Ontem, fui informado que o Sr. Antônio, o Gengiva, ou o Itinerante em turnê européia havia retornado a esta roça asfaltada, e fui ter com ele e com o Hugo para confraternizamo-nos diante de tal ocasião. Como erade se esperar, o evento foi típico: rimos a não mais poder diante de exibições de Hermes e Renato e discussões acerca das diversas imbecilidades que nos afligem e nos divertem mundo afora. Entretanto, ontem mesmo o Hugo presenteou o cara com um jogo de Xbox 360 lindamente adquirido no Xópis Oi, pela justa quantia de 15 reais. Por minha sugestão, a escolha em questão foi do jogo novo do Wolverine. Eu já havia ouvido falarem muito bem dele e havia visto um video de um preview do jogo, que eu já desconfiava que era previamente censurado, por motivos que ficaram evidentes quando vi a ação do mesmo se desenrolar.
O jogo tem tudo o que faltou no filme novo do mutante preferido entre os nerds de 10 a 90 anos. Sangue, muito sangue. E é como eu esperava: mostra o herói como um animal truculento e violento, como disse o Hugo, "Puta merda, ignorante até mandar parar!"
Eu ADOREI este detalhe. Fiquei realmente empolgado de ver os inimigos sendo esquartejados com tanta maestria, com tanta truculência. É estranho isto, pois aqui reacende-se a eterna polêmica de pessoas que não jogam e/ou não curtem video games. Jogos eletrônicos realmente influenciam uma pessoa a ser violenta?
É um debate inútil em minha opinião, pois nunca chegaremos a um consenso sobre o assunto em minha opinião. A relação entre pessoas e videogames costuma ser do tipo 8-80: ou se gosta muito ou se odeia com todas as forças. E ser veementemente contra algo deturpa a opinião sobre um tema como este. As pessoas que acham que os videogames são uma espécie de trombeta anunciante do juízo final, do apocalipse, evidentemente irão sempre usar qualquer argumento para tentar destruir a reputação dos mesmos.
Eu mesmo, sou um fã nato do entretenimento eletrônico, e tenho tendência a ironizar as situações que fico com raiva com supostos cenários de violência gratuita. Exemplifico com um caso imaginário mas plausível em meu caso: chego num cinema e enfrento um fila imensa. Chegada a minha vez, sou informado que o cinema está lotado e que eu não poderei entrar. Neste momento, minha cabeça é inundada de visões de incêndios criminosos, dentes arrancados com instrumentos enferrujados e quejandos.
Sou assim por conta de videogames como o Wolverine? Bem, todos sabem que sou um nerd declarado e que curto muito jogos eletrônicos. Jogo desde os primórdios, e sempre apreciei jogos com alguma violência. Lembro-me quando vi o Doom pela primeira vez, jogo que ficou mundialmente famoso por sua sanguinolência. Você podia usar uma moto-serra como arma! Quando vi aquilo, foi uma visão de um sonho sendo realizado. Achei absolutamente DO CARALHO. Anos mais tarde, vi o GTA 2. Nunca ri tanto na minha vida quando verifiquei que alguns bônus do jogo eram obtidos matando-se pessoas com um LANÇA CHAMAS.
Agora, isto me tornou um cara violento? Eu saio na rua com uma moto-serra desmembrando pessoas gratuitamente? Eu realmente queimo cinemas e arranco dentes das pessoas?
Não.
Desde antes do meu primeiro contato com algum videogame, eu já curtia me divertir com violências imaginárias. Eu sentava com um papel e canetinhas nas mãos e ficava desenhado histórias de truculência gratuita, devidamente acompanhadas dos efeitos sonoros produzidos com a boca. Era uma piada de se assistir, dizia minha mãe. Eu brincava de bangue-bangue com revolvéres e espingardas de plástico. Eu, como toda criança, judiava horrores de pequenos animais sem nem me dar conta disso. Quem não conhece algum menino que já se usou de uma lupa para fritar formigas? Fora o detalhe que o videogame NÃO foi minha primeira experiência com uma mídia violenta. Tínhamos a televisão para nos suprir. E o exemplo acima, o detalhe macabro de arrancar dentes das pessoas com instrumentos enferrujados, não é imaginário. Eu li esta cena em um de meus livros prediletos, a saber, Sargento Getúlio, de João Ubaldo Ribeiro. Não se trata de um livrinho ridículo, eis que foi imensamente premiado e aclamado mundialmente quando foi escrito.
A violência faz parte da natureza humana, sempre fez. E sempre fará, acredito eu. Pessoas sempre tendem a tentar se impor, se degladiar, e frequentemente apelam para a agressão física. Como discuti ontem com meu aluno predileto, se você trancafiar duas pessoas juntas em um quarto fechado, logo, logo elas estarão brigando, pois uma vai quere se impor, vai querer mandar no pedaço, vai discutir com a outra sobre opiniões e "etisseteras".
Creio ser uma queima inútil de pestanas ficar discutindo isso. Entretanto, faço concessões sobre o fato de sermos influenciados pelo que vemos em tais mídias, mas volto a dizer. Isto não gera influência em TODAS as pessoas. Eu mesmo, sei que o que imagino é apenas uma fantasia que considero até uma forma de aliviar a tensão e a raiva diante de frustrações da vida. Mas sei que não são todas as pessoas que assim se comportam, especialmente nos dias de hoje, que parece-me que pais têm cada vez menos tempo para educar seus filhos adequadamente, relegando-os a babás e creches, e não realmente ensinando seus filhos a ter este discrenimento entre fantasia e realidade. Entre certo e errado. Eu sei que é errado agir com truculência. E creio mesmo que um pai violento e bronco influencia muito mais um menino a ser violento que um videogame, um filme, um livro.
Como costumo dizer, nunca subestime a imbecilidade das pessoas, pois inteligência tem limites, mas burrice não. E se você vir umacena no GTA 4, onde você pode matar gratuitamente uma pessoa na rua, para depois resolver experimentar re-encenar a coisa na vida real, você ou é um completo idiota ou uma pessoa com sérios problemas mentais.
Eu sou um nerd. Jogo todo tipo de jogo violento, e curto muito. Nunca entrei em brigas, nunca matei ninguém nunca assaltei bancos, nem nunca pretendo fazer isso. Eu sei o que é certo e o que é errado. Jogos não me tornaram um idiota.
Enfim, como disse, creio que nunca chegaremos a um consenso sobre isso. Como quase todas as polêmicas humanas. Como disse, sempre iremos ter algo para discutir e apelar para a violência. E nos divertir com isso, pois sem violência não tem graça, eheheheh. Imagino mesmo um confronto entre militantes da "anti-violência" e dos "pró-violência".
Aposto que iria ter pancadaria! Ahahahahahahahaah!!!
Oh, the humanity.