quarta-feira, 22 de abril de 2009

Logaritmo de dois.

Por que, me perguntam, por que.

Porque não fui embora dali. Eu mesmo me fiz esta pergunta inúmeras vezes ao decorrer dos dias naquele lugar. E mesmo assim, eu não saberia responder bem ao certo. Todos os dias pela manhã eu me perguntava a mesma coisa.

E eu mesmo nunca saberia responder a tal pergunta, ainda que ela tenha ecoado tantas vezes em minha cabeça.

Por que.

É a velha dúvida de sempre, que me assola todos os minutos - porque estou fazendo isto, porque estou fazendo aquilo, qual é a razão, qual é o motivo.

Sempre precisamos de algum motivo, ao que me parece.

Ainda que nunca, de fato saibamos por que precisamos disso. De que nos adianta este posto, esta coisa magnânima que é ocupar o trono de espécie dominante deste glóbulo flutuante nesta coisa a que chamamos espaço, que estamos rodando, rodando, a sei lá quantas velocidades por hora, por minuto, por segundo.

Que adianta tudo isto, se ao mesmo tempo sabemos que quanto mais sabemos, menos esperança temos em algo diferente, em algo ímpar, em algo sem igual - que vá nos salvar, que vá nos tirar, que vá nos embalar na longa noite do espaço sideral. Da galáxia XYZ. Do planeta Starbucks.

Que mais poderia dizer, que fiszesse algum sentido em momentos com sentido nenhum, que tanto parecem-me aparecer em momentos como este, em esta existência de minuto que levamos.

Que levamos. Que levo.

Até onde a levo, esta é a questão. Alguém me responde?

Tem alguém aí?
Tem Alguém aí?

Que resposta pode dar-nos o vácuo, eu me pergunto.