Às vezes parece eterno.
Tantas manhãs. Tantas noites, dias. Sem dormir, sem alento em quase parte nenhuma. Odia, parece ter começado anos atrás, agora. Muito, muito tempo. Sempre, pra sempre. Mesmo que a luz se alternasse, as cinzas eram as mesmas. As pessoas, as mesmas. A mesma, aflição.
O que estava diferente naquela manhã? Alguma espécie de fogo, alguma sorte de gelo, alguma sensação térmica, algoi estava diferente? A manhã, de inverno incipiente, recém começava, de novo, mais uma vez. A mesma hora do lusco-fusco, as mesmas luzes dentro dos painéis luminosos. Bom dia, Mantenha a cidade limpa. 10 de Maio. 7:12.
Embarcar feito mais uma cabeça de gado no coletivo, minutos depois, a mesma coisa. Sentado, olhando para fora, vendo mas não enxergando, a noite, o dia, a rua, as pessoas, os carros. Tudo, uma coisa só, que não fazia nenhum sentido. E o ruído, de alguma espécie de canção naqueles ouvidos. Não se lembraria dela, momentos depois.
Quando a primeira nota soou, ali mais nada estava. No primeiro movimento da moderna sinfonia, as coisas, que já não existiam lá fora, passaram a não ter mais nenhum sentido.
Tudo que existia naquele momento eram as ondas sonoras cuidadosamente colocadas em seu canal auditivo. O mundo, a temperatura, as pessoas, os gritos e infêmias. Nada. Só havia a crescente progressão de sons em camadas se unificando diante de canais vestibulares, tímpanos e três ossinhos quase microscópicos.
Nada mais havia além da música.
Nada sentia além dos arrepios que esta ainda lhe causava.
Estava vivo, ainda. Ainda conseguia sentir a beleza embutida em todos aqueles sons que se uniam. E a voz,
And when the dawn begins to creep
Sunlight finds you in a heap
And how you wish that you could sleep
Forget the lies that you've been told
You think you're settin' free your soul
But you're really gettin' old
E sim, estava vivo. Estava ficando mais velho, cada vez mais velho, antigo como o hábito de não enxergar, não conseguir ver nada além do que sua mente insistia em achar, em todos lugares, em todo vagar, uma vida inteira.
You've dreamt of divin' in the sea
Your outstretched arms in front of me
And how you wished that you could breathe
Respirar. Deixe-me respirar. Deixe-me tentar....achar...o que tento achar...
In the grip of ecstasy
When the shadows follow me
And the night won't set me free
A noite...ela dura mais de trinta anos...
You wish someone could love you less
Longing for that one caress
I see you sink under Duress
E afundo....sem saber porquê me afundei...sem saber por quê isto acontece...sem saber por quê não encontro nada do que vim aqui procurar...
E quando tudo acabou, as formas voltaram a ter sentido, o mundo fez-se mundo novamente. E eu lá. Deixando acontecer. Deixando. O que mais posso fazer?
And when you wanna kill it dead
You let it throttle you instead.
Tantas manhãs. Tantas noites, dias. Sem dormir, sem alento em quase parte nenhuma. Odia, parece ter começado anos atrás, agora. Muito, muito tempo. Sempre, pra sempre. Mesmo que a luz se alternasse, as cinzas eram as mesmas. As pessoas, as mesmas. A mesma, aflição.
O que estava diferente naquela manhã? Alguma espécie de fogo, alguma sorte de gelo, alguma sensação térmica, algoi estava diferente? A manhã, de inverno incipiente, recém começava, de novo, mais uma vez. A mesma hora do lusco-fusco, as mesmas luzes dentro dos painéis luminosos. Bom dia, Mantenha a cidade limpa. 10 de Maio. 7:12.
Embarcar feito mais uma cabeça de gado no coletivo, minutos depois, a mesma coisa. Sentado, olhando para fora, vendo mas não enxergando, a noite, o dia, a rua, as pessoas, os carros. Tudo, uma coisa só, que não fazia nenhum sentido. E o ruído, de alguma espécie de canção naqueles ouvidos. Não se lembraria dela, momentos depois.
Quando a primeira nota soou, ali mais nada estava. No primeiro movimento da moderna sinfonia, as coisas, que já não existiam lá fora, passaram a não ter mais nenhum sentido.
Tudo que existia naquele momento eram as ondas sonoras cuidadosamente colocadas em seu canal auditivo. O mundo, a temperatura, as pessoas, os gritos e infêmias. Nada. Só havia a crescente progressão de sons em camadas se unificando diante de canais vestibulares, tímpanos e três ossinhos quase microscópicos.
Nada mais havia além da música.
Nada sentia além dos arrepios que esta ainda lhe causava.
Estava vivo, ainda. Ainda conseguia sentir a beleza embutida em todos aqueles sons que se uniam. E a voz,
And when the dawn begins to creep
Sunlight finds you in a heap
And how you wish that you could sleep
Forget the lies that you've been told
You think you're settin' free your soul
But you're really gettin' old
E sim, estava vivo. Estava ficando mais velho, cada vez mais velho, antigo como o hábito de não enxergar, não conseguir ver nada além do que sua mente insistia em achar, em todos lugares, em todo vagar, uma vida inteira.
You've dreamt of divin' in the sea
Your outstretched arms in front of me
And how you wished that you could breathe
Respirar. Deixe-me respirar. Deixe-me tentar....achar...o que tento achar...
In the grip of ecstasy
When the shadows follow me
And the night won't set me free
A noite...ela dura mais de trinta anos...
You wish someone could love you less
Longing for that one caress
I see you sink under Duress
E afundo....sem saber porquê me afundei...sem saber por quê isto acontece...sem saber por quê não encontro nada do que vim aqui procurar...
E quando tudo acabou, as formas voltaram a ter sentido, o mundo fez-se mundo novamente. E eu lá. Deixando acontecer. Deixando. O que mais posso fazer?
And when you wanna kill it dead
You let it throttle you instead.