a que altura da contagem dos anos, começamos a incluir em tais reuniões a exibição de películas cinematográficas de qualidade discutível mas diversão garantida. Tratam-se de famosos filmes trash, por assim dizer. Filmes como os exibidos na nossa sessão do fim de semana, que quase nos levaram às lágrimas...de tanto rir. É curioso isto; muitas pessoas nos perguntam por que diabos o fazemos, por que assistir filmes execráveis, rídiculos, mas a resposta está na ponta da língua: para nossa diversão, como já disse.

Sou apreciador de bons filmes, de enredo intrincado e boas atuações, tais como L.A. Confidential (me recuso a escrever a tradução tupiniquim deste título), mas igualmente gosto de me desligar de malhações cerebrais de filmes bem-produzidos para me soltar e rir a não mais poder de filmes como o mais comentado do fim de semana, a saber, Hard ticket to Hawaii. Creio eu que tal coisa não chegou a abarcar em terras(ou telas) brasileiras na época de sua produção(1987), portanto não existe a tradução para tal título. Não que isto faça falta; os tradutores, ou melhor dizendo, os boladores de títulos aportuguesados realizam sua tarefa de forma tão hedionda que deveriam ser abatidos a tiros.

Enfim, quando o evento terminou, na tarde d'ontem, eu mesmo me perguntei o que nos leva a fazer tal tal atividade, mas proponho a qualquer pessoa que assista o filme em questão para que tal segredo seja desvendado. Este filme será para sempre por mim recordado, por ser uma coisa tão...abjeta, inexplicável, rídicula, e outros tantos adjetivos. É um exemplo de gasto de milhares de dólares para se obter um filme que só pode ser sumarizado propriamente com único adjetivo: risível. E rir ainda é o melhor remédio, para tantas e tantas agruras da vida.

Sério, se puderem, tentem obter uma cópia de tal filme e assistam. O enredo é complexo, com policias havaianas, interpretadas por coelhinhas da Playboy(sério!!), com uma cobra jibóia de borracha supostamente "contaminada por comer ratos com câncer"(ahahahahahah!!!), tiros de bazuca indoors, helicópteros de controle remoto e roubos de diamantes., sem falar dos figurinos fantáticos a la anos 80, a presença inexplicavél de lutadores de sumô(!) em certo momento do filme, frisbees cortantes, etc, etc. Mas a cena mais antológica, a mais aplaudida do filme se resume a um bizarro encontro entre os "mocinhos" do filme e um vilão aleatório que os enfrenta...montado num skate. Outro detalhe crucial de tal cena também inclui uma boneca inflável(!).

Eu mesmo fiquei pasmo quando assisti a tal cena. Tive de aplaudir de pé tal registro cinematográfico. Me perguntei o quê DIABOS se passou na mente dos criadores de tal filme quando conceberam esta cena em particular.

Se quiserem testemunhar tal cena, sugiro seguirem tal link:

http://www.youtube.com/watch?v=XOBbmdJTLdE

Se alguém conseguir assitir tal coisa e nem ao menos achar engraçado, então irei sugerir uma visita a um psiquiatra, pois, meu amigo, se isto não for risível, então não sei o que mais poderia ser. Ou então o senhor estará morto, ou será um ser desprovido de emoções. Um robô. Pior do que este vos escreve em seus momentos mais rabugentos, que tantos que me conhecem já testemunharam.

Enfim, creio eu que o fim de semana fez-me muito bem. A presença de tais amigos sempre me dá forças ou ao menos me torna um pouco menos carrancudo. Agradeço muito a eles, que me toleram até hoje, mesmo sendo eu este ser carrancudo e anti-social que sou. E sempre a conversa em tais reuniões dá-me forças ou novas idéias para tentar resolver uma série de chatices idiotas que sempre me afligem. E fica aqui registrada a recomendação cinematográfica semanal - Assistam Hard ticket to Hawaii. É algo que merece ser visto em sua integridade. É algo único, de fato singular.

E agora devo tornar às lides escrotoriais. Até amanhã...


sexta-feira, 15 de maio de 2009

True story.

Once a boy knew
how to make monsters,
He knew
how to make them appear
out of his mind,
out of his hands,
off his hands.

These monsters,
though heinous to some,
were his friends,
were his creations,
were the offspring
of a rather unique
mind.

The boy grew into a man,
and his monsters grew also,
followed him around
became a part of him.

The monsters crept around,
though no-one else saw them,
for they were his secret.

The man who made them,
had to abandon them
to try to become The Man,
a by-product of need,
- not of greed -
when the time came.

Years passed, and still
the man was alone,
incomplete and
unfulfilled,
no longer he cared,
no longer he hoped
to become The Man.

Then a day came,
when the monsters came again
they were made visible,
through ink and pain,
through lines and shades
crawling around his skin,
carved on his skin.

Once again, the man felt
the need to make them,
the will to make them.
And so, the monsters
came forth once again,
and the man felt a joy,
a passion,
that made him complete.

The monsters, once again,
followed him around,
made him smile,
made him proud.
Out and loud,
their silent roars,
their toothy snarls,
their majestic menace,
were made visible
on a blank sheet,
out of his mind,
out of his hands,
off his hands.

And once, gathering his courage,
gathering his will,
the man showed them around,
but without a sound,
he was turned down.

The man abandoned them again.
with such a pain,
once again, he felt nothing,
he felt hollow,
he was alone,
and torn down.

Years passed on,
the man tried to forget them,
but he knew,
they were around
they were always around,
they'd never leave.

For this man knew,
the monsters were him,
the monsters would always be
a part of him.

And so, once again
he fed them,
he made them,
he created them.

For the man knew,
through trial and error,
through pain and misery,
that the monsters
were always his path,
his destiny,
his meaning.

The monsters
would make him
The Man.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

YouFuckers.

Existem muitas coisas que realmente gostaria de estudar mais a fundo para tentar compreender esta coisa abjeta que é a humanidade e suas leis. Não falo de atrocidades, criminosos queimando ônibus, pessoas idiotas dirigindo a 190 km/h ou coisas do gênero, mas coisas mais simples, como a eterna necessidade que certos países têm em mandar e desmandar no mundo e seus costumes.

Não, não falo de coisas tipo subverter nações, usurpar governos e coisas a la guerra fria, o bloco soviético contra o bloco norte-americano, pois isto nem sequer existe mais. Falo de coisas muito mais simples, como o critério usado por sei lá qual agência e/ou entidade governamental internacional que teima em fazer uma espécie de controle sobre o conteúdo que acessamos nesta rede mundial que estou a usar para escrever estes pinçamentos. Mais especificamente, estou meio que ultrajado pela "censura" que alguns sites norte-americanos, como o VocêTubo(trilha sonora para o trocadilho infame: http://www.instantrimshot.com/), está impondo atualmente.

Censura não é bem a palavra, obviamente, mas eu estranho muito o fato que muitos videoclipes desapareceram misteriosamente do site em si. O que aconteceu? No YouTube mesmo, muitos desses clipes sumiram sem dar explicação alguma. Verifiquei isto outro dia quando procurei algum clipe da banda R.E.M. ali. Só existem alguns vídeos toscos filmados por fãs em shows atualmente no site. Os ditos oficiais desapareceram. E isto está acontecendo com muitas coisas em tal site ultimamente.

Procurando em outros locais, como o mecanismo de busca de vídeos daquele "desconhecido" site que é o Gooooooooooogle, você consegue achar alguns destes cripes, mas quando tenta acessar, dizem "Desculpe, mas este conteúdo não é acessável do país onde você se encontra." Mas hein?!

Que porra é essa, é tudo que posso dizer. Como assim. Outras espécies de conteúdo internetal estão sendo-nos negadas por algum critério que não entendo, e que é o tema principal destas linhas. Falam coisas como proteção de direitos, etc. Que merda é essa? Será que realmente eles pensam que é mau negócio deixar os vídeos "no ar" nestes sites? Creio eu que é muito mais interessante para os detentores de tais direitos deixar que estes vídeos circulem. É um excelente meio de divulgar o trabalho dos artistas e até mesmo uma maneira de incitar os apreciadores das bandas a consumirem produtos como DVDs dos clipes da banda, que seja. Ou será que realmente eles acreditam que alguém prefere assistir aqueles videozinhos toscos que circulam nestes sites, com aquela magnífica resolução de 2x2 pixels? Eu posso afirmar que só procuro(ou procurava, uma vez que está quase impossível de se achar algo ali) estes cripes para quebrar meu galho, apenas para aplacar um pouco a vontade de assistir tais coisas. Sempre fico desejoso de assistir tais coisas em uma resolução decente e som de gente. O que me impeliria a cogitar a possibilidade de comprar algum DVD...

Já vi vários tipos de exemplo destas coisas estranhíssimas, como foi o caso da explosão dos videogames nos anos 90. Alguém se lembra do fato de alguns cartuchos do Sega Genesis não rodarem em nossos tupiniquins Mega Drives? Existiam áreas para o uso dos cartuchos....Alguns só funcionavam na Ásia, outros só nos Estados Fudidos, etc. Mais recentemente, temos o caso dos DVDs que têm esta mesma merda de separatismo - áreas para funcionamento, aparelhos que têm que ser desbloqueados mediante gambiarras para que se possa assitir algum filme que aquele amigo seu trouxe da Europa.

Eu não entendo isto, de forma alguma. Depois estranham que exista a pirataria. Não só pelo preço das coisas em si, mas por estas porras de leis estranhas que nos privam de sermos consumidores, como manda a cartilha do capitalismo...Bela globalização esta, de fato. Que adianta pregar esta palhaçada toda e nos ilhar? Nos privar deste tipo de conteúdo? Nestas horas de raiva, é que surge a idéia de simplesmente plugar algum programa e baixar ilegalmente o conteúdo que estão a censurar. Pra merda, seus idiotas.

Enfim, como sou apenas um cara comum, sem conhecimento profundo sobre estas coisas interessantííííííííssimas que são as leis dos homens, este mar de absurdos, prefiro ficar aqui resmungando e planejando minha vingança, usando-me da mesma rede que nos censura para acessar tal "conteúdo proibido". Enquanto isso, vídeos grotescos feito o que acabo de ter o desprazer de assistir aqui - a filmagem da cara de um sujeito que tomou um tiro de uma escopeta calibre 12 de raspão - continua a circular livremente por aí.

Quanto mais tempo vivo, menos entendo as coisas. Que paradoxo, não?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Self-service.

-Bem vindo ao serviço de atendimento do Banco de Bosta. Digo, Boston. Digite 1 para...
-Não quero digitar nada, quero registrar uma reclamação!
-...para saldos, débitos e quejandos, digite 3 para...
-Já disse que não vou digitar nada!
-...digite 6 para entregar o conteúdo de sua conta ao gurada da esquina, digite 77 para...
-Deixa eu falar!!
-...para falar com um de nossos atendentes, aguarde na linha. A que está impressa no chão atrás de você.
-Como sabe onde estou? Como sabe que existe uma linha aqui?
-Enquanto o senhor aguarda, transmitiremos uma versão punk rock de Pour Elise, em sua mais nova atualização para o jogo Rock Band.
-Pour Elise é uma peça para piano! Não existem pianos no Rock Band!
-One, two, three, four! Tiruriruriruriuriruriruriuri! Turiruriruriruiri!! Turiruriruiru!!!
-Malditos sejam estes serviços de auto-atendimento desses bancos.
(Vários minutos depois...)
-Para sua segurança, esta gravação será gravada.
-Segurança? Que segurança? E gravar uma gravação, que papo é esse?
-Banco de bosta, digo, fezes, digo, Ohio. Ó raios! Banco de Boston, em que posso lhe ser útil?
-Finalmente alguém resolveu me escutar. Estou com um problema no caixa automático.
-Sim, senhor. Qual é o problema, senhor?
-Ele não funciona. Não há nada automático aqui.
-Como assim?
-Pede-me para inserir o cartão. Ora! Um caixa dito automático deveria fazer isso automaticamente, não?
-Não senhor. O senhor deve inserir seu cartão com suas próprias forças.
-E quem irá me restituir o ATP gasto no processo?
-Não sei, senhor. Tente ao menos fazer tal esforço.
-Ah, fazer o quê. Vamos ver. Inseri o cartão.
-Qual a mensagem seguinte?
-"Digite sua senha"
-Faça-o então, senhor.
-Não. Isto não é um caixa automático! Não faz nada automaticamente, eu tenho que fazer tudo!
-Senhor, o terminal é automático, mas leia as entrelinhas, "Auto-atendimento"
-"Auto-atendimento"? Mas este "Auto" não é abreviação para "Automático"? Vocês estão me enganando! Quero meu dinheiro de volta!!
-Senhor, faça um pequeno esforço e complete a transação. Basta seguir os passos na tela do terminal.
-Ah, fazer o quê. Bancos só enganam a gente mesmo. Sim. Digitei a senha. Agora me pede para apertar o botão para realizar a operação desejada.
-Sim. Aperte tal botão.
-Não existe a opção que desejo aqui.
-Como não? Qual é a operação que o senhor deseja realizar?
-Uma rinoplastia.
-O quê?!
-Uma rinoplastia, seu ignorante.
-Senhor, o senhor é um tremendo idiota.
-Vai se fuder. Como ousa falar assim com um cliente!
-Senhor, tenha a bondade de dirigir-se à merda.
-Eu exijo respeito! Eu sou um cliente VIP e faço parte do PIB desta cidade.
-Sim, de fato, senhor. Vejo que o senhor faz parte da População Incrivelmente Burra.
-Vá pra puta que pariu!
-Senhor, sua mãe não estava disponível para o consumo em esta manhã na Guaicurus. Creio que estava passada, coitadinha.
-Seu filho da puta!!
-Não sou seu irmão, senhor.
-Senhor, se o senhor tiver a bondade de checar seu saldo, verificará que seus fundos estão mais fundos, tipo, no fundo do poço mesmo. Cobramos uma taxa de 600% sobre atendimento a pessoas burras.
-Seu maldito! Devolva meu dinheiro!!
-O Banco de Bosta, digo, Massachusetts, digo a capital do mesmo, agradece sua ligação, seu otário. Sua conta foi zerada devido à sua burrice, senhor. Obrigado senhor.
-Eu vou te matar, seu miserável!
-Não é possível que me faça nenhum mal, senhor. O senhor se encontra muito longe de mim para que possa fazer algum dano físico à minha pessoa.
-Isso veremos.
(sai correndo, deixando o fone dependurado)
-Senhor, queira desligar o telefone, senhor. Esta taxa telefônica lhe será debitada de sua conta, senhor.
(CRAC!!)
-Senhor, o que está fazendo aqui, senhor? Não, não nããããão, nos olhos não!

A administração do Banco de Bosta, digo, foda-se, não foi ferida durante a filmagem deste episódio nonsense de Noiado no Sótão.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Sétimo.

Nheeeeeeeccc...

Muito amistoso tal ruído, sim, de fato, pensei comigo mesmo enquanto abria as torneiras do pequeno banheiro. Nada tão suntuoso como o outro do andar de cima, do quarto proibido, mas até o momento não havia notado nada de estranho ali, não havia me olhado no espelho e dado de cara com um completo estranho trajando barbas rídiculas à cara, nada do gênero. Ainda não.

Fiquei ali olhando a água sair do chuveiro de ferro, um tanto gasto, um tanto enferrujado. Parecia que ninguém havia usado aquilo há anos. As paredes suspiravam e emitiam estranhos ruídos, o dono mesmo havia me dito isto, que não estranhasse o barulho do encanamento. Sentei-me na privada enquanto esperava a água esquentar, olhando para a pálida luz da única lâmpada.

A dor de cabeça latejava incrivelmente em minha cabeça. E eu fedia horrores. Nem conseguia me lembrar o que tinha acontecido na noite anterior...pelo meu estado, só podia crer que havia bebido muito na noite anterior - grande dedução - e que havia datilografado aquele poeminha ridículo na máquina de escrever em meu apogeu da bebedeira.

Esfreguei os dedos nas minhas têmporas, massageando aquele local. Alguém havia me dito anos atrás que aquilo era excelente para dores de cabeça. Mas de nada adiantou-me fazer aquilo. Fechei os olhos com força e me concentrei na minha respiração, tentando aplicar um dos métodos da minha ex-mulher para fazer uma higiene mental.

Não adiantou nada. Nada do que aquela vaca dizia dava certo, para variar.

Continuei com os olhos fechados, escutando o lamento da água a passar pelos canos de ferro da casa. Sim, aquela casa devia ainda contar com aquele arcaico sistema de encanamento pré-PVC, ótimo para se arrumar problemas de encanamentos que exigiam que você quebrasse paredes inteiras para se encontra um ínfimo vazamento, decorrente da corrosão.

Abri os olhos, e a luz fraca me feriu, me fazendo sentir uma adaga penetrando o nervo óptico. Foda-se para métodos naturebas e afins; eu quero mesmo é um bom e velho remédio, um Excedrin, algo bem químico, e que de fato funcionava. Danem-se os herbais, a aromaterapia e o caralho apregoado pela hippie. Sim, hippie! Vaca, vaca, vaca!

Eu já estava berrando e me arrependendo disto. Calma. Controle-se, você só vai piorar esta merda de dor de cabeça. De qualquer maneira, eu precisava de tomar um remédio. A coisa estava se tornando insuportável, a ponto de falar mais alto que meus pensamentos.

Grunhindo, arrastei meus pés até a porta, para me dirigir ao meu quarto e pegar meu frasco de comprimidos. Abri a porta, mas não passei do batente.

À minha frente, havia um corredor imenso, cheio de portas e forrado por papel de parede vermelho. Era impossível de se ver o fim do corredor, apenas era possível ver à distância um par de pupilas vermelhas que me espreitava.

Suspirando, fechei a porta e tornei ao meu vaso; enterrei minha cabeça nas mãos e fiquei ali, sem saber o que fazer, ouvindo a água passar pelos canos. Olhei novamente para o chuveiro, a água que dali brotava estava fumegante agora.

Dane-se você, sua casa de hospício. Eu quero agora apenas tomar um banho. Me deixe em paz apenas pelo tempo que durar este banho, por obséquio. Me despi e entrei no pequeno box de vidro do chuveiro.

Você que espere, sua casa maldita.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ritual pós-fim de semana.

"O melhor dia da semana é a segunda-feira! Faltam 7 dias para a próxima."

Pois sim. De fato, eu gostaria de acreditar nisto, mas creio eu que esta filosofia só funcione plenamente em outros dias, feito quarta-feira. Sem querer soar feito um velho irascível, penso eu que a segunda-feira tem um peso em especial, e não sou desses que realmente consegue ser exatamente otimista no dia que o despertador volta ao trabalho. É o som mais medonho de todos, na madrugada de um dia, aquele rumor pungente que conclama que retornemos ao mundo real. Algo assim. E creio eu que isto aflige a 90% da população em geral; o temor ao despertador é algo generalizado, sejam suas vítimas juízes ou garçonetes, de uma "casta" social a outra, todos odeiam os despertadores quando eles exercem sua função.

Mas, de fato, tal aparato é absolutamente necessário nesta vida que temos - é fundamental sermos pontuais, temos que trabalhar, temos que cumprir funções, temos deveres e devemos cumprir com nossa obrigação. Certo, certo. Mas é algo realmente complicado...ouvi dizer outro dia que um indíviduo normal demora muito mais tempo para acordar em si do que para cair no sono, algo feito o dobro do tempo. Segundo o texto, é algo gradual, que vai desde um estágio de semi-consciência até estarmos despertos de fato. Deve ser por isso que tantos desligam o despertador e voltam a dormir sem nem se dar conta disso, pois enqanto desligam a coisa, não estão despertos de fato, mas sim em um estágio meio que sonâmbulo. E depois vem o resultado..."O QUÊ! Oito e meia!" Maldito despertador, maldito.

Outro lado é o da possibilidade moderna de adiar mais e mais a hora fatídica de se levantar...Algo que creio eu, começou com a era dos rádios-relógios: o maravilhoso botão de SONECA. É algo muito tentador, muito bom de fato...basta um clique para vocÊ se garantir mais 5, 10 minutos de sono. Mas, novamente, pessoas que estão despertando geralmente estão sendo sonâmbulas, e acabam repetindo a dura tarefa de apertar aquele botão repetidas vezes até que reparam o que fizeram de fato e que já estão 45 minutos atrasados...Os celulares, que são muito usados como despertadores, têm esta função pressionada repetidas vezes todos os dias, creio eu.

Eu prefiro levantar assim que o maldito aparato começa a me chamar, pois já cometi o erro de cair em tentação de ficar "apenas mais 5 minutos" na cama para depois me assustar quando este número foi multiplicado por 8. E como comprovo facilmente que acordar é de fato um processo lento, sei que acordar atrasado é um estorvo da pior qualidade; no meu caso, sou infinitamente mais lerdo pelas manhãs do que qualquer outra hora do dia - costumo acordar bem mais cedo por conta disto; sei que meu ritmo é muito mais lento nestas horas. Se estou atrasado, na afobação para recuperar o tempo perdido, costumo esquecer várias coisas que me seriam importantes para a conquista deste dia estranho e brutal que é a segunda feira.

Sim, isto pode acontecer em qualquer outro dia dito "útil", mas todos sabemos como as segundas feiras têm esta aura de ser o primeiro dia da semana, e como dizem, é melhor começar as coisas com o pé direito, para o nosso bem e para o bem de todos as pessoas ao nosso redor...

Dito isto, aqui estou em plena segunda feira, a usar um tempo de serviço pago para fazer algo que não tem nada a ver com meu serviço em si, mas que faz-me muito mais sentido que qualquer planilha de Excel ou qualquer valor monetário alheio passeando por minha tela deste aparato tecnológico em que catilografo estas linhas incorretas. Incorretas pelo fato que, de fato, estou muito, mas muito de saco cheio hoje, pelo simples motivo que é segunda e que aqui é um dos últimos lugares que eu gostaria de fato de estar hoje.

Onde você gostaria de estar neste exato instante? Aposto que em seu local de trabalho, seja lá qual seja, NÃO vai ser a resposta que vai vir em sua mente. Assim o é comigo também.

Entremos em comunhão, pois eis que não estamos sozinhos, estamos todos juntos nesta corrida que é a vida.

E voltemos ao trabalho, pois estamos gastando muitos minutos contábeis, dando prejuízo para nossos empregadores...Aguardemos mais sete dias para a próxima segunda feira, sem muita ansiedade, entretanto.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O quinto Swervie.

Tum, tum, tum.

Em todas as vezes que tive que fazer algo semelhante a isto, foi sempre a mesma coisa, especialmente minutos antes da coisa acontecer em si. A mesma sensação de...ansiedade, mas levada ao extremo, em sua forma mais cruel e intensa. Frio no estômago. Taquicardia. Tremores por todo o corpo. Algo que só quem está vivenciando sabe como é opressivo.

En quanto pensava nisso, tentava não pensar no evento em si. Brincava com a chavinha dos captadores da SG, ao mesmo tempo que me espantava de estar com tal instrumento nas mãos. Que guitarra maravilhosa, tudo nela era balanceado. Era uma das mais leves guitarras que já havia experimentado, e que som. Um monstro.

Como eu havia chegado ali, como eu estava prestes a fazer o que eu iria fazer, isto era algo que realmente me espantava. Em retrospecto, creio eu que seria o acontecimento mais...estrondoso de minha vida. Algo que justificasse todo o meu caminho até aquele momento, se de fato as coisas acontecem por que têm que acontecer. Se de fato eu tivesse que vivenciar tudo que havia acontecido em minha existência, todos os momentos ruins, toda a minha até então vã existência tivesse que de fato acontecer para que chegasse até onde estava....então havia valido a pena.

Eu faria tudo de novo.

Repassei mentalmente todas as músicas, todos os acordes, as harmonias...Tentando em vão ignorar meu estado de nervo. Estava prestes a realizar um sonho de toda uma vida, e não conseguia, de forma alguma relaxar. Mas eu me conhecia bem o suficiente para saber que era assim. Por mais legal que a coisa fosse, isso não iria me impedir de ficar excessivamente nervoso. E eu sabia que isto acontecia a muitas pessoas envolvidas com palcos. Lembrei-me de uma entrevista antiga com o falecido Pavarotti, dizendo que os 15 minutos antes de qualquer espetáculo eram uma coisa horrenda, algo que ele não desejava nem para seus piores inimigos.

Agora, não era só o fato de que eu estava ali, de que eu iria tocar aquela noite que me espantava...não. Era o absurdo, o inimaginável estar ali. Algo muito, mas muito improvável. Eu agradeci a quem quer que fosse o nerd que houvesse inventado a internet. A coisa que havia me proporcionado estar ali, estar prestes a subir no palco com...aqueles caras, aquela banda. A banda. Céus.

Adam passou por mim, riu de minha cara de nervo e me disse para ficar calmo, e que estaríamos subindo em 5 minutos.

Tum, tum, tum tumtumtutmtumtumtumtutmutmtutjmtumtumtutm.

Lembrei-me de tudo naqueles 300 segundos restantes. O rabisco que eu havia feito anos atrás, e enviado para o site deles. O contato com o frontman da banda. O posterior contato com os outros membros. Gente boa, todos. A possibilidade de tocarem aqui no Brasil. O fato de Jimmy não poder vir. O convite para substituí-lo nos shows...A SG em minhas mãos era dele.

Algo inimaginável. A justificativa para toda a vida. O roadie conferia todos os instrumentos, repassou a afinação para a primeira música, Duel, que tive que reaprender completamente na afinação certa....Tum, tum, tum.

Fechei os olhos e contei. Um, dois, três...Calma, calma. Respire.

Jez e Steve George também riram de minha cara e me disseram para relaxar. Sim, claro. Estou prestes a tocar com minha banda preferida e tenho que ficar calmo. Sim, sim. Mas eu não estava agressivamente nervoso, eu estava rido à toa, apesar de meus tremores. É agora, disseram, tá na hora. Eu devia estar com 250 batimentos cardíacos por minuto. Quase não conseguia me sustentar em pé.

Mas avancei em direção ao palco, sem saber no que pensar. Tudo passava na minha cabeça, mas eu não conseguia me focar em nada.

Aquilo estaria acontecendo mesmo? Me perguntei, por entre tremores e suor frio.

Sim, estava. Naquela noite, eu era membro da banda. Eu fazia parte. Por mais que algo dentro de mim gritasse, esperneasse que era tudo mentira, eu sabia que não era. Eu estava ali, junto com eles, e iria tocar.

Isto é, se meus dedos conseguirem ter força e destreza o suficiente para tal, diante daquela descarga de adrenalina. Pé por pé, pé por si, até além da cortina.

Lá fora a platéia era humilde, mas eu realmente não me importava com o número de pessoas. Avistei ao longe alguns de meus companheiros gritando e me acenando. Fiz o melhor que pude para acenar de volta.

Anunciaram a banda....anunciaram a gente, e a galera respondeu. Olhei para Adam, que olhou para Steve, que olhou para Jez, que sorriu e começou a bater as baquetas em cruz, no ritmo de Duel.

Clec, clec, clec.

Era a hora. Adam começou a entoar as primeiras notas, e eu fiz o melhor para posicionar meus dedos firmemente. Tam, tam, tam, tam. Bateria e baixo, por favor. Obrigado.

Agora sim, eu poderia morrer feliz. Agora sim tudo que havia acontecido até então fez todo o sentido. Acho que nunca suei e tremi tanto em toda minha vida, mas eu consegui fazer minha parte, ainda que tenha mascado um pouco devido ao meus frangalhos de nervos. Mas, quando novamente me espantei em estar ali, em estar fazendo o que estava fazendo, já era tarde. Minha adrenalina não baixava, mas a partir da segunda música, eu já estava me sentindo...pleno.

Eu havia realizado um sonho aquela noite. E justificado minha existência.

Isto me fez completo.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Barulho dos infernos.

Coisas estranhas podem decorrer de fato ao longo de uma semana. Você acha um sofá no lixo, você vai cortar o cabelo e te teleportam para os anos 50, uma árvore de repente resolve que um galho ficou muito dispendioso e resolve soltá-lo em cima de seu carro, seu aparato musical preferido, ou melhor dizendo, seu acessório preferido para o aparato musical predileto resolve falhar do nada, te deixando à mercê deste mundo barulhento e nada musical.

Este último fato em especial, me deixou um tanto quanto desconsolado. Traduzindo em termos menos crípticos, o fone de ouvido caríssimo que comprei há menos de seis meses quedou-se silente para sempre ontem, por motivos indeterminados para mim. Sei que se tal coisa tivesse acontecido em meus dias de maior fúria, eu teria feito algum estrago aos objetos inanimados ao meu redor. Bem, nada de inconsequente que eu faça poderá fazer a coisa voltar a funcionar, então não adianta muito ameaçar de morte as coisas desprovidas de vida. Mas é dureza, ainda mais agora que me viciei na coisa irremediavelmente, como pude comprovar ontem no caminho de volta para casa, onde resignei-me a usar um dos fones de ouvido comuns. Não aguentei nem cinco minutos; havia me esquecido o quão barulhento é o mundo, e como estes barulhos abafam o som emitido pelos fones normais. Não é de se estranhar que pessoas se ensurdeçam usando fones: para ouvir sua música preferida, você tem que falar mais alto que os motores que por aí circulam, em detrimento de sua audição.

É estranho estas coisas, há um ano atrás, quando não tinha comprado ainda tal coisa, nunca havia sentido falta da música ambulante como sinto hoje. Faz-me pensar em várias coisas que não tínhamos acesso ou sequer imaginávamos que iríamos usar um dia e que se de repente fossem-nos privadas, o caos iria imperar. Tire a internet do planeta, por exemplo. Céus. O inferno na terra seria imediato...E esta maravilha do mundo muderno é algo que só estamos fazendo uso prático há menos de 30 anos. Exemplos mais antigos? Suma com os carros. Queria ver como seriam as coisas se fôssemos todos movidos a charretes...

Acho estranho por vezes quando paro pra pensar nestas coisas, como também ficamos completamente viciados nestes artefactos. A vida deixa de fazer sentido sem eles, mas de forma alguma são coisas absolutamente essenciais para nossa sobrevivência, biologicamente falando, do ponto de vista mais ortodoxo possível também. Eu, de forma alguma desejo passar aqui alguma mensagem de retorno à idade das trevas e a extinção da tecnologia, mas de qualquer forma, espanto-me com esta nossa dependência, por vezes.

Ou então, estou apenas aborrecido por ter sido privado de meu refúgio melódico do ruidoso mundo que a tecnologia nos trouxe, para que outra tecnologia viesse a existir para silenciar este ruído. Estranha afirmação esta, de fato, um tanto paradoxal. Mas é este o mundo que vivemos. Oxímoros por todos os lados, dilemas em todos os lugares. Pelo menos para o sub-grupo de sub-criaturas denominadas "Noiados".

Parar de pensar, parar de escrever, começar a trabalhar. É necessário.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sexta coisa.

Encontrava-me na casa
Na casa havia algo
Algo havia ali
Que não me deixava em paz
que não me deixava dormir
que não me deixava esquecer
de nada lembro,
embora saiba
que algo
existe aqui.

A casa
fez-me escravo
de quem me tornei
de quem fugi
para estar ali.

Na casa há algo
que quer me fazer ver
que quer me fazer entender
o que houve ali.

Sei que há algo aqui
algo que não me deixa dormir,
que não me deixa esquecer
que existe algo aqui,
que não quer calar
que não quer morrer
que nunca quis morrer.

A casa trouxe-me aqui
para mostrar-me isto,
para provar-me
que agi errado.

Que estive errado.
Que estava errado.

A casa deseja fazer-me
sua própria criação
deseja punir-me
por minha ação
A casa não me deixará ir

não desta vez.

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...bela maneira de acordar. Coberto de vômito cheirando a cerveja, sentado em uma cadeira defronte à minha velha máquina de escrever, onde leio esta droga de poema.

O QUE QUER DE MIM, PORRA? Gritei a plenos pulmões.

Imediatamente me arrependi de ter feito isto. O eco de minha própria voz soou como um bilhão de sinos dentro de meu crânio. Ai. Levantei-me dolorosamente e me dirigi para o banheiro decrépito do quarto de empregados, arrastando meus pés pelo chão; meu corpo doía por completo e estava nojento em minha imundície. Isso mesmo imbecil, continue a beber, continue nesta porra de casa de doido.

Minha cabeça latejava só de me xingar mentalmente. Calei-me internamente e continuei a me aproximar do banheiro. Um banho vai me fazer sentir-me melhor.


terça-feira, 5 de maio de 2009

Geneca!

Hoje pela manhãzinha(que singelo!), enquanto aguardava a "passagem" da água quente pelo pó de café, estive a folhear um exemplar da revista Veja, publicação esta que não leio com bons olhos, por motivos que julgo não serem relevantes para a dissertação(odeio esta palavra, lembra vestibular) diária do dia da semana do momento. Enfim, estava eu vendo as matérias presentes na edição desta semana, e deparei-me com a bombástica revelação que alguns cientistas - incluindo aqui alguns exemplares brasileiros - isolaram um gene supostamente ligado ao comportamento otimista das pessoas.

Como não tive tempo de ler a matéria inteira e só passei os olhos por cima dos fatos e fotos a respeito da descoberta em si, não posso opinar sobre o assunto do ponto de vista cientifíco em si. Mas mesmo assim tal matéria me instigou a escrever algo sobre o assunto em si; eu, que sou um pessimista nato, suponho que não tenha tal gene ativado em meu genoma. Um dos gráficos da reportagem afirma que 40% da população brasileira tem tal coisa ativada, o que justificaria muito o comportamento da população brasileira, que vive tomando ferro e continua sorrindo, feliz e saltitante, pois eis que dias melhores virão.

Eu não fujo da alcunha - sim, sou de fato um pessimista odioso por vezes, pronto a jogar o balde de água fria por cima de quem quer que seja que esteja todo esperançoso. Estou sempre pronto a apontar as falhas e os possíveis erros que podem acontecer caso ocorra o pior, como de fato sempre espero. Por vezes, sei que a maioria das pessoas fica realmente incomodada com meu comportamento, e se farta rapidamente de minha conduta.

Sou um biólogo por diploma, não por profissão, e não me esquivo do pensamento lógico que é esperado de alguém que sempre está investigando, instigando, questionando o que acontece, suas causas, suas consequências, etcoetera et al. Ao ver tal reportagem, me pergunto se realmente o genótipo de uma pessoa de fato determina seu fenótipo em si. O tema sempre foi controverso, e acredito que a interação do indivíduo com o ambiente é que de fato determina o comportamento final da pessoa, e ultimamente, a manifestação ou não do gene em questão. Mas como diria um ex-professor meu da época da faculdade, "tudo na biologia é complicado, ho ho ho" e afinal de contas não sabemos de fato nada sobre nada; a medida que o tempo passa, teorias são abandonadas em prol de outras mais certas, por assim dizer.

Pessimismo é encarado por muitas pessoas como uma doença, e já ouvi falar de muitos casos mais crônicos que o meu que são tratados em consultórios psiquiátricos, com tarjas pretas a granel. Eu mesmo ja´me fartei de mim mesmo inúmeras vezes e já tentei me corrigir, sempre em vão. Não sei bem o que acontece, mas eu sempre, sempre estou pronto para o pior, e como disse ontem mesmo em minha aula, eu sou o cara que NÃO enxerga o copo meio vazio, mas sim meio cheio...de veneno. Ha, ha, ha.

Sim, sei que é de fato um porre aguentar alguém que só enxerga o lado negro das coisas, mas agora, graças aos avanços da geneca, posso afirmar que sou assim porque meus genes assim me ordenam! Sim, sei, sem graça, de fato.

Como sou também um dos indivíduos que mais briga consigo mesmo que tenho conhecimento, gostaria muito que tal descoberta tivesse um valor palpável em si. Se existisse uma maneira de amenizar ou mesmo desativar este sentimento, bioquimicamente falando, talvez isto significasse um melhoramento considerável na qualidade de vida dos portadores do pessimismo e daquels que os circundam.

Lado outro, creio que se todos fossem irredutivelmente otimistas, o dito "foda-se, é tudo festa!" dos brasileiros iria imperar e não sei bem se o produto final de tal coisa seria de fato agradável. O bom senso em si seria afetado, em minha opinião, pois há que se ter uma ponta de pessimismo e se preparar para o pior caso as coisas dêem errado. Pelo menos assim o penso. Como diz um outro refrão que costumo muito usar, "um otimista nunca tem uma surpresa agradável".

Enfim, esta é apenas a opinião de um pessimista. Creio que o conhecimento do genoma pode vir a desvendar muitas coisas, mas como já disse, genótipo e fenótipo não são necessariamente harmônicos e dependem muito de outros fatores para a dita "manifestação" em si. Em nota mais otimista, espero que tais pesquisas possam algum dia evitar que semi-cientistas-semi-desenhistas-semi-escritores(chorem de ódio, adoradores da reforma ortográfica. Vivam os hífens!!) como este que vos escreve apenas tenha algo a dizer acerca das coisas legais que o circundam, ao invés de se fixar nos detalhes ruins das coisas. Mas, creio que o "soma" de Aldous Huxley está ainda longe de ser idealizado...(Leia! "O admirável mundo novo")

Enfim, como já disse também anteriormente, viva a diversidade humana. Os Buriol's têm de existir, bem como as Pollyannas(argh) da vida, para que possamos ver a balança da harmonia em funcionamento; luz e sombra, alegria e tristeza, por assim dizer.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O sofá.

Em frente ao supermercado havia um sofá. Assim, jogado na calçada. O que estava aquele sofá fazendo ali, mais uma pergunta cabal para o desenvolvimento deste dia, que acabava de se começar, propriamente dito. O que, por Mitra, aquele sofá estava a fazer ali? Prostrei-me caído por sobre o dito, a fim de desvendar seus mistérios. Talvez, minha pouca ou nenhuma vontade de tornar ao meu vínculo empregatício, vínculo este que me torna um ser capaz de comprar e existir enquanto um consumidor.

Enquanto aspirava o odor nauseabundo do sofá atirado ao lixo, em a calçada, começou a brotar em minha idéia uma outra idéia um tanto menos relativa ao sofá em si; talvez houvessem de fato bulgarianos na Bulgária; talvez fosse aquele o momento onde as cortinas despencariam do firmamento superior, vindo a cair velozmente por sobre a existência desprovida de alguma sorte de humanidade, tudo era como se fosse uma peça desfalcada, desgarrada de sua integridade, da figura maior enquanto coisa em si. Enquanto existência existencial existencialmente dita.

Ao meu redor, transeuntes transitavam, pequenas formigas em direção a seus respectivos formigueiros; em direção ao núcleo provedor de providências, de dinheiros, de poder aquisitivo.

Enquanto isso eu me deleitava ao saber que o sofá não era recoberto da mais pura seda italiana comprada no Paraguai. Talvez fosse por isso que aquele pedaço nada íntegro de mobiliário se encontrava ali na esquina, ali na rua, ali ao relento. Rolei e rolei por cima da coisa, procurando a resposta, ela haveria de ali estar, algo dentro de mim assim me dizia; procure, procure e encontrarás; beba Pepsi.

O céu se encontrava azul, diferentemente da decorrência de todo o feriado em si, de todo o feriado, de todo o tempo em que me encontrei em algum lugar que ali não estava; talvez o estivesse no sofá, como a voz insistia em me dizer.

As formigas me olhavam com curiosidade. O que estaria um ser economicamente ativo como eu a procurar nas entranhas de um sofá abandonado à sua própria sorte naquela esquina, daquele lugar, daquela cidade, defronte ao supermercado?

O sofá era desconfortável, mas oferecia um certo alento a mais que o duro asfalto recorrente de meus pensamentos, recorrente do pavimento que ali pavimentava a terra, o decorrer dos dias, o escorrer das horas. A evanescência - nao a "banda" - da vida continuava a escorrer.

Todos passavam se perguntando a mesma coisa, com +/- 5% de variações em um desvio-padrão padrão para a questão em si. Todos afirmavam que não era nada, não me diz respeito, não me importo.

O que era uma formiga a menos no formigueiro. Nada.

Mas o sofá, este sim representava o enigma, o paradigma, o dito a ser decifrado. Enquanto eu me tornava rapidamente o anátema de todas as formigas ao redor.

Onde estavam as respostas, quem estava certo ou errado, a quem pertencia a razão? Nunca saberemos, creio eu, pensando ao tentar analisar o padrão borrado da costura nada alta do sofá esquecido por alguém, que tinha se tornado o centro das atenções de meu dia, o sentido de minha existência, o motivo de piada de todos os seres ápteros que ali passavam.

E assim o foi, por ser, por haver de ser. Faz tudo parte do plano de alguém, por assim dizer.