terça-feira, 29 de setembro de 2009

Horas e horas. A fio.

Ah, que manhã mais estranha. Não sei, não sei explicar por quê. Simplesmente é. Existem dias assim, dias em que você se depara, com você mesmo, sem nem ao menos esperar por isso, e você mesmo começa a se xingar, a se agredir. Por vezes passa do limite. Às vezes não.

Dias assim, não sei bem como agir, não sei bem como pensar. Por vezes me acho coberto de razão e parto para a agressão auto-infligida, mas porém qualquer um com um minímo de não-franguice sabe bem que isto não adianta de quase nada ou mesmo nada, nada.

Vejo outros ao meu redor travando lutas semelhantes, por vezes. Ao menos eu acho que são lutas de igual naipe. Um confronto entre você e você. Acho que acontece com outrem. Acho que já vi. E por vezes tais embates parecem-me ser tão cruéis, tão inglórios quanto os meus próprios. Tão ignóbeis quanto.

Vejo alguns amigos lutanbdo para tentarem ser mais...sérios, aparentemente. Mais quotidianos, mais tributáveis, mais familiares, mais atados a...algo que não consigo entender, não consigo conceber. Para se ser gente é necessário ter posses? Obras? Filhos? Apartamentos? Casas? Algum emprego público? Casar? CASAR?

Eu não sei, nunca soube, e admito que me atormenta também. Me entristece, por vezes. Mas é minbha própria luta, minha própria visão de uma realidade que só existe para mim, ao que parece. Eu já quis, às vezes ainda quero, tentar ser tudo isso. Quotidiano. Tributável. Casado. Com filhos. Com casa, posses, carros, dinheiro no banco.

O que fiz de mim não é nada disso. Me perturba, mas ao mesmo tempo a perturbação em si não é decorrente de não ser nada disso. É de ser-me, aparentemente, imposto por outrem, que eu tenha que assim o ser também. Que minha vida tenha que ser pasteurizada. Morta, natimorta. Casar. Ter filhos. Ter grilhões. Ter grilhões, ter os pés atado a alguma sorte de bloco de cimento. Para que a vida me arraste para o fundo deste lago que é ela própria. É muito importante isto. Aparentemente.

E que deus, algum deus nos abençoe e nos proteja. Por Mitra.