sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Chegada.

Enfim, chegou a hora. De sair, de ir embora. É sexta, o dia mais esperado da semana, para nós que trabalhamos de segunda a sexta.

Andar, andar, andar, chegar no ponto, sentar-se e ver seu ônibus passar...e não parar. O quê? Ninguém, neste ponto inútil precisava dele além de mim? Sim, já aconteceu...duas vezes até hoje. Chego no ponto, sento-me, olho pro visor que diz, com um desvio padrao de +/- 50% ou mais, a hora que tal ônibus vai passar. Eu olhei, e quando me dei por mim, o fidaputa passou, não parou. Quer mais? Depois de esperar mais 20 minutos, o ônibus seguinte, veio vindo, dei sinal, mas havia uma porção de imbecis esperando outro ônibus, tagarelando feito pobres na chuva, no meio do asfalto. O ônibus veio vindo, desviou dos imbecis e...foi embora. Não parou pra mim, mais adiante. Simplesmente não parou. Aí eu tive que apelar pro "primo pobre" do 4103, o 4108...que me deixa na metade do caminho. Tenho que subir a praça do quatro-e-vinte a pé, bufando de ódio pelo fato do idiota não ter parado, dos imbecis estarem conversando no meio da rua, nem se deram conta do ônibus aproximando, não se moveram. E o imbecil do motorista poderia muito bem parar mais adiante. Fidumaputa.

Bem, andar, andar e andar, morro acima, caminhar, prestar atenção ao acostamento. Nunca se sabe quando se irá encontrar um pouco de "sunshine" no chão. às vezes acontece. Não aconteceu. Subir e subir, mais adiante. Mais morro. E depois outro. Aí acaba, só descida de agora em diante, mas não me impediu de ter ficado ensopado de suor, em tal caminhada.

Mesmo assim, essa é minha melhor hora. A hora da liberdade. A hora de entrar na Torre e ficar de boa. Giro a chave, adentro-me e tranco a porta detrás de mim, suspirando aliviado. 

Só me esqueci do dragão à minha espreita. Mestre! Ouço, tarde demais. Gideon pula por cima de mim e nos degladiamos no chão, como sempre fazemos quando chego em casa. Esqueci de pôr comida? O que foi? Mestre! Bem vindo, mestre! e me morde e me arranha, tudo na brincadeira, claro, mas Gideon é um dragão, esquece-se disso. Cheio de pontas e garras e dentes. Ai! Tá bom, seu "Haroldo" dos infernos. Acalme-se. Cheguei, estou em casa. 

Normalmente, eu passaria um café com cigarro, mas agora, que estou deveras abandonando os paiosos, nem tenho vontade de tomar café sem acompanhamento. Ainda mais nesse calor. Calor! Esqueci-me disso! Em um instante, vejo-me pelado. Calorão da porra, estes dias. Bem, eu como os pães que deixei para este momento, espero fazer a digestão enquanto me delicio com um episódio de "The IT Crowd" - que falarei mais adiante.

Então, agora, devidamente semi-digerido, vamos à labuta. Pesos e barras, supinos et coetera et al. Que calor. Quanto suor. Melhor estar pelado, de fato. Tudo isso ao som do mais novo disco da boa banda The Black Keys, que devo admitir, mesmo não sendo mais apenas um duo de músicos, eles sabem fazer boas músicas. E eu adoro o timbre de guitarra de Dan Auerbach. E sua voz, também. Escuto "Turn to Blue", o mais novo disco deles - novamente, recomenda-se a audição de tal CD - e depois emendo em "El Camino", o disco anterior deles, que eu meio que torcia o nariz pra ele, mas após acurada audição, não, eu percebo. É um excelente CD. Novamente, o que deve ser vencido é o meu próprio preconceito, pois para mim Black Keys deveria ser apenas um duo, feito White Stripes - agora não, eles são uma banda completa, e no início, isto me desagradou um pouco, mas...vejo que eles sabem o que estão fazendo. 

Depois de muito me cansar, eu desço para tomar meu banho, uma vez que eu cometi a "arte" de tentar consertar meu chuveiro e...o cano ter saído na minha mão, quebrando a rosca no interior da parede. Fuck! Shit! Fuck! Fiquei lá, com o cano e o chuveiro na mão, pensando, "I am a giddy goat." Ainda não resolvi a maior parte dos problemas do sótão, que são quase todos de natureza hidráulica. Agora, a torneira gira pra fechar, faz que vai fechar, você faz um pouco de força pra poder fechar direito e...ela torna a voltar pra estaca zero, não fechando. Gire de novo e obtenha os mesmos resultados. Pra se fechar a porra da torneira agora, é preciso agir com precisão milimétrica. E a tal ducha higiênica? A minha inicialmente virou uma emenda de cano plástico de chuveiro, com aquela ponta. Depois, foi quebrando aos poucos, vazando daqui e dali, até ter-se tornado o que é hoje: um aparato feito de silver tape e cola de silicone, que ainda assim vaza e sou obrigado a pôr um balde por baixo do registro. Sim, sim, que bela merda. Mas ainda funciona, apesar de às vezes, eu fazer uma inundação inadvertida no banheiro. 

Ainda assim, prefiro meu sótão a qualquer quarto de Ritz por aí. Porquê? Por que eu moro lá, oras! É meu porto seguro, minha torre, onde posso andar nu, escutar música nu, ficar de boa sempre pelado, nesse calorão.

E hoje é sexta! Dia de descanso da malhação, que reservo para o final de semana. Dia de ver filmes, escutar música, "let the sunshine in", e ficar de boa. Prefiro mil vezes meu programa ao de outrem - Vamos pro Chalezinho! Uahahahahahah. Vamos pra Obra! Uahahahahahahaha. Vamos pro Na Sala - AHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!! Vão pra puta que pariu com suas boates. Eu fico em casa, com meu dragão, minhas guitarras, e minha grana, que já é curta mas ficaria ainda mais se eu fosse em qualquer um desses lugares. 

Então, esperemos ansiosamente a hora do "fuck this shit o'clock." Enquanto isso, deixa eu me divertir tentando instalar windows 7 num Athlon XP de, provavelmente, 2004. Esforço à toa? Veremos. A versão de 64 bits não subiu nem fudendo. Vejamos se a de 32 vai...