-Eu quero.
-Eu sei que o senhor quer! E nós temos. O que o senhor quer?
-Eu quero um trailer. Quero saber o quanto custa um trailer??
-Não sei, senhor. Aqui vendemos artigos para o lar.
-Mas eu quero um lar! Um trailer é um lar.
-Não necessariamente senhor. Eu moro num apartamento de dezoito quartos e não o considero um lar.
-O quê? Então és rico!
-Não, senhor. Eu sou um dos quartos.
-O quê? Como assim!
-Eu sou uma dessas pessoas que é apenas um quarto do que poderia ser.
-Por sua infâmia, condeno-o a dez deméritos.
-Honra ao mérito! Eu?
-Não, demérito, sua anta!
-Eu me chamo Custódio, em verdade.
-Mas que diabo! O que o senhor quer, afinal de contas!
-Já disse, um trailer.
-Não temos, já disse.
-Mas que meeeeeerrrrrrr...cearia mais vagabunda, esta.
-Não é mercearia!
-Não se vende aqui, artigos para o lar??
-Sim. Mas não necessariamente somos mercearia!
-Eu sei. Já me disseste que és um mero quarto.
-...
-Diga.
-...
-O quê??
-Quartos não falam.
-Pare com isso, seu retardado. Acabastes de falar.
-Céus! Um quarto falante.
-Onde? Onde??
-Aqui, bem à sua frente, seu trouxa.
-...
-O quê? Que foi agora?
-...
-Diga logo!
-(Trouxas não falam)
-Prá meeeeeeeerrrrrrrrr...da, seu merda.
-(Eu não falo.)
-Você está falando! Só porque está entre parênteses, não quer dizer que estejas mudo.
-(Parênteses entre parênteses?)
-Pare com isso! Queres apenas me confundir, cão imundo.
-Au.
-O que foi agora?
-Sou um cão. E imundo. Au.
-Au é o símbolo do ouro.
-Quer dizer que sou feito de ouro??
-Ouro! Ouro! Venha cá!
-Se desafaste, seu sacripanta!
-Ouro!
-Pra merda, sai de perto de mim!
-Ouro!
-Não quero correr!
-Ouro!
-Saco, lá estou eu, correndo.
-Ouro!
(Nisso, todos os demais consumidores, ao ouvir as bravatas sobre o metal doirado, saem em procissão, correndo atrás do Consumidor.)
-Ouro! Ouro!!
-Não sou de ouro, caralho!
-Queremos ouro!!
(O Consumidor se vira de repente, esbaforido. E contempla a Turba com desprezo.)
-Tristes tempos, estes. Em que todos desejam o que não podem ter. Em tempos imemoriais, costumávamos trabalhar noite e dia, apenas para conseguirmos mero direito de mijar no muro. Eu me lembro, que em 1773, eu fui almirante regional de...
(CLANG! Um dos Consumidores acerta o Consumidor com um cano bem no meio da testa.)
-Ouro!
(Todos se lançam po cima do corpo do Consumidor, sobe aquela poeirinha clássica que tudo esconde, e depois de um tempo, a nuvem dissipa, restando apenas uma poça de sangue e tripas espalhadas no chão.)
-Mas que enganação! Ele não era feito de ouro bosta nenhuma.
-Bosta? Tem muito aqui, no interior dos intestinos.
-Seu porco.
-Oink.
-Oba! Bacon! BACON!
-Mas que merda! Oink!
-Bacon! Bacon! Bacon!
E assim, prossegue a humanidade.
-Eu sei que o senhor quer! E nós temos. O que o senhor quer?
-Eu quero um trailer. Quero saber o quanto custa um trailer??
-Não sei, senhor. Aqui vendemos artigos para o lar.
-Mas eu quero um lar! Um trailer é um lar.
-Não necessariamente senhor. Eu moro num apartamento de dezoito quartos e não o considero um lar.
-O quê? Então és rico!
-Não, senhor. Eu sou um dos quartos.
-O quê? Como assim!
-Eu sou uma dessas pessoas que é apenas um quarto do que poderia ser.
-Por sua infâmia, condeno-o a dez deméritos.
-Honra ao mérito! Eu?
-Não, demérito, sua anta!
-Eu me chamo Custódio, em verdade.
-Mas que diabo! O que o senhor quer, afinal de contas!
-Já disse, um trailer.
-Não temos, já disse.
-Mas que meeeeeerrrrrrr...cearia mais vagabunda, esta.
-Não é mercearia!
-Não se vende aqui, artigos para o lar??
-Sim. Mas não necessariamente somos mercearia!
-Eu sei. Já me disseste que és um mero quarto.
-...
-Diga.
-...
-O quê??
-Quartos não falam.
-Pare com isso, seu retardado. Acabastes de falar.
-Céus! Um quarto falante.
-Onde? Onde??
-Aqui, bem à sua frente, seu trouxa.
-...
-O quê? Que foi agora?
-...
-Diga logo!
-(Trouxas não falam)
-Prá meeeeeeeerrrrrrrrr...da, seu merda.
-(Eu não falo.)
-Você está falando! Só porque está entre parênteses, não quer dizer que estejas mudo.
-(Parênteses entre parênteses?)
-Pare com isso! Queres apenas me confundir, cão imundo.
-Au.
-O que foi agora?
-Sou um cão. E imundo. Au.
-Au é o símbolo do ouro.
-Quer dizer que sou feito de ouro??
-Ouro! Ouro! Venha cá!
-Se desafaste, seu sacripanta!
-Ouro!
-Pra merda, sai de perto de mim!
-Ouro!
-Não quero correr!
-Ouro!
-Saco, lá estou eu, correndo.
-Ouro!
(Nisso, todos os demais consumidores, ao ouvir as bravatas sobre o metal doirado, saem em procissão, correndo atrás do Consumidor.)
-Ouro! Ouro!!
-Não sou de ouro, caralho!
-Queremos ouro!!
(O Consumidor se vira de repente, esbaforido. E contempla a Turba com desprezo.)
-Tristes tempos, estes. Em que todos desejam o que não podem ter. Em tempos imemoriais, costumávamos trabalhar noite e dia, apenas para conseguirmos mero direito de mijar no muro. Eu me lembro, que em 1773, eu fui almirante regional de...
(CLANG! Um dos Consumidores acerta o Consumidor com um cano bem no meio da testa.)
-Ouro!
(Todos se lançam po cima do corpo do Consumidor, sobe aquela poeirinha clássica que tudo esconde, e depois de um tempo, a nuvem dissipa, restando apenas uma poça de sangue e tripas espalhadas no chão.)
-Mas que enganação! Ele não era feito de ouro bosta nenhuma.
-Bosta? Tem muito aqui, no interior dos intestinos.
-Seu porco.
-Oink.
-Oba! Bacon! BACON!
-Mas que merda! Oink!
-Bacon! Bacon! Bacon!
E assim, prossegue a humanidade.