segunda-feira, 14 de março de 2011

Estar.

Começe a semana. Aperte o play.

A primeira segunda feira depois de semanas de férias é algo memorável. Sim, lá vem mais uma torrente de resmungos, pensam os que por cá ainda se aventuram. Não irei negar, uma vez que é de minha natureza ser o reclamão, mas no dia de hoje, não sinto raiva, não sinto nada disso. Sinto...apatia, eu diria.

E ainda assim, sou obrigado a me juntar a grande parte da humanidade e dizer, "ainda bem que não moro no Japão."

Estranho. Eu analiso esta sentença, e não deixo de me sentir um babaca; esta sensação de alívio por não estar presente no epicentro daquele desastre, me deixa meio que enojado de mim mesmo. Bem sei que é uma sensação no mínimo estranha. Ora. Não foi por opção minha ter nascido aqui, mesmo que deste país pareça não ser natural, com minhas louras barbas e minha pele cor de cera de vela. Nasci aqui, não sou de lá, não tenho culpa.

E senti na pele o tal alívio. Foi dos piores desastres naturais que já vi, ainda que nem perto de lá tenha estado. E me pus a pensar nesta sensação...e me senti mal por eles. Sei lá se isso é empatia ou apenas algo em que pensar, merda no que pensar, como é de praxe desta mente irrequieta porém imbecil, por vezes. Para que pensar nisso, dirá o Funcionarismo Púbico. Para quê?

Não sei. Eu penso, é tudo que sei.

Pensei também que fosse hoje uma segunda feira 13, de tão estranha está a sensação reinante em minha cabeça. Doem-me as circunvoluções cerebrais, diante de mim mesmo, diante do mundo, diante das coisas que penso, do que devo fazer, do que devo deixar de fazer. Sim, um saco, eu sei. E ainda me perguntam por que não quero de meu irredutível reduto me afastar. Exigem minha companhia, mas mal sabem eles o que estão a pedir.

Querem mesmo vocês, meus clamantes, reclamantes amigos, azedar vossos dias com tais pensamentos oriundos de um ser desprezível como eu? Querem mesmo? São assim tão sádicos?

Enfim. Este sou eu. Quando me deparo com alguém com índole semelhante à minha - tenho auto crítica suficiente para saber identificar e admitir isto - sinto preguiça imensa de tal pessoa. Especialmente se não estou na mesma sintonia pessimista da pessoa em questão.

Ai ai. Juntemo-nos ao restante da humanidade. Pelo menos não estamos no Japão. Pelo menos não temos que nos virar com tsunamis, terremotos e Chernobyl II, a missão.