Você sabe que está indo bem quando, logo pela manhã de terça se surpreende pensando em quais locais dos edifícios ao seu redor serviriam de bons pontos para se encostar, com um cigarrinho na boca e um rifle de precisão nas mãos. Após esta árdua escolha, selecionar entre anôni trnaseuntes quais serviriam de melhor alvo. Não importa em verdade, nada dos pré requisitos que lhes serviriam para angariar este ou aquele emprego no submundo moderno. Não. Em se tratando de alvos, poderíamos separar tais matérias primas para a loucura por diâmetro de cabeças, ou simplesmente por suas caras. Gostei desta pessoa, mas não daquela outra. Bang. Pronto. Pensando-se bem, gostei tanto daquela pessoa; melhor não continuar deixando-a ser torturada pela vida, não é mesmo? Bang.
Nestas horas em que o ônibus se arrasta lentamente pela cidade, me pergunto estas coisas. Qual seria a primeira providência a se tomar quando finalmente a sanidade me abandonar de vez. Adquirir rifles de precisão seria uma ótima, mas me pergunto onde seria possível arrumar tal aparato sem ter de se aborrecer com autoridades, ó inúteis figuras, que permitem o uso de alcóol mas proscrevem o uso de aspirinas. Por quê, mas porquê. Permitem tanta coisa, proíbem tudo. Tudo que é divertido. Tudo engorda ,é imoral, amoral, apático. Irrequieto.
Me pergunto se ao invés de rifles, granadas de mão não seriam mais facilmente adquiridas. A grande vantagem seria a de nem sequer precisar de mirar direito; bastaria arrancar o pino e arremessar a bomba em direção à rua lotada. Todos devem se ver livres, todos desejam se ver livres. E daqui, o que se leva, o que podemos levar? Nem mesmo as dívidas. Nem mesmo as terrenas preocupações, umas tão nobres e sérias, como o resultado do Big Bróder, ou o desfecho do reencontro de Manuela Gerturudes com Fernando Augusto Cury. Se as pessoas fossem assim tão boas, eu me preocuparia com meu extermínio primeiro. Para se livrarem de mim primeiramente. Mas sou tão bom, tão humano, tão filantropo - que prefiro livrá-las de mais dor.
Por isso falo, do alto de tantos prédios, de tantas anônimas faces, tantas faces. Se livrem de mim. Se livrem. Se livrem. De vocês, de eu tu ele nós vós eles. Façam bem, uns aos outros. Se permitam, viver. Se permitam, fazer tudo. O que vocês fariam se tivessem a plena liberdade de escolher? O que fariam? O que faria se não existisse medo, se não existisse amanhã? Poderíamos mesmo fazer tudo que bem entendêssemos?
Eu só queria saber o que vem em seguida, se tudo acaba mesmo ou se teremos de rever nossa infame vida, em telas, telinhas, telões, diante de outros mortos, fazer o exame, fazer a avaliação. O boletim de ocorrência de uma vida vivida, fracassada, desorientada. Tudo flui, tudo é tempo, todas nossas ações têm consequências. Têm mesmo? Seria eu alguém que não se importaria em mostrar para os outros como sempre estive errado? Como sempre fui aquilo que me disseram que não era?
Quem seria você, se todos pudessem ver o que fazes quando és tu, somente tu, somente você mesmo, aquela pessoa que não se esconde diante das outras pessoas? Que não usa máscara? Quem é você? Saberia dizer aos outros? Seria mesmo o que pensam de você?
Não somos nada, e somos tudo. Todos os motivos, todas as razões.
Nestas horas em que o ônibus se arrasta lentamente pela cidade, me pergunto estas coisas. Qual seria a primeira providência a se tomar quando finalmente a sanidade me abandonar de vez. Adquirir rifles de precisão seria uma ótima, mas me pergunto onde seria possível arrumar tal aparato sem ter de se aborrecer com autoridades, ó inúteis figuras, que permitem o uso de alcóol mas proscrevem o uso de aspirinas. Por quê, mas porquê. Permitem tanta coisa, proíbem tudo. Tudo que é divertido. Tudo engorda ,é imoral, amoral, apático. Irrequieto.
Me pergunto se ao invés de rifles, granadas de mão não seriam mais facilmente adquiridas. A grande vantagem seria a de nem sequer precisar de mirar direito; bastaria arrancar o pino e arremessar a bomba em direção à rua lotada. Todos devem se ver livres, todos desejam se ver livres. E daqui, o que se leva, o que podemos levar? Nem mesmo as dívidas. Nem mesmo as terrenas preocupações, umas tão nobres e sérias, como o resultado do Big Bróder, ou o desfecho do reencontro de Manuela Gerturudes com Fernando Augusto Cury. Se as pessoas fossem assim tão boas, eu me preocuparia com meu extermínio primeiro. Para se livrarem de mim primeiramente. Mas sou tão bom, tão humano, tão filantropo - que prefiro livrá-las de mais dor.
Por isso falo, do alto de tantos prédios, de tantas anônimas faces, tantas faces. Se livrem de mim. Se livrem. Se livrem. De vocês, de eu tu ele nós vós eles. Façam bem, uns aos outros. Se permitam, viver. Se permitam, fazer tudo. O que vocês fariam se tivessem a plena liberdade de escolher? O que fariam? O que faria se não existisse medo, se não existisse amanhã? Poderíamos mesmo fazer tudo que bem entendêssemos?
Eu só queria saber o que vem em seguida, se tudo acaba mesmo ou se teremos de rever nossa infame vida, em telas, telinhas, telões, diante de outros mortos, fazer o exame, fazer a avaliação. O boletim de ocorrência de uma vida vivida, fracassada, desorientada. Tudo flui, tudo é tempo, todas nossas ações têm consequências. Têm mesmo? Seria eu alguém que não se importaria em mostrar para os outros como sempre estive errado? Como sempre fui aquilo que me disseram que não era?
Quem seria você, se todos pudessem ver o que fazes quando és tu, somente tu, somente você mesmo, aquela pessoa que não se esconde diante das outras pessoas? Que não usa máscara? Quem é você? Saberia dizer aos outros? Seria mesmo o que pensam de você?
Não somos nada, e somos tudo. Todos os motivos, todas as razões.