terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ninguém.

Chegar ao escritório. Ninguém por perto. Lá fora, também ninguém. Aqui dentro, pessoas, mas ninguém mesmo assim, em todas as partes, muitas pessoas

mas ninguém.


Chegar, ver o monte de nada sobre a mesa, papéis, muitos, mas nada. Nada além de papéis, números alheios e mais

ninguém.

Quente é o dia, abafado é o tempo, chuva irá cair, lá fora, felizmente lá fora. Mas e os outros lá fora? E os outros? Outros?

ninguém.

Lembro-me, tenho que tirar o pedido, fazer o pedido, da mangueira cirúrigica. Conectar, braço à agulha, mangueira à máquina de café. À minha frente, uma máquina anda sozinha pois ninguém está a operar a danada. Ninguém liga a máquina de xerox, e mesmo assim ela se liga. Máquinas, ao meu redor, todas funcionam sozinhas.

Ninguém as ligou.

Fico aqui, atônito diante de tanta anonimidade. E sei, bem sei, que sou tão anônimo quanto eles, estes seres que não existem.

Dias assim, não sei o que fazer. E olho, tanta gente, ninguém.

Ninguém. Nem mesmo eu.