-Queria dançar.
-Estás vivo, não está?
-Sim! Isto quer dizer que devo dançar? Devo aproveitar a vida? Abençoado pela vida, eu devo aproveitar, não é mesmo! Devemos nos esforçar para do dia retirarmos toda sua energia e assim nos resplandecer em--
-Calma, ô empolgado hippie. Quis dizer, se estás vivo, você já dançou.
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-{}?
-()
-!
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-Quando percebemos, já passamos do limite. Tristes tempos, estes.
-Sim de fato. Você viu o final da novela, ontem?
-Sim. Portanto não tenho mais anestésico cerebral. Tristes tempos.
-Calma. Já estão fornecendo mais drogas paralisantes no mesmo horário. A anestesia cerebral não pode parar, ou então o povo começará a pensar.
-Pensar! E quem quer isso??
-Apenas as doudas gentes.
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-Penso, logo existe.
-Logo existo, não é não?
-Não. Eu existo. Tu não existes.
(poof)
-Droga. Agora tenho que conversar sozinho, de novo.
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-Sempre me disseram que eu poderia ser o que quisesse.
-Sempre me disseram isto, também.
-Então, porque és apenas um bule de chá?
-Por que prefiro o chá.
-Fresco.
-Sim, quanto mais fresco, melhor. Quanto melhor a procedência das folhas, mais adequado será o propósito da...
-Porra! Será que nem sendo objeto inanimado fico livre dos hippies e filósofos baratos??
-Cale-se. És um criado mudo, faça valer seu nome uma vez na vida.
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-Café da manhã.
-Senhor, são duas horas da tarde.
-Sim! Logo será de manhã. Logo, tenho direito a cafézes especiais.
-Como será de manhã se agora é tarde?
-Nunca é tarde! Para quem vive a vida!
-Porra, outro hippie.
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-A manhã só virá amanhã senhor. Estão de greve no sindicato de depois de amanhã.
-Nada funciona nesta merda de país.
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-Só tem roceiro nesta merda!
-Que queres? Vives no meio da capital do estado das roças diversas.
-Eu queria não ser roceiro.
-Dançou. Se és mineiro, você já se fudeu desde o nascimento. Serás roceiro por toda uma vida.
-E se eu mudar de país?
-Serás roceiro internacional.
-Mas serei internacional! Tanto glamour!
-Porra! Só tem hippie nessa merda de texto!
-Não denuncies o texto!
-Por que não?!
-Porquê quebrarás a quarta parede!
-O teto? Mas ele é o teto! Não uma parede! E estamos a céu aberto! Não tem teto!
-Tudo depende de sua fé, irmão.
-E ainda me chama de hippie. Caroleiro dos infernos!
-Retire o que disse!
-Nunca! Jamais me apanharão com vida!
-(todas as unidades, dez-nove no setor três-cinco)
-Estamos a caminho, Sargento.
-Ah, ha ha! Jamais me apanharão com vida!
-Poizé. eu disse que você já tinha morrido!
-Faroleiro do caralho.
-Sou nada. Sou capitão.
-Mas estavas falando com o sargento como se fosse seu superior!
-Superior a mim? Só deus.
-E ainda se diz religioso, este sacripanta sacrílego! Queimem ele!
-Não! A gasolina está pela hora da morte!
-Ah, é hora de morrer? Porquê não disse logo? (BANG)
-Porra. Lá vou eu ficar falando sozinho, de novo.
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-Ser vivo é ter a certeza de que um dia se vai morrer.
-Bela certeza esta, não.
-Bela vida, também, tendo-se esta única certeza.
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-Que merda de nada que escrevi hoje, agora, já foi, já passou. Droga de tempo!