Ah, como estes dias estão fresquinhos, né. 120 graus à sombra. É foda, mas poderia ser pior. Eu poderia ser um desses adevogados por aí, que vivem num país quente como o nosso, trajando rídiculos ternos, num calor desses. Calça, paletó, camisa, gravata. Vá pro inferno! Ainda bem que trabalho num lugar que - ainda - posso me vestir trajando apenas o ridículo uniforme, mas que não é tão quente, felizmente...e calça de tectel. Isso, tectel. De esporte. Tô nem aí. Enquanto não me encherem o saco, continuarei a usá-las. Porra, é roupa como qualquer outra! Pro inferno.
Eu ouvi outro dia alguém lendo porcaria em facebook, no ônibus e comentando - "Este ano não teve outono, teve eutono. Eu tô no inferno." É mais ou menos por aí. Ainda bem, outra vez, que meu escrotório é provido de um ar-condicionado, assim só experimento a sensação de estar sendo torrado na hora do almoço e na hora de ir embora, mas aí é diferente, na hora de ir embora, o que menos me preocupa é o calor. Especialmente que eu vou sempre de bermudão e camiseta regata, num calor desses.
Agora, estou sendo praticante de algo que achei que não fosse jamais fazer: chego em casa, vou pra minha torre e...fico pelado. Nu. Malho pelado. Ahahahahahah, fico imaginando a cara de quem tá lendo, "EW!" Tô nem aí. Ali eu sou o Rei, posso fazer o que quiser. Aí outro dia eu falei isso, ora, porque não já ficar pelado de uma vez, já que tá tão quente? Desde então, as noites têm sido nudistas para mim. Qualquer coisa que eu precisar descer, só ponho por cima o bermudão "commando" e desço.
Ah, mas com um calor desses também, vou te falar viu. O problema é que você se torna alvo de milhares de pernilongos malditos também, felizmente não me picaram em nenhum "lugar impróprio", pois ouvi dizer que não é nada bom. E não deve ser mesmo.
Bem, mas a semana esteve conturbada. Aqui, na última quinta feira, uma das funcionárias, minha amiga e confidente que arrumei por aqui, teve uma crise de stress, deu chute na porta, gritando, "Então me manda embora!" por conta de algo que falaram com ela e ela não gostou. Quis saber o que era, mas na sexta feira passada eu não estava aqui, e na segunda nem deu pra conversar com ela. Anteontem, demitiram-na. Eu fiquei incrédulo. As coisas de fato estão mudando nesta josta aqui...
Mas o que eu estranhei foi eu mesmo. No dia que a demitiram, ela foi chorando se despedir de cada um, eu a abracei com um de meus "abraços registrados", que algumas pessoas elogiam. E ela só chorando.
O que eu estranhei, é que, num caso destes, eu teria me debulhado em lágrimas com ela também, afinal de contas não perdi uma colega de trabalho, mas minha única amiga de verdade que tinha aqui -isto tirando o Hugo, o Advogado. Mas com ele é diferente. Eu não tenho tanta intimidade com ele feito eu tinha com ela. E eu a perdi, pra sempre. Eu queria, juro que QUERIA chorar, mas...
Não saiu nada, nem deu sequer vontade de fato, de soltar lágrimas. E eu fiquei pensando nela à noite, me lembrando de como deve ser ruim ser demitido, e não sei, mas no caso dela talvez tenha sido até por justa causa, coisa que não sei ainda de verdade, mas se for, imagina que merda. Sair com apenas o FGTS e seguro desemprego, não ter acerto, não ter indenização. Eu fiquei lembrando dela, estava triste mas...não chorei, hora nenhuma.
Será que este Parnate te deixa impossibilitado de sentir emoções negativas e tristezas? Porque, eu me conheço. Se fosse o "eu" de dois meses atrás, eu teria chorado, e muito, com ela.
Não sei...como disse nos posts anteriores, atualmente eu tenho achado doido até viver, mesmo com minha vidinha simplória que possuo. Estou mais satisfeito que jamais estive, por pelo menos uns sete anos. E sei que é por conta do Parnate. Agora, não conseguir ficar choroso, isso eu achei meio esquisito. Pois eu sou realmente um chorão. Admito que sou.
Mas não chorei. Nada.
Enfim...se esse treco impossibilitar de sentir tristeza, tá explicado porque eu ando me sentindo tão bem, mesmo as coisas tendo mudado tão pouco, relativamente a uma vida inteira de tristeza e mau humor. E em email com a Loba do Sul, eu discuti com ela uns temas, que normalmente acabariam comigo, de tanta tristeza e desespero que era carregado o email. Tá certo, eram coisas amorosoas, que às vezes discuto com ela. E...vejo que as coisas estão ainda todas erradas, comigo. Mas eu não me importo.
Aí eu acho esquisito. Certo, estou reclamando de quê? De não mais sentir negativismo? Não deveria ser uma coisa boa? Sim, mas sei lá, pela primeira vez, eu me senti seriamente modificado por este medicamento. Com um comportamento que não é o meu, nunca foi. Será que este treco está me transformando num ser...insensível?
Não sei dizer. Só sei que achei estranho. Muito estranho. Talvez este treco tenha ativado a famosa chave do "foda-se" que tanto já me falaram em ligar.
Bem...enfim...por hora, as coisas continuam caminhando. Estou conseguindo, de fato agora, reduzir drasticamente o consumo de "coffin nails" para apenas três por dia, no máximo quatro. Mas isso auxiliado pelo patch, que segura bem a onda. E hoje de manhã, presenciei algo que ainda não sei explicar, mas que foi deveras bizarro. Estava eu, esperando o ônibus no ponto, vejo circulando um helicóptero dos bombeiros, na área. Imaginei que deve ser pra vigiar focos de incêndio, com as coisas todas secas, qualquer brasinha vira um inferno, nesse mato seco. Mas aí o helicóptero veio vindo...descendo cada vez mais...e descendo...começou a levantar poeira da praça, depois pousou, no meio dela. Fiquei olhando, saíram dois caras, um deles parece que foi jogar alguma coisa na lata de lixo da praça. Foi o que pareceu. Depois, entraram no "trem voante" e foram embora. Eu fiquei olhando, não consegui chegtar a nenhuma conclusão. O que diabos eles foram fazer ali, na praça do papa, por dois segundos? Pra depois decolar, de novo?
Sei lá. Mundo estranho, este. Dias estranhos. Estão sim. Não sei...