Curiosidade da segunda feira. O eremita, que normalmente é uma torrente de mau humor, em especial em datas como esta(segunda-feira), não está a cuspir marimbondos, mesmo que o fim de semana tenha sido repleto de indagações inúteis a respeito da vida, o universo e todo o resto. Como diz um ilustre desconhecido do roquenrou:
"And I can't tell you how many ways that I've sat,
And viewed my life today, but I can tell you
I don't think that I can find easier way"
-St. Andrew's Fall, Blind Melon
Estive com amigos neste semana-fim, em um encontro sazonal que fazemos de tempos em tempos, para pormos a velha conversa inútil em dia; eventos como este são acompanhados de salgadinhos, cerveja, outras beberagens alcoólicas sortidas, e refrigereco, para os "frescos" como eu que não apreciam aquele gosto maravilhosamente amargo e ridículo do suco de cevada. É um grande mistério para mim o tanto que tal coisa é imensamente apreciada, mesmo sendo uma vil bebida que é. Mas, isto é apenas minha opinião, e este cerne de assunto não sera aqui explorado, pelo menos não hoje.
Quero discorrer mais sobre certas disposições de ânimo estranhas que me aparecem em eventos como este. Trata-se da tendência abjeta de tornar-me taciturno, mui pensante sobre diversas agruras da vida, questionamentos aparentemente nobres mas nada úteis sobre as coisas. Sim, sei que estou falando do Noiado Do Sótão(alcunha de quando não estou em meu reduto), e estas coisas são de praxe no quotidiano desta complicada figura. Sim, bem o sei. Não obstante, o que me deixa emputecido é porque cargas d'água estas coisas me aparecem em momentos em que estou em um local agradável, cercado de amigos, a conversar animadamente sobre diversos assuntos engraçados e a fazer piadas dos frangos que nos circundam e habitam este mundo.
Do nada, lá vêm elas: as perguntas sem resposta que não querem se calar:
Por que há gente triste no mundo?
Por que agimos de forma errada mesmo sabendo que estamos agindo erroneamente?
Por que repetimos os erros de nossos pais?
Why the hell we always envy others? (Yeah, sometimes they come in english)
Por que estou pensando nisto?
Quanto custa um trailer?
E outras coisas assim. Ultimamente, ando pondo este meu modo cretino de agir para fora do estabelecimento; consegui fechar a porta na cara deles inumeras vezes, mas não fui bem sucedido todas as vezes que eles bateram, exigindo se manifestarem. Blá.
Consegui curtir bem o tempo que ali passei com meus compatriotas, mas quando tornei ao meu esconderijo secreto - a torre de marfim, a cela solitária, a ilha, o reduto inacessível - também conhecido como o Sótao(acrescente o clarão de raios e o trovão subsequente aqui), eis que elas tornaram a aparecer. Como ja não estava mais a interagir com pessoas, deixei rolar. Por vezes calei-as com o som desfinado de Cremilda e Rúbia, estas devidamente plugadas ao meu arsenal de efeitos. Graças aos céus existem tais coisas na vida - Fenders Stratocasters, Epiphones Special II e Boss ME-50, entre outras coisinhas mui interessantes para mim. Como diria Karen Eiffel (Veja o filme, Stranger than fiction), "estas coisas existem para salvar nossas vidas".
Não poderia concordar mais, mesmo que meu vizinho - o maldito alemão de araque, patriarca de "that fuckin' kraut family" - discorde disto e vive me xingando em alemão.
Enfim, ele que se dane, em momentos como este, quase nada cala melhor as vozes chatas em minha cabeça que minhas meninas de seis cordas e seus acessórios.
E já está tarde. Melhor acabar isto por aqui.
Que as coisas feitas para salvar nossas vidas abundem no dia de V. Sas. Adieu.