Por estes dias, estou sendo assolado de uma crise de criatividade. De tempos em tempos estas coisas acontecem, por mais chato que seja. E eu, que me propus desde a criação deste, realizar um post por dia, vi-me numa sinuca. Pois não quero, de forma alguma falhar em meu compromisso auto-proposto.
Tempos desesperados exigem medidas desesperadas. Estive revirando algumas mensagens eletrônicas que mandei para um de meus compatriotas da biologia, tombado no dever de ser profissional em tão ingrata área, e decidi aqui o publicar, pois eis que é um dos exemplos típicos de email que costumava escrever para as pessoas antes de criar este brogue. Não me pertubarei em realizar as devida correções de acentuação gráfica, entretanto, pois meus emails sempre foram preguiçosos neste quesito e pretendo manter o conteúdo original da coisa.
Picaretagem? Talvez. Afinal de contas me formei em licenciatura no reino da FAE de conta, onde aprendi que coisas escritas desta forma me garantiam muitas notas A, por mais incoerente que possa parecer. Enfim, aqui está a coisa:
"Caro senhor Rubens, ca estou novamente a ver coisas onde nao estao de facto. Por exemplo, quando estava a flutuar para este escritorio, vi uma freira nua, vestida de organdi azul, a balbuciar frases desconexas. Claro que nao me deixei seduzir por tal ortodoxia eclesiastica, retirando-me rapidamente para adiante. Apos pagar a passagem do troller-bus aereo no aeroporto da Pampulha, fui para Justinopolis, mas nao entendi bem porque estava indo na direçao nor-nordeste, quando meu rumo deveria ser sul-sudoeste. Quero crer que a rosa dos ventos estava deveras irritada em esta manha em especial. Cheguei as dez horas da noita quando o sol nascia no oriente medio-mediano do meio, onde fui alegremente informado que o rei estava morto, sendo coroado instantaneamente. Como a realeza nunca foi muito atrativa para mim, tratei de traçar todas as baronesas enquanto planejava minha fuga do castelo neo-barroco que me encontrava. Fugi pelas vinhas da ira que adornavam a parede exterior externa da torre sul do castelo. Devidamente disfarçado de Advogado engravatado, dirigi-me ao Forum da inutilidade, onde tomei posse em solene sessao, da Comarca de Conselheiro Lafaete e dos reinos circunvizinhos, mas fui prontamente destituido de meu cargo quando ordenei que me fosse servido um cafe da manha à base de Ruffles e Coca-Cola; nao sabia eu que haviam dissidencias internas entre a Pepsico e a Brahma em tal repartiçao. Enfim, mandei tudo a merda e continuei meu caminho; as sedes da Funchato Ltda nunca me pareceram mais distantes em tal abstinente manha. Houve por bem para defronte a uma banca de jornais, sendo que estes apenas vendiam revistas. Procurando conter-me, fugi em carreira de um maço de cigarros que me perseguiu insistentemente por dezenas de milhas. Quando finalmente consegui me livrar de meu persistente perseguinte, estava às portas de meu tao-amado emprego, mas fui devidamente informado que o elevador so estava indo para baixo, mesmo estando no terreo. Procurei entao, as escadas do edificio, mas quanto mais escalava os degraus, percebi que tudo era inutil. Os degraus tambem estavam com defeito, acabei por chegar ao centro da terra, onde o calor era insuportavel, apesar da insistente nevoa que circundava Londres. Verifiquei as horas no Big Ben, e vi que nada mais adiantava, uma vez que ja estava atrasado duas semanas para o expediente de hoje. Tratei entao de me dirigir para casa, onde novamente fui perseguido por nao um, mas tres maços de cigarros, a saber, um Paioso, um Djarum Black e um Marlboro. Novamente consegui adotar manobras evasivas e eludir meus implacaveis perseguidores. Cheguei afinal, as dez horas de ontem hoje em minha casa, onde me enrodilhei em uma manta de papel aluminio e dormi tranquilamente em companhia de minhas aranhas marrons de estimaçao, que estiveram a velar por mim durante meu velorio, duas semanas atras.
Como o senhor pode constatar, acho que nao estou batendo muito bem da bola. O que nao causa estranheza, uma vez que nunca fui fã de futebol.
E o senhor, como vao as coisas no planeta Marte? Ou sera que o senhor foi para Venus? Provavelmente este ultimo, uma vez que me lembro do senhor ter comentado que iria perseguir alguns rabos de saia em Plutao, mas estas se demonstraram deveras frigidas, tendo preferido as
paragens mais aquecidas do planeta efeito estufa.
Sim, sim, o delirio é tremens e el mundo gira, gira gira. Que giro.
Enfim, ate a vista entao. Mande me um telegrama um dia destes, se assim o convir.
And by the way, I'm nowhere near sanity anymore, as you can clearly notice after reading this bullshit email. Whoo-ha. And a bottle of rum, rum rum. Anything other than vodka will keep me sane, even though I am quite insane, nonetheless anyway anywhere.
Oh hey
Oh yeah
And all the stars sing,
Its the end of the world as we know it...
And I DON'T feel fine. Booo Hooo.
Assinado,
Sr. Insano, insone, abstinente, adstringente, Epaminondas Otoni, Teofilo Otoni, blah blah blah."
Como podem ver, não é de hoje que sou louco. Faz tempo, faz tempo. Desde 1977. Tão velho quanto o panquerroque e igualmente caduco.