Eu me pergunto, será que me tornei um ser completamente misantropo ou estou no caminho disso? Será que agorofobia pode ser desenvolvida? Quero dizer, comecei a pensar nisso após a última sexta-feira. Em minha homenagem, alguns amigos me chamaram para "sair para um buteco qualquer", apenas para sentar, tomar umas e conversar.
Eu ainda gosto deste tipo de programa, pelo que pude inferir. Curti bem nossa estada num botequim, a saber, o Dalva, que é denominado "botequim musical", por ter apresentações de pequenas bandas. Na noite em questão rolou até um daqueles quartetos de voz tipicamente norte-americanos dos anos 30, e achei bem legal ouvir "Mr Sandman"(vide De Volta Para o Futuro.) Entretanto, quando a outra banda tocou, um conjunto de chorinho/samba, o volume ficou muito alto e só conseguíamos conversar gritando, coisa que execro neste tipo de programação para uma noite. Odeio ter que ficar gritando com outros; geralmente quando acontece isso, você sai rouco do local onde estava.
Daí me lembrei de outros amigos, que vivem me chamando para sair com eles, e sempre declino do convite quando me lembro destes pequenos detalhes sórdidos da interação social moderna. Eu aprecio bem sair para ficar mais ou menos do jeito que narrei anteriormente: para conversar tranquilo, sem ter de ficar em pé, sem ter que ficar gritando, sem ter que perder a audição num local fechado com música no último volume. Estou ficando velho mesmo, pelo que vejo.
Mas a verdade é que este tipo de programa barulhento nunca, jamais me agradou. Acho que é por isso que me tornei um rádio velho(não pega nada e só chia), por não me sujeitar a comparecer em esquemas como estes inferninhos, em que o importante é NÃO se comunicar verbalmente para se obter o que muitos acham absolutamente normal. Não sendo particularmente membro oficial da Grande Granja(ao menos eu não me considero propriamente um frango como o resto), creio que nunca irei entender ou gostar de tais práticas, por mais que eu leve alguns amigos meus à beira da impaciência comigo ao serem negados infinitamente em seus convites para que me retire de minha toca.
Infelizmente, não ser da Granja tem suas desvantagens, evidentemente. Ser um eterno solitário sem esperança nenhuma em algum milagre não é nada legal. Mas mesmo assim. Eu não consigo muito aceitar o fato de ter que me agredir apenas para tentar interagir com outros frangos. E existe muito pano para manga nessa discussão toda. Por estes dias, vi alguns videos no Youtuba(que graças aos galináceos servis de meu escrotório, aqui é bloqueado), que me puseram novamente a pensar na inútil, ridícula, vexaminosa tarefa de ser homem, de ter que se apresentar, fazer corte, tarefas absolutamente cretinas que levam cidadãos como eu à beira da loucura quando paro para pensar em tais coisas. Postaria aqui os links se pudesse acessar tal site, para exemplificar melhor. O cara em questão, um tal de Daniel Packard, exemplifica bem o que é estar diante desta inglória tarefa. Achei bem válido a maneira como ele exemplificou o problema.
Eu não quero nem pensar muito nisso. O grande problema nisso tudo é que não existe muito balanço, a meu ver: ou você se sujeita a estas terríveis práticas e atividades ou fica como eu - um eterno rancoroso com a vida e com as pessoas. Creio que já cheguei a um patamar mais alto. Eu sinto autêntico pânico por vezes, diante de situações que envolvam multidões. Já saí correndo, como se estivesse sendo caçado, de algumas inocentes reuniões com alguns amigos. Foi algo bem inexplicável: eu apenas senti pânico mortal e algo dentro de mim me impeliu a fugir, de fato fugir do local, sem nem ao menos avisar alguém sobre o que estava acontecendo.
Enfim, foda-se. Não sei bem se estaria perdendo grandes coisas. No final das contas mesmo, "toda criatura deste planeta morre sozinha", e é mais ou menos por aí. Pó ao pó.
Legal mesmo é comprar coisas novas e usar tequinologias avançadas para retalhar a zoociedade da Granja em cretinas ilustrações.