segunda-feira, 13 de abril de 2009

Reportagem típica.

Ah, eis que a velocidade da luz se tornou lúdrica, a ponto de fazer com que o feriado passasse ainda mais rápido. Sim, eis que é novamente segunda feira, e aqui estou, me perguntando se realmente estive vivo em estes 3 últimos dias que se passaram. Não me parece, para dizer a verdade. Sim, o tempo voou, de fato. Ontem a noite me espantei já organizando mentalmente a lista de coisas a se levar apara o trabalho no dia de hoje. De fato, dizem que o tempo voa quando a gente se diverte; mas afirmo que não é bem assim, o tempo voa em feriados e tende a se estender até o limite do infinito quando estamos encerrados em algum escritório infecto, a espera de que o badalo soe o número de horas ansiadas.

Sim, O dia de hoje me parece a síntese de todo o fim de semana, todo o feriado. pois que mais uma fez, fiz e refiz planos de dominação mundial, planos para a reformulação generalizada da vida e quejandos, e não é preciso me conhecer muito para se identificar o fracasso escondido por trás das palavras. Sim, falhei miseravelmente em 90% de minhas empreitadas planejadas para este período, mas mesmo assim, estive pensando e verifiquei que não foi tanta coisa assim, se levarmos em conta o quão ambiciosos - e ao mesmo tempo inexequíveis - são estes planos.

Não sei se isto acontece com a maioria das pessoas, mas frequentemente me proponho tais planos. Geralmente há uma euforia inicial, em que são analisadas todos os obstáculos que serão mais facilmente derrubados após a execução sumária de tal plano. "Isto irá resolver minha vida inteiramente." Neste período é frequente a construção dos ditos "Castelos de areia", arquitetura monumental de fato esta, mas nada estável.

Enfim, é o que me acontece com frequência maior do que a desejadad normalmente. Planejo, planejo, verifico, construo mentalmente tudo, mas na hora de por em prática...

Bang. Tudo cai por terra.

Ultimamente, ando tentando ter mais paciência com estas coisas, pois após uma vida inteira repetindo as mesmas tendências e ações, a gente ou se acostuma ou tenta achar alguma brecha pra tornar a coisa mais tolerável. Em resumo, o feriado deveria ter sido muito mais produtivo do que foi, mas ainda assim, fiz algo. Acho que é melhor que nada. Já que tenho que me contentar c0m pouco e/ou me reeducar para não construir castelos de areia, que seja no meu ritmo atual - lerdeado em especial nesta segunda feira pela manhã...

E sejamos francos, esta segunda feira está bem com cara de "Eu sei o que vocês fizeram no feriado dito SANTO, seus santos do pau oco" - ou sou somente eu que estou achando este dia com cara de poucos amigos?

Enfim, continuemos. Estamos vivos, estamos presentes, fazemos parte do mundo ou o mundo faz parte de nós? Somos o que somos ou o que pensamos que somos? Somos o que fazemos, o que amamos, o que esperamos, o que ansiamos, ou apenas somos o que somos - matéria até então ativa, mas que algum dia irá se tornar inativa, detentora apenas de uma vaga lembrança do que já foi um dia?

Enfim, o dia anda agressivamente, e procurarei me esquivar de seus ataques o máximo que puder, mesmo tendo esquecido-me de meus créditos do auto carro em casa, mesmo não tendo atendido a minhas expectativas comigo mesmo, mesmo não tendo respondido todas as perguntas que me fiz, e mesmo sabendo que não irei mesmo nunca fazê-lo com perfeição.

A perfeição, se ela existe, é silenciosa. Não fala.

Sim, ando lendo muito e muito textos de um outro desencarnado que vive através de mim, este dito Fernando, o Pessoa. Alguém que já me conhecia mesmo antes de me tornar isto que sou hoje. Alguém que me descreveu mesmo antes de me conhecer, tarefa que não levou a cabo, uma vez que este morreu muito antes de me tornar vivo.

Enfim, estou vivo, e ele não. Ansiaria em conhecê-lo em pessoa, mas tenho que me contentar em conhecê-lo via algo que ele deixou para trás, seu legado. Sua herança.

Algo que pretendia fazer também eu. Deixar algo para que me entendessem, ou tentassem entender. Algum legado.

Algo que venho tentando fazer, para que seja além de alguém mais que eu mesmo.

Algo que algum dia alguém leia e sinta algo. Sinta que fiz algo que prestasse. Algo que valesse toda minha inútil existência.

Algo que fosse eu, sem o ser. Sem que eu precisasse explicar.

Algo que valesse a pena. Algo que me justificasse, com todos meu erros e imperfeições.

Algo que me lembrasse que, por mais que me sinta morto, existe algo vivo lá dentro.

Algo que tentou sair assim, ou assado.

Algo que falasse por mim, eu que não digo nada.

E...O quê? Ainda precisa fechar o DAP? Argh, notas fiscaiiiiiiiissssss!

Fui.