quarta-feira, 30 de março de 2011

Noite, morta.

Acordei sobressaltado, num repente repentino, com o perdão da cretina expressão. O sonho ainda não bem se desvanecera em minha mente, mas já não conseguia me lembrar de quase nada do que se passara. Algo relacionado a uma casa...uma pia, um estranho reflexo no espelho...nada que fizesse muito sentido, nem que tivesse algum significado especial, alguma sorte de mensagem do subconsciente inconsciente para a consciência consciente. Nada.

Quanto tempo havia se passado desde que tentara dormir pela enésima vez naquela noite? Busquei o despertador disfarçado de celular debaixo do travesseiro e olhei: vinte minutos desde a última checagem? Estava certo? Sim, estava. Não adiantava. O sono não viria, por mais uma noite.

Fiquei deitado ali, olhos bem abertos, fixos no ponto central do vórtice do cortinado. Escoar lento dos segundos, tempo que não voltaria mais. Para onde iam, todos os segundos? Talvez, atrás dos primeiros? Ah ha ha, que engraçadinho é o estado de semiconsciência. Deveras. Criatividade para se falar bobagem, isto minha mente tinha...tem, de montão. Agora, saber resolver as coisas que me deixam acordado...

O mundo tem peso, e é por vezes pesado demais para aqueles que tentam carregá-lo nas costas...para aqueles que tanto se mutilam mentalmente, todos os dias, sem nem saber por quê o fazem mais. De que adiantava? De que adianta?

Quantas perguntas cabem numa noite de vígilia?

Lá fora, o nada e o tudo se encontravam, em estados latentes de minha análise aprofundada porém inútil sobre els, tudo e nada, nada e tudo. Tudo ou nada? Verdade? Tabelas da verdade...computações...iterações...binários números, estranhos afazeres, estranhas lógicas que em minha mente não encontravam calço, não firmavam estruturas. CALE-SE, CALE-SE! ó maldita corrente de pensamentos.

Quantas telhas haviam naquele telhado? Quem sabe, se eu as contasse, o sono não viria? Uma, duas...aquela ali tem manchas de mofo...fungos...ous seriam líquens? Líquens? Ancient lichen? Poções, alquimia...profissões, outras vidas, não reais. surreais...será que eu ficaria mais feliz se tivesse alguém ali comigo, compartilhando toda aquelas inacabadas reflexões insones?

Quem? Quem seria obrigado a tolerar semelhante criatura? Ah ha, ha, lá vem ele de novo, o troll do pensamento. Ah, cretino. Como seria não ter semelhante residente em minha cabeça? Será que eu seria menos esquisito, menos estranho, menos idiota?

E agora, depois destas flagelações, quanto tempo havia se passado? Relógio, onde estás.

Cinco minutos. Hu-há. Ah, tempo. Porquê, passas tão devagar nestes momentos tão chatos?

Fechar olhos, rolar de cá para lá. Sentir, por vezes, a queda rumo ao vazio tão esperado da inconsciência...mas logo em seguida retornar ao silente e insone quarto. Quarto de hora, meia hora, hora e meia.

Mas...por que...números, números...salários...binários...cobras e lagartos...falta disto...

Despertador. Logo agora! Logo no momento que comecei a entrar na terra dos sonhos!

Suspirar, resignar. Levantar. Quatro noites, é um novo recorde. Continue, continue.