sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Srs. Volantes, perigos constantes.


Pensei, pensei e pensei, mas não determinei um tema relevante para a dissertação diária semanal do funcionário do mês. Talvez seja assim, em dias como este. Sexta feira 13, chuvas torrenciais que despencaram por toda a cidade no decorrer da madrugada. Enfim. pude notar que os velhos rebentos do caos estavam aflorando por todos os lados, feito ervas daninhas no cimento quebradiço da capital. Capital de onde, não saberia dizer, uma vez que a diferença d'esta paragem para Epaminondas Otoni é talvez apenas seu tamanho mais avantajado e a presença de asfalto por sobre as estradas de terra. Basta uma chuva como esta para revelar a face oculta das mesmas: buracos, por todos os lados buracos.

Isto não ajuda em nada a melhorar a torrente de veículos automotores circulantes, cada um deles provido de seu respectivo Sr. Volante, estes exemplos de cordialidade, inteligência(seja esta emocional ou matematical), cidadania e quejandos. A chuva de insultos e imprudências cometidas voluntariamente é proporcional ao volume das águas que caem. Como vivemos na cidade que se orgulha de seu recorde mundial inquebrantavél - o maior número de semáforos por milimetro quadrado(cada um no seu quadrado!) do mundo, isto contribui imensamente para que não seja necessário necessariamente comprar o modelo mais arrojado: basta comprar um carro parado. Se voce comprar o carro do ano de 1922 estará tão bunito na fita quanto o nouveau richie idiotique que comprou o carro do ano de 2200, a suaves prestações de 1 milésimo de centavo por dia. De uma forma ou de outra tá valendo, uma vez que o trânsito não se move, apesar do clamor incessante das milhares de buzinas que todos querem vender todos os dias. Na verdade, acho que este é o pré-requisito básico para se ter carro neste local de péssima localização: a presença de buzina. Quanto mais estridente melhor.

Creio que os motoristas desta cidade tentam provar há anos que o som ensurdecedor de suas buzinas move montanhas, ou pelo menos os carros à sua frente. Como bons brasileiros que são, nunca desistem, por mais infrutíferas que tenham se apresentados as inúmeras tentativas de fazê-lo. Ao cair da noite, a coisa geralmente se complica ainda mais, eis que agora além dos tradicionais mocorongos ao volante temos o privilégio especial de sermos cegados por faróis dianteiros dotados de uma luz azulada de brilho tão intenso que poderiam(deveriam) ser usados para guiar o destino de embarcações perdidas em allto-mar, daqui mesmo destas montanhas tão distante do sonho aquático dourado de todos os mineiros.

Não sei como se denominam tais artefactos mudernos: eu os chamo de "babaquice", "imbecilidade" e outras alcunhas igualmente carinhosas, porém nada publicavéis. Nada melhor e mais salutar que ficar cego ao volante porque um idiota insiste em dirigir com uma luz absurda daquelas à frente de seus carros. Geralmente tais faróis existem por default em carros mais avantajados, feito aquelas modernas barcas ditas SUVs para os norte-americanos: carros feitos para aguentarem o rebento da cidade(rebentando tambem a vida urbana), e supostamente igualmente robustos para estradas mais acidentadas(normalmente se esfacelam assim que avistam uma estrada de terra, mas tudo bem, eu realmente não me importo com isso), mas tais luzes estão sendo avistadas(ou não, uma vez que cegam quem as avistou)em carros mais, digamos, populares, devidamente xunados por seus proprietários.

Como se diz, basta se ver algo diferente que todo mundo quer ter igual.

Enfim, nestas horas creio que um taco de um dos esportes mais cretinos do mundo - a saber, o beisebol - deveria ser acessório indispensável para o muderno motorista. Bastava vislumbrar um detentor de tal artefacto para se exercer uma tarefa de cidadania: parar veementemente o veículo em questão, e utilizar o taco para a quebra dos faróis, do carro, e se possível, do dono do carro, não necessariamente nesta ordem. Mas acho que tal proposta é considerada radical demais para os agentes do trânsito local, os BHTRANSsexuais, que por sua vez são coligados ao glorioso órgão público BHTRANStorno(alcunhas delicadamente emprestadas da desciclopédia, bem dito). Eu os chamo por vezes de BHTRASH, mas isto não vingou muito. Reafirmarei aqui outro teorema de tal publicação virtual, o paradoxo de tostines dos agentes BHTRANSsexuais: "eles esão lá porque o trânsito está lento ou o trânsito está lento porque eles estão lá?" Acho que a última é mais verdadeira...

Enfim, eis que acabei falando do trânsito desta cidade. O tema é deveras extenso, e o tempo urge aqui, conjurando-me às lides diárias para a finalização desta semana particularmente hostil para minha pessoa. Deixarei-vos a pensar sobre o assunto. Beijo na bunda, até segunda.