sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Reunião.

Esta semana, fui surpreendido com um telefonem de alguém que não vejo há muito tempo - minha prima Thaís, que foi minha colega de curso enquanto fazia biologia, em meados de 1997. Fui por ela intimado a comparecer a uma reunião da turma que ocorrerá em sua casa, neste final de semana. 
Não.
Não.
Não.
Não irei. Mesmo. Estou passando por uma fase de transição de minha vida, aprendendo a aceitar melhor e fazer o melhor possível com o pouco que tenho, tentando juntar os cacos do que restou de mim após ter feito isto:
Espero que, pela última vez em minha vida...mas como diria Mark Renton, em Trainspotting: "There are final hits and final hits. Which one will this be?"

De qualquer forma, não, obrigado. Dispenso tal reunião. Se passaram uns bons cinco ou seis anos desde a última vez que fizemos coisa semelhante, uma reunião em Pará de Minas...e pensando bem agora, foram DEZ anos. Pois foi em 2004. Ano que tive um rolo horível com uma de minhas ex-colegas. Coisa que me causa arrepios ao lembrar. 

E é engraçado...esta turma, se forem a maioria das pessoas que costumam ir nestas reuniões, foi meu primeiro contato com o maravilhoso mundo universitário. E foi uma maravilha, conforme disse já, em outro texto. A comparação de turmas do velho colégio pra universidade, foi marcante. Foi impressionante a diferença entre as pessoas que frequentavam aquela merda de colégio e a universidade. Mas, como todo calouro, ainda mais calouro de seu primeiro curso superior, pra mim foi uma verdadeira maravilha. Foi das épocas que me senti mais...humano...que outras épocas. E logicamente, me deslumbrei. Era amigo de quase todo mundo, todo mundo gostava de mim, e curtia o maravilhindo mundo de ser um estudante universitário(ainda mais de biologia), desempregado. Eu vivia meus dias inteiros no campus. Entao fiz mesmo, certa amizade com as pessoas. E mesmo com outras, os veteranos e quejandos.

Daí, em 1998, houve a greve de seis meses. Que me obrigou a trancar o curso, pois assim que a greve terminou, recebi uma proposta irrecusável, de meu então amigo, agora Dono, de irmos para Itacaré, na Bahia, por três semanas. Free-for-all. Nem pestanejei: fui no colegiado e assinei o papel. E me mandei para três de minhas melhores semanas de existência terrena, de fato. Curti aquela viagem de montão. Não me arrependo de ter trancado um semestre para fazê-la.

Agora, quando voltei, as coisas eram outras. Eu havia mudado de turma. E estava, novamente, me sentindo perdido, como no colégio. O que pensariam de mim? Como reagiriam a mim? Bem, meus piores receios foram logo anulados: a turma do semestre seguinte era ainda melhor que a minha original! Menos competitividade besta, mais amizades verdadeiras e mais união.

Conforme os anos foram passando e o curso progredindo, cada vez menos se falava em "turma", pois sim haviam várias "turmas", uma pro pessoal da FAE(de conta), outra pro pessoal do IGC, do ICB...a galera foi sendo misturada conforme o currículo progredia. 

E aí, acabou. 

Daí, anos mais tarde, nesta tal data de 2004 salvo engano, houve um churrasco de reencontro da turma original na casa da Ceça(a lendária Ceça) em Pará de Minas. E foi lá, que percebi, uma coisa que havia me falhado na ocasião da formação da turma, em 1997. 

A grande maioria das pessoas de minha turma original era insuportável. O conjunto então, deixava a desejar: só papos de concursos e carreiras, e outras chatices do gênero. Havia um cara, o Fábio, que eu idolatrava-o quando calouro, descobri que é dos caras mais chatos do planeta, nesta reunião. Todo o conjunto deixava a desejar. É engraçado, não sei se fui eu mesmo, que no meu deslumbre eu "passava por cima" das imperfeições da galera da turma, ou se a gente muda de conceito mesmo, ou se as próprias pessoas mudaram. O lance é que hoje em dia, dispenso a companhia de quase todos eles. E houve o desastre chamado Denize em minha vida, algo extremamente desagradável.

Aí me chamam para esta reunião, que ocorrerá amanhã. Na Pampulha. Busões, muitos busões, em pleno sábado. Dia de reinar absoluto em meus domínios. Dia de poder ser quem eu quiser ser, sem problemas...dia de muito "sunshine" em minhas horas. Dia das guitarras gritarem e de não ter, deveras, nem ter que sair no jardim da casa, se eu não quiser. 

Aí o que eu prefiro...este sossego, cheio de possibilidades de maior diversão comigo mesmo...ou ter que comparecer à tal reunião? "E aí, como está o emprego?" - "E a mulherada(uahahahahahaah)?" - "E a carreira? Pensa em fazer concurso?"  - "Como está a vida?"

Ser julgado..."Ele está velho", "Ele está gordo," "Está quebrado..." e julgar os outros: que também terão envelhecido, perdido alguns cabelos, ganhado muitos fios brancos, alguns quilos a mais...este está bem melhor de vida que eu. Este não(apesar de que essa prerrogativa será deveras falsa; não acredito que haverá lá alguém com condição sócio-econômica pior que a minha). Ou a coisa que mais temo em reuniões como esta: porque está ainda solteiro? O que há de errado com ele? Ou pior, aparecer por lá a Denize. Aí sim seria o desastre.

Não, eles não sabem. E nem quero que fiquem sabendo pois foi justamente nesta época que tal descobrimento se fez, e me lembro bem do perrengue que passei.

Eu quero isto? Ou prefiro nem me mexer de minha Torre, ficar com meus parcos divertimentos, me alimentar seguramente, sem ter que me preocupar com algo que possa ter tiramina nos tira-gostos e afins, poder malhar numa boa, na hora certa, sem ter que me preocupar com a volta e seus busões...ou ter que implorar alguma carona, coisa que sempre detestei também.

Não, obrigado. Ficarei em casa, com Gideon me fazendo companhia e Raz'ksh a me tentar, mas me sentirei infinitamente melhor por lá. Não terei que narrar minha vida atual pra ninguém, as merdas que me aconteceram, que me levaram às raias da loucura, e me forçaram a tomar este remédio estranho. Digo estranho, pois ele é diferente dos demais. Pra começar, assim que você toma, pode esquecer sexo por umas quatro ou cinco horas.  E pra continuar, parece anabolizante. Nunca consegui recuperar minha força assim tão rápido feito esta época. Ele parece mesmo dar mais força, ao contrário da malfadada risperidona, que drenava as forças. E dá uma fome do caralho também, devo admitir. Dois pães pela manhã, fico com fome às dez, mais um pão, almoço(que está uma merda de regular, pois com nosso "tico" refeição de 16 reais não dá nem pro arroz, nestes restaurantes da região direito), fome à tarde, mais dois pães, mais dois em casa, mais se ficar acordado até mais tarde...etc.

Não, obrigado. Fico em casa, não saio, naão tenho que enfrentar "balaios" não julgarei nem serei julgado, para mim está bem melhor esta proposição. Não bebo nem posso beber, e ficar olhando os outros chapar perdeu a graça há muito tempo pra mim.

Não, obrigado. Mesmo.