Olhando para frente, olhe para a frente, não olhe para baixo. Não olhe para baixo. Existem milhares de histórias com estas famosas palavras, famosas últimas palavras.
Por que meu cérebro insistia em tentar fazer piadinhas e analogias em uma hora como aquela, não saberia dizer, acho que mesmo nunca. De qualquer maneira, olhar para a frente havia me salvado do afogamento, e parecia que continuava funcionando, pois no meio do zumbido de meus ouvidos praticamente ensurdecidos a esta altura, eu continuava ouvindo o berro daquela puta disfarçada de gente.
Nhec, senti o metal entortar mais um pouco. Droga de cano fraco dos infernos. Contrariando minha voz interior, olhei para baixo. Sim, seria meio difícil sair ileso daquela miríade de vidro estilhaçado espalhado no chão do ex-box.
Que estrago. Por um instante imaginei o que aquele almofadinha dono desta merda de casa diria ao ver aquilo tudo. Ah, cale-se, cale-se. Prioridades; primeiro eu tinha que sair vivo daquilo para depois fazer piadinhas a respeito.
Aquela casa tinha um pé direito bastante alto, felizmente. Nunca havia reparado nisso até aquele momento; quando se está dependurado num cano de chuveiro acima de um mar de sílica cortante, é bom que você esteja o mais distante possível de tais cacos.
Nhec.
Porra o que eu faço, era tudo que eu conseguia pensar naquele momento. Fodam-se os pés direitos e tudo mais. O cano iria quebrar a qualquer instante: era necessário que eu agisse o mais rapidamente possível.
Mas o que fazer?
Uma coisa insana qualquer.
O cano iria quebrar em segundos. Erguendo minhas pernas, apoiei-as contra a parede do box, firmando meus pés nas torneiras, aliviando um pouco o peso exercido pelo meu corpo no cano. Isto me deu um segundo a mais para ter outra brilhante idéia.
Contraí minhas pernas, me preparando para uma manobra nada segura. Fechei os olhos e torci para que ao menos eu conseguisse sair o menos cortado possível daquela merda toda. Puxei o cano com força, ao mesmo tempo que fiz outro esforço garantido pela minha adrenalina circulante em meu corpo.
Empurrei minhas pernas contra a parede com uma força descomunal.
Eu senti alguma dor ao mesmo tempo que sentia coisas passando por mim, raspando, cortando. E senti o baque do chão. Abri os olhos rapidamente e vi que olhava para o teto daquele banheiro infernal. Eu ainda estava ali, então ainda estava vivo. Ao mesmo tempo, meu confuso cérebro tentava equalizar as sensações, regular as coisas, abaixar minha pressão, manter meu coração batendo, coisas triviais.
Confuso, vi que a manobra havia funcionado em parte. Estava de fato, fora do box. Havia atravessado o restante do vidro previamente destroçado e tinha caído no chão, a alguma distância daquela josta. Estava livre daquele tormento, ao menos.
Enquanto tentava avaliar o que mais havia ocorrido, um rosto que eu gostaria de nunca ter visto invadiu meu campo de visão. Com aqueles mesmos olhos angelicais....para uma porra de demônio.
Ah, sim, como pude esquecer de você, meu bem.
Caralho.
Por que meu cérebro insistia em tentar fazer piadinhas e analogias em uma hora como aquela, não saberia dizer, acho que mesmo nunca. De qualquer maneira, olhar para a frente havia me salvado do afogamento, e parecia que continuava funcionando, pois no meio do zumbido de meus ouvidos praticamente ensurdecidos a esta altura, eu continuava ouvindo o berro daquela puta disfarçada de gente.
Nhec, senti o metal entortar mais um pouco. Droga de cano fraco dos infernos. Contrariando minha voz interior, olhei para baixo. Sim, seria meio difícil sair ileso daquela miríade de vidro estilhaçado espalhado no chão do ex-box.
Que estrago. Por um instante imaginei o que aquele almofadinha dono desta merda de casa diria ao ver aquilo tudo. Ah, cale-se, cale-se. Prioridades; primeiro eu tinha que sair vivo daquilo para depois fazer piadinhas a respeito.
Aquela casa tinha um pé direito bastante alto, felizmente. Nunca havia reparado nisso até aquele momento; quando se está dependurado num cano de chuveiro acima de um mar de sílica cortante, é bom que você esteja o mais distante possível de tais cacos.
Nhec.
Porra o que eu faço, era tudo que eu conseguia pensar naquele momento. Fodam-se os pés direitos e tudo mais. O cano iria quebrar a qualquer instante: era necessário que eu agisse o mais rapidamente possível.
Mas o que fazer?
Uma coisa insana qualquer.
O cano iria quebrar em segundos. Erguendo minhas pernas, apoiei-as contra a parede do box, firmando meus pés nas torneiras, aliviando um pouco o peso exercido pelo meu corpo no cano. Isto me deu um segundo a mais para ter outra brilhante idéia.
Contraí minhas pernas, me preparando para uma manobra nada segura. Fechei os olhos e torci para que ao menos eu conseguisse sair o menos cortado possível daquela merda toda. Puxei o cano com força, ao mesmo tempo que fiz outro esforço garantido pela minha adrenalina circulante em meu corpo.
Empurrei minhas pernas contra a parede com uma força descomunal.
Eu senti alguma dor ao mesmo tempo que sentia coisas passando por mim, raspando, cortando. E senti o baque do chão. Abri os olhos rapidamente e vi que olhava para o teto daquele banheiro infernal. Eu ainda estava ali, então ainda estava vivo. Ao mesmo tempo, meu confuso cérebro tentava equalizar as sensações, regular as coisas, abaixar minha pressão, manter meu coração batendo, coisas triviais.
Confuso, vi que a manobra havia funcionado em parte. Estava de fato, fora do box. Havia atravessado o restante do vidro previamente destroçado e tinha caído no chão, a alguma distância daquela josta. Estava livre daquele tormento, ao menos.
Enquanto tentava avaliar o que mais havia ocorrido, um rosto que eu gostaria de nunca ter visto invadiu meu campo de visão. Com aqueles mesmos olhos angelicais....para uma porra de demônio.
Ah, sim, como pude esquecer de você, meu bem.
Caralho.