terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sea of changes.

Creio eu que nenhum habitante desta cidade deixou de presenciar a borrasca que assolou a área central no final da tarde. Foi algo realmente impressionante, com ventos fortissimos e mesmo algumas pedras de granizo. Felizmente, não precisei a enfrentar, uma vez que me ofereceram uma carona motorizada para casa, que aceitei sem hesitação. Houve queda de luz em casa, mas mesmo isso foi um tanto interessante, pois que é raro conversar com seus familiares à luz de velas. Agradavelmente retrô, por assim dizer.

Hoje de manhã acordei após uma noite meio que mal-dormida, esperando que o dia fosse se apresentar hostil feito ontem(que foi um dia particularmente chato), e ao olhar para fora da janela, achei que fosse ser mesmo; onde eu moro o céu estava encoberto com espessas nuvens ameaçadoras. Após a rotina usual de exercícios físicos que pratico logo ao acordar(mui excelente despertador), fui preparar o café e alimentar os diversos animais que residem em minha residência, tais como gatos, cachorros e papagaios, sempre com a impressão que o dia seria difícil. Verifiquei, minutos mais tarde, que minha brilhante idéia de maneirar um pouco na quantidade de pó de café resultou em uma autêntica "água de batata", denominação jocosa esta feita por compatriotas de serviço ao café ralo que nos é servido diariamente.

Mais um sinal de que o dia poderia ser uma josta? Talvez.

Ou não.

Saí de casa, em caminhada ao ponto de ônibus, que não é muito perto de casa. Como é de praxe, pus o iPod para funcionar, uma vez que a maioria das atividades é melhor executada com som na caixa, zin! Tenho a tendência de atribuir às músicas estados de "esprito", para o bem ou para o mal. Eis que o shuffle me apresentou como música de abertura do dia "Thorn in my pride", do Black Crowes, música esta que atribuo a momentos agradáveis. Em frente, então, cantarolando desafinadamente a melodia em questão.

Após subir no ônibus e descer a "serra" em que moro, eis que verifiquei com certo espanto que o tempo encontrava-se límpido, céu azul, sem nenhum nimbo ameaçador a pairar por cima das cabeças dos cidadãos. E a trilha sonora do transporte público continuou a ofertar-me músicas agradáveis. Claro, volta e meia apareciam as eventuais faixas "nada a ver" com o clima que agora já planejava para o dia. Sim, a partir daquele momento, decidi que o dia seria legal.

Costumo ser um cara tachado de mau-humorado e rabugento a maior parte do tempo, e costumava aceitar tal rótulo normalmente, pois tenho auto-crítica altamente desenvolvida(creio eu). Mas ultimamente, mais precisamente no final do ano de 2008, algo mudou dentro de mim, não sei precisar o quê, mas me fartei de ser o eterno reclamão, e desde então tenho tentado me corrigir, passo a passo. Claro que não desejo tornar-me uma "Pollyanna"(ARGH NÃOOOO), mas também não desejo tornar-me tão repelente a ponto de afastar todos ao meu redor. Eis que não estou ficando mais jovem, muito pelo contrário.

E, enquanto escrevia as linhas anteriores, o bicho pegou absurdamente aqui no escrotório: computadores dando pau, vírus pipocando por todos os lados, ameaçando todo o império, formatações de HDs e quejandos, etcoetera et al.

Normalmente, eu estaria irado a ponto dedefenestrar máquinas e colegas de trabalho, e iniciando atividades pirotécnicas diversas. Mas, por increça que parível, ainda mantenho o bom humor! Hu-Há! Será que é um sinal dos tempos, ou simplesmente as oitavas de final dos tempos? Esperemos que seja apenas de facto um indicador que mesmo os rabugentos incuráveis não sejam tão incuravéis assim.

Enfim, o almoço se aproxima, então vamos ao churrásquio. Que Mitra esteja iluminando vossos caminhos. Hasta la vista.