quinta-feira, 16 de abril de 2009

O ministério...

...da súde alerta: não leia isto se você não gostar de velhos derrotados.


Por vezes, me pergunto coisas que não têm resposta, ou pelo menos não de imediato. Aliás, faço isto muito mais do que deveria, porque parece-me mesmo que muito de minha "nóia" por assim dizer, vem deste eterno questionamento, desta busca....de algo que eu não sei o que é, e que desconfio que nunca mesmo irei saber, algum dia.

Não encontro nenhum alento em saber tal fato, entretanto. E parece-me que quanto mais usado(véi, véi, velhooooo) me torno, torno-me mais carrancudo também. Acredito eu que tenha nascido já com alguma alma velha, ou coisa semelhante. Adoto este pensamento emprestado de outro companheiro que diz "velho de alma" como eu. Por vezes, quando analiso nossos comportamentos, creio que realmente somos como aqueles velhinhos que ficam em praça pública, resignados a ver o restante de suas vidas passar, enquanto fazem somente o que lhes resta fazer, diante de seus impedimentos físicos: observar e pensar. E pensar. E pensar. E observar.

Eu mesmo sei que ajo desta maneira perante minha vida, muitas vezes além da dose saudável desta dita "apatia" perante ela. Não é bem propriamente uma apatia, mas quando paro para pensar, quando me lembro das acusações que me fazem de tempos em tempos - de ser acomodado, de sempre permanecer na "zona de conforto", ou de "só estar assim porque eu quero"(esta frase, a propósito, é uma frase que pode incitar-me a ter impulsos homicidas contra quem quer que seja que a tenha pronunciado) - por vezes, me parece que tal impressão que causo nos outros é de fato, algo que escolhi, algo que faço conscientemente. Realmente, é fácil chegar a esta conclusão que "só estou assim porque quero".

Mas, afirmo-lhes que não. Não é nada disso que eu quero.

Não recrimino mortalmente todos que me dirigem tais acusações, pois eu mesmo, como já escrevi inúmeras vezes, me considero facilmente tachável de tal alcunha. Mas, entretanto, existe outra alcunha que é mais adequada a pessoas como eu - a da derrota.

Que facilmente pode ser transformada em resignação, que facilmente pode ser convertida em outra palavra adequada - conformismo.

Mais uma vez me enveredei em emus próprios argumentos e traí-me neste raciocínio que tentava defender-me, mas foda-se também. O que acontece realmente em mim é que sou realmente um pessimista nato, e acredito sempre no pior, e acredito que tudo sempre piora ou vai piorar. Se melhorasse, não morreríamos nunca, não é mesmo? Não? Alguém me rebate esta? Sem lançar mão de argumentos religiosos, termos inúteis de pós-vida e algo melhor virá depois desta vida? Alguém?

Sim, sim, não estou em meus melhores dias. Prefiro escrever textos aleatórios enquanto estou assim, mesmo porque conforme já me disseram jovialmente, jocosamente e quejandamente - não creio que pessoas se interessem muito em ler o Diário de um Emo, ou Ema. Ou sei lá.

Sei que sou realmente um ser paradoxal, basta ver o tanto que me dizem que sou isto e aquilo, que poderia ser aquilo outro e aquilo mais, que deveria fazer isto, que deveria sorrir mais, que deveria blah blah blah. Sim, não me desvio de tais acusações.

Sei, melhor que ninguém que apenas me conhece exteriormente, que as pessoas, teoricamente, estão certas a este respeito. Mas estão erradas em outros tantos.

Porque, afirmo-lhes, luto todos os dias contra mim mesmo. Tento corrigir tais coisas, tento me forçar a fazer coisas que me façam mudar, que me façam ver a vida com olhos menos velhos, menos pessimistas.

Mas é uma luta inglória. Fazem quase 32 anos que travo tal batalha, e por hora, não vejo sinais para entusiasmo, para otimismo. Quanto mais eu vivo, mais morto eu me torno.

E se existe um tipo de pessoa que repele as outras, é um tipo como eu. Alguém que só enxerga o lado preto das coisas. Em alguns dias melhores no meu passado, já me encontrei com pessoas que ou eram ainda mais pessimistas do que eu e/ou estavam em maus dias e só faziam reclamar, reclamar e reclamar.

Realmente, nosso impulso é de sair de perto murmurando, "puta merda, mas que MALA".

Então, aqui estou, reclamando e reclamando e vivendo. Até quando eu não sei, mas desconfio que será assim sempre.

Perdoem-me se algumas tantas vezes fui assim a ponto de que quissessem me matar, "put me out of my mysery and/or my fuckin' BITCHIN' around", mas é assim que sou.

E mais uma vez. Não. Não. Não. Não. Não gosto de ser assim. Se gostasse, não ficaria neurado com isso. Não tentaria lutar contra isto diariamente.

Enfim, tornemos ao nosso cibernético trabalho, sejamos todos bons robôs em nossas fábricas, trabalhando e mempregos que odiamos para que possamos comprar merdas que não precisamos.

Hu-há.