Estou doente. Parece que a gripe do espirito de porco me pegou. É normal, quando se trabalha em um local como este escrotório, sempre que aparece uma pessoa gripada, todas ficarão gripadas. Começou ontem, foi piorando, piorando e agora cá estou, com o corpo todo detonado, com altos indíces de ostra, ou manteiga, ou catarro, se preferirem, e me sentindo feito um trapo sujo jogado num canto. Mas se estivesse eu jogado num canto talvez eu estivesse melhor. Queria estar era em casa, mesmo em casa.
Quero canja, quero cama. Não quero os números, vis números, atestados de vidas desperdiçadas, números que significam que alguém poderia tanto e prefere ser o mais unha de fome de todos. Estou doente, talvez com febre, não sei. Me sinto fora de mim, fora de meu corpo, fora deste receptáculo orgânico, cadáver adiado que não procria.
Tampouco não desejo estar aqui. Odeio iso, ficar doente. Parece-me que por vezes, entretanto, faz-se necessário sentir-se feito um vasilhame de infectos agentes microbianos, que tanto minam suas forças, para lembrar-se como é bom não estar doente.
Irei morrer, pois está certo. Eu, você, você e todos você. Quando, não sei, talvez daqui a cinco dias, se de fato o espirito do pernil tiver me infectado mesmo. Gripe, doente, dói, tudo dói.
Não quero escrever mais hoje. Tá doendo, tá chato, não estou em casa, hunf. Saco.
Pelo "menas" é sexta feira, irei poder ficar quietinho em casa, esperando ou uma melhora ou a morte. Tanto faz, no final saio no lucro de um jeito ou de outro. Estou com febre.
Chega por hoje. Até segunda, caso o vírus deixe.