Tudo que você nunca quis saber acerca da vida de um moderno eremita moderno.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Last Drink to Satansville.
- O senhor parece que não tem dormido direito.
- Nada mais certo. Estou tendo aqueles sonhos, novamente.
- Quem sonha, desdenha a realidade.
- Ou não. Não sei se é assim.
- Entretanto, o que se passa no momento?
- Passa o tempo, aqui e ali. Mas não necessariamente nesta ordem.
- Entendo. Mas o que o senhor deseja?
- Uma beberagem alcoólica. Preciso esquecer.
- Não me lembro. Entretanto, creio que posso lhe ajudar. Pois não.
- Sim, pois sim. Quero álcool, em sua forma mais bruta.
- Aham. Creio que isto possa lhe satisfazer.
- "Biotônico Fontoura". Sim, sei que isto tem mais álcool que uma cerveja.
- E é um excelente fortificante. Mas não sei se é forte o suficiente.
- Há de servir, pois meu propósito não é puro.
- Quem apareceu no sonho?
- Ela. Sempre ela. Creio que vi um átomo de hélio também, no pano de fundo.
- E este pano, era de seda, linho, jeans ou algodão?
- Não sei. É tarde para saber.
- Nunca é tarde. A não ser que se esteja atrasado.
- Atrasaram os relógios no domingo, logo deve ser tarde.
- Não necessariamente. Apenas restituíram a hora roubada anteriormente.
- E quem vai me restituir o tempo perdido no processo de atrasar o relógio?
- Talvez os bancos. Ouvi dizer que estão contratando.
- Contratando ou com tratantes?
- Contrabando. Trouxe este maravilhoso relógio suíço e paraguaio.
- Sei, sei. Mas olhe, mas veja. Ali aparece sempre a cara dela.
- Não vejo, eis que o sonho é seu. Mas posso imaginar.
- Imagino que sim. Mesmo assim, isto não me conforta.
- Bem. O que importa é que não nos importemos com frivolidades.
- Não creio que meu desespero seja tal coisa.
- Basta uma breve consulta ao pai dos burros para se determinar isto.
- Isto o que?
- O que?
- Não sei.
- Nem eu. Deseja mais alguma coisa?
- Respostas.
- Ah, todos desejam respostas. Mas nunca perguntam.
- Bem sei.
- Então por que perguntou?
- Não sei.
- Nem eu.
- Estamos quites então?
- Creio que sim, mas pode ser que não.
- Certo.
- Errado. O senhor me deve.
- Não sei se devo.
- Sim, deve. Vá atrás dela agora.
- Bom conselho. Obrigado.
- De nada.
- De tudo.
- Até a vista.
- Prefiro o XP. Mesmo assim, lhe agradeço.
- Já sei. Vá-se embora!
- Não precisa gritar. Estou indo.
- Bem sei. Desejo-lhe sorte, de toda sorte.
- Ah sim. Até amanhã.
- O quê? Hoje já é amanhã. Se bem que o amanhã nunca chega.
- Ah sim. Adeus então.
- A Deus o futuro pertence.
- Ou não.
- Sim. Certo. ponha-se daqui pra fora.
- Assim o farei.
- Adeus.
- Até amanhã.