E aí
você percebe
que o te faz falta
é ninguém,
mas alguém,
que cá esteve,
que cá foi tolerada
por ser "falsa"
Falsa?
em que sentido
se bem real eras
se emanava calor
da cama, grande cama
agora desfeita,
para sempre,
pois foi deletada,
apagada,
ignorada,
por este ser
que a escreveu
em seus sonhos,
em seu mundo
pequeno mundo
de caos,
pequenos momentos
de capuz, cobertas
e frio
numa temperatura
por nós
bem tolerada,
mas não por ela
ansiava calor,
calor
meu calor, talvez,
mas não podias
dormir abraçada
a nada,
enquanto eu ainda
dormia
abraçado
a seres que cá não
existem,
existem
em minha fantasia
a realidade
não era fantasia
embora fosse,
de certa forma
pois sua forma
esteve
ali,
a ocupar grande
parte da cama,
do caos,
que cá impera,
imperou,
e há de imperar.
cansado estive
a ser
seu troféu,
sua matéria prima
da inveja alheia,
de ter de sair
quando queria ficar.
cansado estive,
quando mo afirmaram
quão falsa era,
falsa? todos, todas vocês.
Todas vocês que
a toleraram
por me fazer sorrir
por me fazer sentir
algo mais
que um simples
noiado
num sótão.
Agora vejo,
a deletei, a excluí,
a fiz desaparecer,
e ainda abraço
o ser que não há
por trás dos
travesseiros,
mas talvez
por trás dos
sonhos,
de meu pardieiro
de sonhos
e fantasia.
Não.
não eras falsa.
não, de fato aconteceu,
acontecemos,
no chão,
Mas ao longe vives,
ao longe "vives",
de fato,
enquanto cá,
no pardieiro,
tento acontecer sem
você.
aconteço, sem você,
mas com todas as
memórias
do
longínquo
dezembro,
início de dezembro,
e já fevereiro,
nos separamos
embora para
mim,
ainda sejamos um,
no chão,
na cama
que rangeu,
atordoou todos,
acordou todos,
falsa.
Falsa?
Não.
mas à distância,
Assim vos tornaste,
nada,
nada.