domingo, 9 de agosto de 2015

Dia dos Pais.

O pai, que eu tive, eu não tive,
às vezes. às vezes,
abandonei meu pai
Sem me dar conta que eu sou meu pai,
me tornei meu pai,
se ele não tivesse se tornado
meu pai.

Desperdicei a vida com drogas,
com ócio,
com vadiagem
e presimidamente viadagens
defronte
situações que
deveria ter sido como ele:
um pai.

Sim, ele falhou, ele fez merda,
ele nos abandonou,
de certa forma,
mas é meu pai,
é meu pai e
sou seu filho,

cada vez mais e mais
retrato dele sem ser ele,
cada vez mais, absorto em
coisas que deveria estar
fazendo
se fosse como ele.

Se fosse pai.

Não sou pai.
Não serei pai.
Nunca serei pai.

Nunca terei o que ele tinha,
na minha atual idade,
nunca conseguirei realizar
o que ele realizou muito antes de mim.

Sim, tive rancor de meu pai,
tive vergonha de ser seu filho
Mas sou.
Seu filho.
Que lhe deu muito mais vergonha
e muito mais motivo para rancores
contra mim que eu contra ele.

Meu pai....perdoai,
perdoai.


Teu filho inútil
que por preguiça,
por ser idiota,
nunca será,
nunca terá
o que você
em minha idade
construiu.

Sim, grande parte ruiu
por sua culpa?
Só por sua culpa?
Por muito tempo achei que sim,
cada ano que passa, vejo que não.

Pai, perdoai,
Teu filho inútil,
que queimou tanto
dinheiro em droga,
em coisas inúteis e vãs.

que se acovardou,
se recolheu, se escondeu,
perdeu todos amigos,
perdeu quase tudo.

quase se matou
quando sentiu,
pela primeira vez
a dor de uma rejeição,

voce não.

nós te rejeitamos,
te enjeitamos,
você se foi.

Ficamos.

Sem pai.
Pai, perdoai.